terça-feira, 11 de agosto de 2015

Catolicismo – O Que É Isso?



Bispo Felismar Manoel
Primaz do Catolicismo Salomonita



Muitas pessoas se dizem adeptas ou seguidoras do catolicismo, mas ao conversar com elas, percebe-se não terem clareza do que significa realmente o catolicismo, nem conhecerem sua trajetória básica. Geralmente são pessoas piedosas, mas que ignoram o que seja realmente, o  próprio segmento cristão, do qual se dizem seguidoras; salvo naturalmente  a algumas exceções.

A palavra  “catolicismo”  deriva  da língua grega  “katholikos”, sendo um termo de uso na filosofia, querendo significar “geral”, “universal”, para todos,  em oposição à ideia de “particular”, “exclusivo”, afirmando portanto, a ideia do que se aplica a todos as pessoas. No caso, o termo “catolicismo”, quer dizer  um segmento da Igreja de Cristo, portanto, um sistema salvacional cristão que oferece a salvação a todas as categorias de indivíduos humanos. Logo, o catolicismo não pode ser um movimento excludente, deve ser inclusivo, possibilitando a salvação cristã a todas as categorias de seres humanos.

Os fundamentos dos ensinamentos cristãos se encontram nos evangelhos canônicos, conforme se encontram nas quatro versões que compõem o Novo Testamento; as cartas dos apóstolos que também  fazem parte do Novo Testamento, alimentam a Tradição Apostólica genuína, que deve ser seguida quando não se opõe aos  ensinamentos dos Evangelhos; o mesmo se diga do chamado Magistério dos Bispos, Patriarcas e Papas, só devem ser acatados quando não se opõem aos Evangelhos de Jesus Cristo e à Tradição Apostólica genuína. Logo a Igreja Cristã em sua legitimidade deverá ser sempre cristocêntrica; a única suditagem admitida como legítima na Igreja, é a Jesus Cristo, a quem se deve confessar Filho de Deus, Único Senhor e Salvador. O Único Chefe da Igreja é Jesus Cristo, sendo todos os demais Clérigos de qualquer grau, apenas Comissários de Jesus Cristo para o desempenho das funções eclesiais e o serviço da comunidade.

A organização da Igreja Cristã se deu por iniciativa dos doze apóstolos e outros discípulos, movidos pelo direcionamento do Espírito Santo de Deus no dia de Pentecostes, derramados sobre eles no décimo dia após a Ascensão de Jesus Ressuscitado aos céus. As Constituições organizativas da Igreja (seus Estatutos constitutivos) foram orientadas pelo senso apostólico, sendo por isso a Igreja denominada Cristã Apostólica. Como a natureza da salvação oferecida por Jesus Cristo é católica, ampla, oferecida para todas as pessoas, a Igreja de Cristo foi chamada Católica Apostólica nos primórdios de sua organização.

Nos primeiros tempos propriamente apostólicos, os crentes fiéis se reuniam nas Sinagogas dos judeus, sendo bem cedo expulsos das Sinagogas, passando a realizar seus cultos nas casas dos irmãos, como na casa de Maria de  Cléofas,  por exemplo. Suas primeiras comunidades se deram em Jerusalém naturalmente, se expandindo para outras regiões, pelas pregações dos apóstolos e demais discípulos de Cristo, ainda existindo comunidades de origem organizacional nas pessoas dos apóstolos, que mantém continuidade histórica até os nossos dias.

Nos primeiros tempos pós apostólicos, cinco líderes das sedes principais, unidos em consenso formavam uma Pentarquia Governativa na Igreja Católica Apostólica, gozando de prestígio e respeito dos povos, sendo reconhecidos como Patriarca de Roma, Patriarca de Constantinopla, Patriarca de Alexandria, Patriarca de Antioquia e Patriarca de Jerusalém. Essas cinco lideranças, seguiam os direcionamentos das Constituições Apostólicas e buscavam consenso para as questões gerais da Igreja Cristã, através dos Concílios Ecumênicos, durando esta conduta até o século III.

