quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Minha Experiência com o Conceito de Família

Dom Felismar Manoel
Frater da Ordem dos Irmãos Salomonitas
Fisioterapeuta Clinico com Aprofundamento em Saúde da Família.



Nasci em uma região de nativos de origem PURY, sendo eu mesmo um descendente de terceira geração, onde o conceito de família é muito ampliado, pois no meio indígena o conceito de família é parental e a ela pode se incorporar novos elementos pelo princípio do cunhadismo.

Sou bisneto de Indira Pury com Tongo Mina, portanto uma india autêntica com um africano genuíno, escravo em terras de Brasil. Minha avó Maria Graciana, filha desse casal, contraiu casamento com um português, Juaquim Soares de Souza Lima, e uma de suas filhas, Maria Soares casou com um descendente italiano, Felicio Manoel Julinho, que foram os meus pais.

Sou filho de uma família já no conceito ampliado, pois meu pai era viúvo com cinco filhos e minha mãe também viúva com quatro filhos; do casamento dos dois viúvos nasceram mais seis filhos, sendo eu o penúltimo a nascer e tendo por adoção na forma de agregação mais quatro irmãos. Nossa família era muito bem querida na região e nós, apesar de dezenove irmãos, nos considerávamos verdadeira família, junto aos nossos pais e avós. Nesse ambiente formei meu conceito de família, de modo pacífico, sem nenhuma contestação.

Muito cedo me envolvi nos trabalhos missionários e fui acolhido entre os Franciscanos, na Ordem dos Frades Menores, onde aprendi a cultivar também um outro conceito de família idealista, a “Família Franciscana”, me transferindo mais tarde para a “Família Salomonita”, em virtude de seus elos mais abertos à alteridade cristã, onde milito desde 1959.

No Seminário, no meu curso de filosofia, minha área de concentração foi em comportamento humano, o que me levou a aprofundar nos estudos de antropologia e psicologia, e no curso de teologia, meu aprofundamento se deu em teologia fundamental e pastoral, me levando a estudar no meu doutorado, o pensamento dos que se colocavam contrários ao pensamento cristão, fazendo o strictu senso em filosofia da religião.

No campo teórico, foi tudo tranquilo, mas as coisas mudaram quando fui para o campo do testemunho missionário da convivência com as realidades sofridas das massas, pois fui trabalhar com missões urbanas, enfrentando as duras realidades dos povos de ruas e das periferias dos centros urbanos, fui conviver com eles, estreando-me vez por outra como um deles. É claro que, como antropólogo, o conceito de família nuclear, o pai, a mãe e os filhos, estava presente na minha consciência, mas só ele, não dava conta de acolher os numerosos casos de testemunho familiar que eu encontrava.

Tive a oportunidade de ajudar na gestão de um Lar de Menores em São Mateus, São João de Meriti, Rio de Janeiro, onde se recebia crianças abandonadas, que às vezes, não se sabia, quem eram seus progenitores e que se tornavam filhos e filhas daquele lar fraternal; ali cresciam, se formavam, aprendiam a enfrentar a vida e ali era realmente o lar da sua família.

Junto aos muitos párias nas cidades grandes, tive a oportunidade de conviver com os lares para moças e rapazes, onde geralmente esses irmãos e irmãs encontravam verdadeiras famílias para conviver, e por trás de seus anonimatos, dos seus lares de origem, se escondiam verdadeiras histórias de sofrimentos, incompreensões, ausência de ternura e aconchego.

Nas ruas dos grandes centros urbanos e também nas periferias, encontrei inúmeras famílias de sadia convivência, muitas das vezes ou uma família do pai e seus filhos, ou da mãe e seus filhos, como também encontrei famílias homoafaetivas, masculinas e femininas, cuja convivência em apoio social, afetivo, econômico, eram com certeza, de clima muito saudável para os envolvidos e para as comunidades do entorno.