A partir do século IV, mais ou menos, o Patriarca de Roma sobressaiu-se sobre os outros quatro Patriarcas, se impondo com pretensões de hegemonia monárquica sobre todos, e, a partir daí, caminhou na substituição dos princípios das Constituições Apostólicas, em favor dos princípios da Constituição Imperial de Roma, subvertendo o conceito  definidor de Igreja, considerando-a como  “sociedade perfeita” , com isto equiparando-se a Sede do Patriarcado de Roma como um Império Monárquico, com hegemonia sobre todas as Igrejas do mundo, situação bem diversa do trabalho do apóstolo Pedro, tido como titular da Sede de Roma. Para consolidar essa noção de Igreja-Estado,  primeiro com os Estados Pontifícios e depois com o Estado do Vaticano, caminhou-se para a construção de  “ideologias”, “magistérios”, “dogmas”, e estratégias afins, consolidadoras da hegemonia. Nada demais se tal Estado Pontifício não tivesse a pretensão de ser a própria  Igreja Cristã.  Assim, a Igreja de Roma se desenvolveu com forte perfil de política de hegemonia no Ocidente, lançando mãos de instrumentos contra-cristãos, como  as Cruzadas, a “Santa Inquisição”, o “Ultra Montanismo”,  o “Sillabus”, entre outros, decaindo muito o seu nível de práticas das virtudes cristãs, gerando no seio das comunidades, grande desejo de reformas na Igreja, sendo essa uma das intenções de Francisco de Assis com  sua Fraternidade dos Irmãos Menores.

Esse desejo de que a Igreja Cristã do Ocidente retornasse às suas bases evangélicas cristã-apostólicas e neo-testamentárias, levou ao surgimento de vários reformadores dentro da própria Igreja, consolidando-se de fato, a partir da Reforma Luterana. Assim, o catolicismo  ocidental, continua sendo um sistema  salvacional cristão, que oferece salvação para todas as categorias de seres humanos, existindo em várias partes do mundo diversas denominações católicas componentes da Igreja Cristã. Seguem alguns deles:
O Catolicismo Ortodoxo (o mais antigo, atualmente uma Tetrarquia Apostólica consensual), o Catolicismo Romano (com pretensões de hegemonia a partir do IV século), o Catolicismo Reformado (após a Reforma Luterana), o Catolicismo Evangélico (várias comunidades no mundo), o Catolicismo Anglicano (várias comunidades em comunhão), o Catolicismo Melquita, o Catolicismo Maronita, o Vétero-Catolicismo Holandês, o Catolicismo Salomonita (Catolicismo Livre, Ordem de Santo André, Catolicismo Independente e Catolicismo Apostólico Salomonita), o Catolicismo Brasileiro (a partir do Bispo de Maura), o Catolicismo Luzitano, o Catolicismo Galicano, o Catolicismo Liberal, o Catolicismo Carismático e outros Movimentos Católicos dos tempos atuais.

O conceito proclamado de Igreja, no consenso cristão-apostólico é ser,   ---  uma “comunidade do povo de Deus que se reúne em nome de Jesus Cristo e que  busca  o  consenso para adorar a Deus, para orar, para ministrar a palavra de Deus, para participar dos sacramentos e para implantar o reino de Deus na terra, sempre em união  os crentes fiéis,  os  pastores e outros ministros”  --- . Portanto, a Igreja não é uma “sociedade perfeita” e sim uma “comunidade de crentes-fiéis a Jesus Cristo, como Filho de Deus”.

Assim, espero e desejo que, quem for simpatizante, adepto, ou praticante  de qualquer uma dessas tradições católicas, se instruam para conhecer as verdades históricas que envolvem  qualquer tradição católica. Devemos refletir sobre os erros que nossas tradições históricas já cometeram no passado, pedir perdão pelos pecados que cometemos, enquanto enquanto indivíduos e enquanto instituições, fazer reparações quando possíveis e propósitos de acerto na nossa caminhada daqui para frente, nos orientando pelos ensinamentos seguros do Evangelho de Jesus Cristo, aliás, único livro que contém historicamente o que Jesus Cristo ensinou, sendo por isso, o parâmetro para se certificar se uma doutrina e prática é de fato cristã. Que Deus nos abençoe a todos.
Dom Felismar Manoel
Bispo Primaz do Catolicismo Salomonita
Comemoração da Transfiguração do Senhor
Dia das Vestes Litúrgicas
Em 06/08/2015

Fisioterapia na Saúde Mental Apostila para Estudos



Prof. Dr. Felismar Manoel,
Fisioterapeuta com  Mestrado em Motricidade Humana,
formação  em  Psicomotricidade  Sistêmica
 e  Psicanálise Clínica (1)

2ª Revisão – Julho de 2015



1.0 - Palavras  Iniciais

A Resolução COFFITO 80,  do Egrégio Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional,  traz ricos fundamentos para nossa reflexão:

a) considera a fisioterapia como ciência aplicada, que tem como objeto de estudos o movimento humano em todas as suas formas de expressão e potencialidades, tanto nas alterações patológicas, quanto nas suas repercussões psíquicas e orgânicas, tendo como objetivos preservar,  manter,  desenvolver ou restaurar a integridade de órgãos, sistemas ou funções;

b) preconiza o processo terapêutico em fisioterapia lançando  mão de conhecimentos e recursos próprios, com os quais, e baseado nas condições psíquicas, físicas e sociais, buscar a promoção, aperfeiçoamento ou adaptação do individuo a uma melhor qualidade de vida, através da relação terapêutica.

Nesta apostila vamos refletir sobre a prática da Fisioterapia na  Saúde Mental. Para discorrer sobre saúde mental é preciso entender um pouco sobre "mente" e sobre o "aparelho psíquico", estando ciente que para a formação da mente e do aparelho psíquico,  é necessário a existência do cérebro orgânico.

1.1 - A Elaboração do Sistema Neural

O Cérebro Humano é o resultado de um longo processo de elaboração do sistema neural dos animais durante a filogênese dos vertebrados.  Os animais que pertencem ao filo dos vertebrados (ou cordados), como afirma Vitor da Fonseca (2010), possuem um sistema neurológico complexo, formado ao longo da evolução criativa, e este composto por três blocos básicos:
a) o arquicórtex com o seu sistema reticular (mesencéfalo, tronco e bulbo), responsável pelas funções vitais básicas;
b) o paleocórtex (o diencéfalo - sistema límbico), responsável principalmente pela vida afetiva, social e relacional;
c) e o neocórtex com seu sistema  agregado conexionista, responsável pelas funções  mentais superiores.

O sistema neurológico é construído anatomicamente, sendo portanto orgânico, físico, sabendo-se onde ele se localiza no corpo dos humanos, já que aqui vamos estudar sobre a mente e o aparelho psíquico humano, deixando de lado os outros animais.

1.2 - A Mente e o Aparelho Psíquico

A Mente e o Aparelho Psíquico não encontram um lugar de suas respectivas localizações no cérebro, embora os dois necessitem do cérebro para serem formados; portanto, o cérebro orgânico é o substrato que oferece as bases para a existência da mente e do aparelho psíquico.
Segundo os pesquisadores Luria e Vygostiky (1992 e 2007), a mente e o aparelho psíquico para serem formados dependem do cérebro orgânico, sendo enormemente dependentes da história de vida do indivíduo e de seus potenciais biológicos, estando portanto, recebendo as modulações dos fatores socioculturais e ambientais também.
Podemos então apontar os quatro conjunto de fatores  que contribuem para a formação da mente e do aparelho psíquico:
  a) - Potenciais biológicos (principalmente genéticos e bioquímicos)`;
  b) - fatores sociais e culturais;
  c) - fatores ambientais;
  d) - história de vida do indivíduo.

1.3 - O Conceito de Mente Encarnada

Sabe-se que estes quatro fatores acima referidos interagem mutuamente durante o desenvolvimento da criança, contribuindo para formar a mente e o aparelho psíquico do indivíduo; isto ocorre em consequência de várias conexões entre os neurônios, sendo essas conexões denominadas sinapses.