Foi quando resolvi me tornar terapeuta, buscando um outro instrumento que eu pudesse usar no trato com todos, tanto para o empoderamento de um conviver saudável, como para ajudar a sarar as “feridas” que uma vida mal compreendida pode gerar. Fiz um aprofundamento psicanálise clínica e em fisioterapia em saúde da família, e percebi uma grande ampliação no conceito de família que precisamos ter, no trato com a população.

A Constituição de 1988 consagrou espaço definitório e de acolhimento a novas formas de famílias, e hoje, nós terapeutas, pastores, ministros diversos ao prestar nossa assistência a população, não temos como fazer, se nos afastarmos do espírito de compreensão dos organismos internacionais e nacionais, quando compreendem família no seu conceito ampliado, para as políticas de saúde das populações, entendendo saúde como o completo bem estar emocional, físico, mental, social e espiritual. 

As redes de missionários do bem, de pregadores, de ministros das religiões, muito podem contribuir para esse novo olhar que o mundo oferece para o conceito de família, a partir da união estável. É sempre bom lembrar, que a lei me permite que eu forme a minha família do meu modo especial, do meu jeito singular, mas que existem outras pessoas com outras singularidades, e também elas, são pessoas, com o mesmo grau de direito à cidadania que eu, podendo formar suas famílias de outros modos, sob o amparo das leis.

O ideal religioso cristão de uma família nuclear, formada pelo pai, pela mãe e por seus filhos, continua e continuará sendo o sonho desejado da maioria do povo de Deus que caminha, mas alguns deles poderão não ter as habilidades que os capacitem para essa competência, abrindo para eles então horizontes de um outro modelo de vida também digna, onde em sadia consciência eles poderão vivenciar um outro modelo de família, construindo ai o seu bem estar pessoal, afetivo e social, e colaborando para uma sociedade mais fraterna e solidária. Eu consigo de coração aberto, acolher com simpatia outros modelos de famílias no ambiente social, como já o faço nos espaços terapêuticos de saúde da família, no SUS ou fora dele.

Duque de Caxias, RJ, 04/01/2017

domingo, 1 de janeiro de 2017

A Árvore da Vida Eterna

Dom Felismar Manoel
Bispo Primaz


A Igreja Cristã é a Árvore da Vida Eterna, pois Jesus Cristo é o seu Tronco, os Apóstolos são seus galhos e Nós somos seus ramos, folhas e frutos.
É Jesus Cristo que nos doa a Seiva da Graça que nos mantém na Vida Eterna, desde aqui e agora. É através dos Apóstolos que recebemos o Conhecimento do Evangelho Salvador de Jesus Cristo, os Dons Eclesiais e os Sacramentos Sagrados, mediante a Sucessão Apostólica Histórica presente no Planeta Terra pelo Ministério dos Bispos, Pastores, Presbíteros, Diáconos, Ministros do Templo, Crentes Fiéis e todo o Povo de Deus enfim.

Por Jesus Cristo Deus Pai nos recebe como Filhos, e por Amor ao seu Cristo e a Nós, nos Vivifica mediante o seu Santo Espírito, enquanto estivermos ligados ao Tronco da Árvore da Vida que é Jesus Cristo.

Temos o Livre Arbítrio para manter fidelidade à Palavra de Deus revelada por Jesus Cristo, através de nossas condutas e exemplos de vida, ou para nos afastar dela e seguir o mundo com suas fantasias, ceder às paixões da carne com suas cobiças, ou atender aos apelos dos falsos profetas, falsos cristos, espíritos embusteiros, levianos, ou seguidores de satanás.

Os que se mantiverem ligados ao Divino Tronco que é Jesus Cristo, terão a participação na Vida Eterna desde aqui e agora, já os que se distanciarem de Jesus Cristo, por falta de fidelidade aos seus ensinamentos, não terão a Vida da Graça, mas estarão apartados de Jesus Cristo, mesmo que frequentem a Igreja, e portanto, não farão parte do Povo de Deus que caminha para a Pátria Celestial, a Divina Jerusalém.