Admite-se que existam cerca de cem bilhões de neurônios cerebrais, estruturados no cérebro orgânico; quando um grupo de neurônios é envolvido na produção de qualquer comportamento humano, esse conjunto forma uma unidade de padrão comportamental denominada de engrama, ocorrendo alterações físicas no sítio cerebral onde  esses neurônios estão localizados, por uma melhora da irrigação sanguínea, ficando tal área cerebral mais dúctil, facilitando a ocorrência das sinapses com maior rapidez,  nesse caso,  sendo denominado esse padrão comportamental de "mente encarnada".  Assim, mente e psiquismo não se encontram em um local  determinado do cérebro orgânico, mas é resultado dessa maravilhosa sinfonia que  envolve  integralmente todo o cérebro, oferecendo condições para possibilitar os diversos comportamentos dos indivíduos humanos.

2.0 – A  Importância da Infância


Sabe-se que as fases do desenvolvimento infantil são muito importantes para a formação da mente e do aparelho psíquico dos indivíduos, envolvendo os fatores presentes desde a concepção, passando pela infância, adolescência, vida adulta  maturidade e velhice. A principal função do sistema neural é adaptar o individuo ao seu meio, através de trocas de informações entre estímulos aferentes, processamento das informações e respostas eferentes para o corpo.

2.1 – A Saúde Materno-Infantil


A fisioterapia clínica atua na promoção e proteção da saúde materno infantil, com a observância de cuidados pré natal e o tratamento de intercorrências que possam surgir contra a saúde materno infantil,  fazendo parte das preocupações para uma saúde mental e psíquica exitosa. Durante essa fase,  a prática fisioterapêutica dispõe de protocolos de cinesioprofilaxia pré natal e pós natal envolvendo a mãe, bem como protocolos de vigilância do desenvolvimento integral da criança, com forte ênfase na fisioterapia psicomotora (ou psicocinética), que se preocupa com a saúde integral, o bem estar e qualidade de vida do indivíduo durante toda a vida.


2.2 - Temperamento, Personalidade e Caráter

A Fisioterapia na Saúde Mental não pode ignorar os elementos de Psicologia Corporal,  sobre temperamento, personalidade e caráter, pois são atributos da pessoa que interferem nas manifestações da saúde mental e tem correlações nas terapias mediadas pelo corpo.
Tomo aqui um texto de VOLPI (2004), onde ele  afirma que  “o  conceito de temperamento refere-se a um sistema constitucional sustentado nas diferentes  compleições do  organismo  e  em  sua  estrutura  física”.

Essa tipologia representa uma abordagem ao estudo da relação entre as características físicas e as psicológicas. Temperamento  é uma disposição  inata e particular de cada pessoa, que reage aos  estímulos ambientais, como maneira  interna de ser e agir de uma pessoa, dependente do seu perfil genético;  pode-se dizer que é o  aspecto somático da personalidade.

Temperamento aqui é entendido como o biótipo do individuo, levando em consideração os três folhetos embrionários predominantes na sua estrutura somática.  Sabe-se que na fase embrionária ocorre a organogênese, ou seja, a formação do organismo do ser humano.

Durante a organogênese, ocorrem divisões e especializações celulares. Os três processos embrionários dão origem a órgãos e estruturas do corpo do embrião, além dos anexos embrionários. Nessa perspectiva, é válido afirmar que:

a) O  ectoderme  dá origem a epiderme e seus anexos, os pêlos, as unhas,e outros;  as mucosas corporais (oral, anal e nasal), o esmalte dos dentes, o sistema nervoso (através do tubo neural),nos olhos (retina, cristalino e a córnea),  a hipófise, entre outros;
b) O mesoderme, por sua vez, é dividido  em  epímero, mesômero e hipômero. O epímero forma o esqueleto axial, a derme (tecido conjuntivo) e o tecido muscular. O mesômero, rins, gônadas e ureteres. Por fim, o hipômero, que origina os músculos lisos e cardíacos, além de três serosas: pleura (reveste externamente o pulmão), o pericárdio (revestimento cardíaco) e peritônio (abdomem).
c) Do  endoderme  surgem os alvéolos pulmonares e as seguintes glândulas: fígado, tireóide, paratireóide; também é a básica formação do revestimento interno dos tratos digestório e respiratório.

Existem vários outros modelos de classificação de biótipos, não sendo nosso interesse estuda-los aqui nesta apostila.

O temperamento não é aprendido, nem pode ser educado, podendo ser transmitido de pais para filhos, ser abrandado pelo caráter, em um movimento do próprio individuo no desejo de se modificar, e ainda nesses casos, podendo ser ajudado pelos terapeutas.

A psicanálise de S. Freud afirma  que os processos do inconsciente influenciam o comportamento das pessoas, podendo manifestar-se na sua personalidade.  Segundo Ballone (2003), a personalidade é a organização dinâmica dos traços no interior do eu, formados  dos genes que  herdamos, das nossa vivências singulares, das nossas percepções do mundo, tornando cada indivíduo único em sua maneira de ser e de desempenhar o seu papel social.

Admite-se que três  fatores básicos  influem na formação da personalidade:

 a) Fatores Hereditários - estão determinados desde a concepção do bebê, como estatura, cor dos olhos, da pele, temperamento, reflexos musculares e vários outros. É aquilo que o bebê recebe de herança genética de seus pais;

b) Fatores Socioculturais  - exercem uma grande influência dizendo respeito à cultura, costumes familiares, grupos sociais, escola, responsabilidade, moral, ética, e outros, principalmente durante o processo de endoculturação, na internalização das noções de valores;

c) Fatores Ambientais – certos costumes e práticas  relacionadas com os ambientes, vivenciadas pela criança, irão lhe dar suporte e contribuir para a formação de seu caráter e manifestar na personalidade, principalmente através das pessoas significativas para as crianças, durante o processo de socialização primária.

2.3 - Diferenças entre Temperamento e Personalidade

Segundo Volpi (2002), baseado em Strelau e Angleitner, apresenta cinco características diferenciais entre  temperamento e personalidade:

I - O temperamento é determinação biológica e a personalidade é um produto do ambiente social.  
II - Percebe-se temperamento desde cedo, já na infância,  enquanto a personalidade se molda durante os períodos do desenvolvimento infantil.
III - Diferenças individuais de temperamento  como ansiedade, extroversão-introversão, são observados também em animais,  enquanto que personalidade é a prerrogativa de seres humanos.  
IV - Temperamento tem relação com  estilo, enquanto personalidade contém aspectos do comportamento.
V -  Diferente do temperamento, a personalidade tem  função  integrativa do comportamento humano.

Pode-se definir personalidade como o conjunto de elementos   herdados durante a gestação e de elementos adquiridos do meio  ambiente e dos aspectos socioculturais, durante o desenvolvimento, formando o mundo interno psíquico de uma pessoa.

2.4 -  O Caráter

Para W. Reich (1995), caráter é... o  conjunto de reações e hábitos  comportamentais, que adquiridos ao longo da vida  orientam o modo individual de cada pessoa, sendo composto das sua atitudes frequentes, seu padrão de respostas para as situações, incluindo  as atitudes e valores conscientes, o estilo de comportamento (timidez, agressividade e outros) e as atitudes físicas (postura, hábitos de manutenção e movimentação do corpo).

Desde a fecundação, as informações genéticas do pai e da mãe passam ao bebê, constituindo o seu temperamento. Durante a gestação, o bebê recebe os estímulos  do meio; percebe e participa das alterações sofridas pela mãe durante a gestação, vai incorporando esses estímulos, organizando-os em seu mundo interno e assim construindo sua personalidade. Os enfrentamentos que a criança tiver durante o seu desenvolvimento, determinarão sua forma de agir e reagir na vida, constituindo o seu caráter, como a expressão de seu mundo interno.

Segundo Volpi e Volpi (2002), existe  uma relação de reciprocidade entre o desenvolvimento emocional, a formação do caráter e a Energia Vital  (Orgonomia). O ser humano é a expressão de uma energia chamada Energia Vital (Qi, Orgone, Prana),  que se forma no individuo desde a concepção, em pulsos constantes, somando-se a outras energias da nutrição, do cosmos  e  da terra.