A Árvore da Vida Eterna, a Igreja de Jesus Cristo, purifica o ar ao seu redor tornando-o saudável, fornece sombra e conforto a todas as criaturas de Deus, ela alegra o seu ambiente com as suas flores e alimenta com seus frutos os seres de boa vontade. Nela existe santidade, paz, acolhimento, fraternidade, proteção e abrigo para todo o Povo de Deus.

Vamos traçar aqui um esquema dessa Árvore, seu Tronco, seus galhos, seus ramos, folhas, flores e frutos:

1 - O Tronco Divino é Jesus Cristo;
2 - Do Tronco Divino, Jesus Cristo, brotam Doze Galhos que são os Apóstolos que organizaram as Primeiras Igrejas (Igrejas Mães), dos quais derivam a Sucessão Apostólica Ministerial;
3 - Dos Doze Galhos, os Apóstolos de Jesus Cristo, surgem os múltiplos ramos, que são as Igrejas Locais, sustentando as folhas, as flores e os frutos, que somos nós os Eclesianos, Crentes Fiéis, enquanto Sal da Terra e Luz do Mundo, formando o Povo de Deus que caminha.

Assim temos:
*** Jesus Cristo, o Tronco Divino e Chefe da Igreja;
*** Patriarcados de Origem Apostólica (ainda existem cinco), dos quais derivam Igrejas Locais para várias partes do Planeta Terra;
*** Múltiplas Igrejas Locais (usando nomes diversos), testemunhando a Jesus Cristo e a sua Salvação mantenedora da Vida Eterna, espalhadas por várias regiões do Planeta Terra. São as seguintes:

I - Igreja Patriarcal de Constantinopla - Trabalho apostólico iniciado pelo Apóstolo André - Este Patriarcado tem liderança ecumênica com comunhão eclesial junto aos cristãos católicos apostólicos ortodoxos de todo o mundo, mantendo sua linhagem de Sucessão Apostólica até os dias atuais, com várias Igreja Locais em diferentes partes do mundo;

II - Igreja Patriarcal de Alexandria - Trabalho apostólico iniciado por Marcos - Este Patriarcado utiliza também o Título de Papa para seu titular, são católicos apostólicos ortodoxos , mantendo sua linhagem de Sucessão Apostólica até os nossos dias, com Igreja Locais espalhadas por várias regiões do planeta terra;

III - Igreja Patriarcal de Antioquia - Trabalho apostólico iniciado por Barnabé e Paulo, O Apóstolo Pedro foi seu Bispo, do ano 45 ao ano 53, indo depois para Roma. Este Patriarcado passou por várias situações de instabilidade política e também algumas heresias, o que motivou o surgimento de alguns Patriarcados próprios, como o do Nestorianismo, Monofisismo, Monotelismo, Maronita, Caneasiana.

Os Cruzados (católicos romanos) em 29/06/1098, invadiram Antioquia, depuseram o Patriarca Ortodoxo e impuseram um Patriarca Latino durante cem anos, até 1268, quando os árabes conquistaram a Antioquia e houve o retorno do Patriarca Ortodoxo, fugindo então os Patriarcas Latinos para Roma, mas mantendo seus títulos.

Este Patriarcado pertence também ao catolicismo apostólico ortodoxo e mantém sua linhagem de Sucessão Apostólica até os dias de hoje, estando presente com Igrejas Locais em múltiplas regiões do mundo moderno;

IV - Igreja Patriarcal de Jerusalém - Trabalho apostólico sob a direção de Tiago (Jacob) - A Igreja de Jerusalém constituía uma pequena diocese sujeita ao bispo de Cesareia, do Patriarcado de Antioquia, até o ano 45. Sua autonomia aconteceu no ano 451, quando o IV Concílio Ecumênico lhe outorgou a independência total com o título de Patriarca ao seu Arcebispo Juvinélio.