Nas etapas do desenvolvimento emocional, se incorpora à memória celular do individuo,  as experiências vivenciadas por ele em tal fase, sendo que o somatório dessas etapas formarão o caráter, com suas atitudes e formas de reagir às situações impostas pelo mundo
Os acontecimentos durante essas etapas, principalmente  da primeira infância - sem condições de defesas, como estresses, privações e frustrações desnecessárias -  causam ao caráter marcas e bloqueios, - fixando a energia na fase do desenvolvimento em que tal evento traumático ocorreu.

3.0 – Desenvolvimento  da  Consciência  e  das  Emoções

Durante o desenvolvimento infantil   estão ocorrendo,  tanto o desenvolvimento emocional quanto a formação da consciência, quer  no nível da consciência  inconsciente, quer no nível da consciência consciente.
Fundamentando-se na psicologia corporal reichiana, são as seguintes as etapas do desenvolvimento emocional:

1ª Etapa Emocional  – Sustentação –                                                                                                    Da fecundação e até o nascimento.

O útero é o  primeiro ambiente da criança, deve ser acolhedor, alimentando e dando sustentação ao bebê, fisiológica, emocional e energeticamente. O feto reage a estímulos sensoriais  sentindo o  que sua mãe sente. Assim,  estresse, angústia, sentimento negativo da mãe, uso de drogas, álcool,  altera o processo e impede o desenvolvimento físico, energético e emocional normal.

2ª Etapa Emocional - Incorporação –                                                                                                    Do nascimento até à fase de desmame.

O bebê internaliza o mundo externo, o leite materno, o seio da mãe, seus cuidados, seu carinho, seu olhar, seu cheiro e  sua pele. Deve-se nessa fase, alimentar o bebê  conforme suas necessidades, principalmente através do choro, e não de acordo com o que a mãe acha correto, não sendo conveniente impor limites nessa fase,  para não prejudicar o desenvolvimento energético e emocional normal do bebê.
Ao aproximar o final dessa etapa, aproximando o desmame, a criança começará a perceber que ela e a mãe não são uma só pessoa, inicia a exploração do ambiente externo e das outras pessoas que estão a sua volta de modo gradativo.

3ª Etapa Emocional  -  Produção  -                                                                                                         Do desmame  até o final do 3º ano de vida.

A energia da criança se volta para a produção e construção de pensamentos, brincadeiras, jogos e  relações com o ambiente e as pessoas, surgindo as conquistas da autoconsciência e autonomia, surgindo foco de interesse a produção de fezes e urina. Não se deve fazer a educação do controle dos esfíncteres  antes que a criança esteja preparada e sim  por volta dos 18 meses de idade, iniciando com  a colocação de limites e os “nãos”, mas  de forma  não punitiva ou frustrante, sem  necessidade. Não inibir a  liberdade e espontaneidade da criança. Os excessos  de limitações e frustrações, ou feito de forma inadequada, poderão trazer danos  ao caráter em formação. Nessa fase as crianças começam na imitação dos pais que lhes servirão de modelos.

4ª Etapa Emocional – Identificação -                                                                                           Começa pelos  4 anos indo até os 5 ou 6 anos de idade.

 Desenvolvimento de conquistas pessoais  significantes para seu progresso:  fuga da individualidade e do egocentrismo  e compartilhamento e socialização; desenvolvimento da capacidade de simbolização e classificação;  aprende   disciplina e organização e tem inicio do  entendimento  e incorporação do “certo” e “errado”.
Desenvolvimento do autoconceito, distinção dos sexos  identificando a qual  pertence. Curiosidade sexual e  masturbação, como manifestação natural, não devendo receber punição.

5ª Etapa Emocional –                                                                                                                          Formação do caráter –

Iniciado aos 5 ou 6 anos, indo até a puberdade. Inicia a escolarização. Pais e educadores nessa etapa, influenciam a forma da criança lidar com o aprendizado, em diferentes situações e por toda a sua vida, podendo ser de forma prazerosa, ou desprazerosa, dependendo do modelo convivido.  Capacidade para lidar com diferentes problemas, em um ambiente estimulante que desperte o  interesse,  facilita o desenvolvimento das habilidades.  Noções de responsabilidade para gerar independência; consciência de seu valor para si mesmo e para os outros, desenvolve a autoestima;  imagem  de si distorcida prejudica a formação do caráter. Completude do desenvolvimento emocional e da estrutura do caráter da pessoa.