Este Patriarcado também pertence ao sistema católico apostólico ortodoxo, mantendo sua linhagem de Sucessão Apostólica até nossos dias, estando presente com Igrejas Locais em várias regiões da terra;

V - Igreja Patriarcal de Roma - Trabalho discipular iniciado pelos cristãos dispersos que foi pastoreado por Paulo e também por Pedro, segundo a tradição, a partir do ano 53. Esta Igreja sofreu muita perseguição por parte dos Imperadores de Roma, tendo muitos cristãos sendo martirizados aí em favor da fé.

Durante as perseguições esta Igreja viveu nas catacumbas de Roma, um período de forte poder espiritual, deixando se influenciar depois, pela política dos Imperadores, após a decretação da paz. Esta Igreja separou-se da comunhão com os católicos apostólicos ortodoxos em 1054, com claras ideias de hegemonia sobre o mundo cristão.

Ao longo da história esta Igreja transformou-se em um Estado Político (Vaticano), sendo o seu Patriarca (Papa) o Governante deste Estado, mantendo Embaixadores (Núncios) em diferentes países, e na sua política de hegemonia sobre o mundo cristão, adotou o perfil de uma Empresa Multinacional, mantendo seus representantes (Cardeais) nas várias regiões onde atua.

Houve uma época em que patrocinou muitas atividades diabólicas em nome de Deus, como as Cruzadas, o Silabus, a Inquisição, o Ultramontanismo, desviando-se claramente do espírito do Evangelho do Cristo.

Continua com pretensões de ser a única Igreja verdadeira, embora alimentando claras posições anti evangélicas ainda nos dias de hoje, como a proibição de casamento para os padres e madres, a afirmação de que o papa é o substituto <vigário> de Cristo na terra, a afirmação de que o papa nunca erra em questões religiosas, o incentivo e cultivo do culto das imagens <proibida nos mandamentos da Lei de Deus, conforme a bíblia>, a alimentação e cultivo das doutrinas de espíritos que se manifestam para os videntes como se fossem a mãe de Jesus, com ideias contrárias às orientações do Evangelho de Jesus.

Houve época em que usava como símbolo uma Tiara com Tríplice Coroas, como Imperador Mundial, sobre a Igreja, sobre os Povos e sobre os Governantes (ultramontanismo).

Esta Igreja mantém uma Sucessão Apostólica Histórica genuína, mas com manchas em sua legitimidade, pois houve época em que houve três Papas ao mesmo tempo, um em Avinhão, na França, e dois na Itália, todos se afirmavam verdadeiros e se excomungavam mutuamente.

Apesar disto, como Deus escreve certo em linhas tortas, esta Igreja Patriarcal é responsável pela expansão da pregação do Evangelho de Cristo no Ocidente, dela derivando diversos ramos de Igrejas Locais com fiel testemunho cristão, como as Igrejas de Confissão Luterana e as diferentes Igrejas Evangélicas atuais, as Igrejas Católicas Apostólicas Livres em diferentes países, como nas Filipinas, na França, na Inglaterra, na Holanda, em Portugal e no Brasil com a Igreja Católica Apostólica Livre no Brasil, a Igreja Católica Apostólica Brasileira, a Ordem de Santo André, a Igreja Católica Apostólica Independente no Brasil e a nossa tão querida Igreja Católica Apostólica Independente de Tradição Salomoniana.

Nós somos os ramos que devemos estar unidos ao Tronco Jesus Cristo, pois somente Ele é capaz de nos fornecer a Seiva da Graça, para o desempenho de nossas tarefas como folhas, flores e frutos. É preciso que lembremos sempre ser do Tronco que nos vem a Graça, o Poder, a Salvação, a doutrina.

Apenas derivar da linhagem dos galhos históricos não é suficiente, nem confirma a autenticidade da Igreja de Cristo. Procuremos ser a Igreja de Cristo! Convertamo-nos a Ele a cada dia de nossas vidas! Saiamos dos erros históricos e cultivemos a Boa Nova de Salvação, conforme contextualizada no Evangelho de Jesus Cristo.

Que Deus nos abençôe a todos!
Dom Felismar Manoel
Catolicismo Apostólico Salomonita
Visite o site: www.icai-ts.org.br
www.alforriacrista.blogspot.com