 3.1 - As Fases do Desenvolvimento da Consciência

O corpo é o continente onde o individuo existe e se afirma enquanto ser e pessoa, estando impressa nele as suas marcas existenciais e de singularidade.  O corpo próprio é a via de manifestação do ser humano no mundo, constituindo-se assim em corporeidade. Existe uma relação entre o Corpo e os Estados de Consciência  que orienta as diferentes "escutas" da corporeidade humana.

A Antropologia Essencial de Jean-Yves Leloup (O Corpo e Seus Símbolos, 2010), oferece uma escala do desenvolvimento da consciência relacionada com as variações das faixas etárias.

Observa o autor que a consciência pode ser comparada com uma escada, onde os degraus superiores se apoiam nos degraus inferiores, exigindo que esses primeiros degraus sejam solidamente construídos, para dar suporte e sustentação aos degraus  superiores. Assim também é a consciência, em que suas fases superiores na vida adulta, irão depender da boa formação dos estágios inferiores da infância, para que tenham uma saudável manifestação durante a vida em forma de saúde mental e psíquica.

O desenvolvimento da consciência vai desde a consciência intrauterina pré pessoal até a abertura à consciência transpessoal, possibilitando  as diversas ressonâncias registradas no corpo como memórias corporais.  Assim:

I – Consciência Matricial - O primeiro local de memória corporal  é a intrauterina, quando passivamente  registramos as vivências da mãe. Aqui se registra as memórias arcaicas formando a consciência matricial.

II – Consciência Oral - Com o nascimento (um evento traumático para a criança), o bebê entra em relação com outro corpo, procurando a fusão e a unidade  que ele acaba de perder. Época da educação para a formação de vínculos durante a vida toda. Surge a consciência oral. Tudo o que gira com nossa oralidade deve ser observado.

III – Consciência Anal - Lentamente a criança perde a identidade com o corpo da mãe e descobre seu corpo (chupa seu dedo, seu  pé, brinca com suas fezes). Fase da consciência anal, voltada para a aprendizagem da limpeza e cuidados com o nossa corporeidade.

IV – Consciência Genital - A seguir vem a descoberta de nosso ser sexuado, quando surge a consciência genital, podendo esta ser  fonte de felicidade na vida adulta, identificando-se e aceitando-se na sexualidade que se tem, ou fonte de dificuldade não se identificando ou  não se aceitando na sexualidade que  se é.


==è  INCONSCIENTE PSICANALÍTICO  Domínios do Id, das Pulsões Instintivas -  Essas quatro etapas anteriores, na visão freudiana, tem importância fundamental na formação do inconsciente psicanalítico com as cargas energéticas do Id.


V – Consciência Familiar - Ao crescer, mais ou menos a partir da idade escolar, surge a consciência familiar assimilando os valores e símbolos da cultura dos pais e do meio, quando  correspondemos à imagem que nossos pais fazem de nós, da qual, às vezes é difícil sair.

VI – Consciência Social - Na sequência,  geralmente na fase da pré-adolescência, surge a consciência social, o topo da escada na visão freudiana, pois se  houver um desenvolvimento sem medo, poderá gerar uma boa adaptação à vida sexual e/ou do trabalho, estando bem integrado a sociedade. Pode-se considerar que a consciência social é o reino do eu, do ego bem adaptado. Acontece que, se  tal sociedade for uma sociedade "doente" em sua forma de ser e agir, faz com que a pessoa nela formada seja psiquicamente não saudável, incorporando as más influências dessa sociedade.

==è  SUPEREGO PSICANALÌTICO – Domínio dos Valores, dos Juízos - Essas duas etapas anteriores formam o Superego na visão psicanalítica, responsável pelos interditos morais aos impulsos do Id, baseado nos valores da socioculturalidade de nossa família, de nosso ambiente, interditos esses que formarão os recalques geradores dos sintomas neuróticos.

VII –CONSCIÊNCIA DO  EGO AUTÔNOMO - Nem sempre a consciência social do ego bem adaptado é sinal de saúde, pois se a sociedade estiver "doente", essa adaptação também será doentia, surgindo a necessidade interior de libertar-se dessa imagem social, conquistando uma consciência do ego autônomo, importante na consolidação da singularidade e identidade da pessoa, tanto a identidade de gênero, quanto a identidade sociocultural e religiosa.

VIII – CONSCIÊNCIA DO SELF - Nas vivências da consciência autônoma, através das crises e pressões da existência do indivíduo, ele poderá perceber que, mesmo a afirmação do ego autônomo sendo boa, não é ela o objetivo principal da sua vida, descobrindo a consciência do self, a consciência da Verdade, a consciência da Vida, que anima a sua vida pessoal, o seu "si mesmo" autêntico, harmonizando-se com a sua verdade, geralmente através de medos, de recusas, ou com a ajuda dos terapeutas, ou ainda dos ministros das religiões.

==è SELF VERDADEIRO – Domínio da Consciência Consciente -  Na visão freudiana, o ego verdadeiro deverá ser formado libertando-se das pressões intrigantes do Id e do Superego, para dar lugar a um Eu equilibrado manifestado no self verdadeiro.

IX – CONSCIÊNCIA TEANTRÓPICA – Domínios da Consciência Além do Medo e do Desejo - Há ainda a possibilidade de surgir outra etapa (ou até outras etapas) de difícil definição. Trata-se da consciência theantrópica (de Theos = Deus e Antropos = ser humano),  sendo uma consciência além do medo e do desejo, pois em algum lugar dentro de cada um de nós, sempre haverá esse estado de não-medo, não-cobiça, própria da auto transcendência;  mas haverá também a pulsão sexual,  o medo da doença, o medo da decomposição.  Em nós, todas essas consciências estão sempre presentes enquanto memórias corporais.

==è NOTA - Estas memórias conscienciais têm alguma relação  como zonas alvos de nossa corporeidade, podendo  produzir manifestações impropriamente ditas psicossomáticas (a rigor não existe a dualidade corpo-soma, já que o ser humano é integral),  pois elas  compõem a nossa memória corporal ontogenética.

4.0 - A Pessoa Humana

Nós, os profissionais de saúde e os nossos clientes, somos Pessoas Humanas. Ser pessoa humana é possuir um  status político e jurídico de cidadão, com deveres e direitos reconhecidos pela legislação do país.

Assim, mesmo um concepto embrionário ou um feto, é uma pessoa em potencial, tendo os seus direitos reconhecidos, existindo documentos oficiais que tipificam esses direitos.

Intervir nesses ciclos vitais, ou na vida dessas pessoas potenciais, exigem cautelas legais sob as esferas dos Juízes de Direitos, com medidas protetoras. De igual modo, também as pessoas que não têm o uso da razão, ou por tenra idade, ou por condições de ausência de racionalidade, em consequência de alterações mentais e psíquicas, dependem dessas instâncias legais e jurídicas protetoras. Também os ébrios, em consequências de uso de álcool, ou outras drogas, durante os seus surtos de embriaguez, precisam de mecanismos de proteção por parte daqueles que estão sóbrios.

4.1 - Como se Define Uma Pessoa

De um modo geral, existem as pessoas físicas naturais (os seres humanos)  e as pessoas jurídicas (as associações, as empresas, as firmas, e outros). Aqui estamos tratando das pessoas físicas naturais, nós e nossos clientes.
A Antropologia Filosófica, na voz de Batista Mondim (1997), caracteriza  a pessoa como quem é capaz de cultivar certos atributos, como a autoconsciência, a autonomia, a comunicabilidade, a afetividade,  e auto transcendência; pode-se acrescentar ainda os atributos de autoestima, autoconfiança, autocuidado e alteridade, pois todos  são fundamentais para uma boa saúde mental.


5.0 – Como Avaliar o Perfil do Cliente/Paciente


A fisioterapia na saúde mental, não visa fornecer um diagnóstico de doenças mentais e psíquicas  do cliente ou paciente; sua avaliação objetiva apenas identificar seu perfil, ou marco  de qualidade de vida do ponto de vista mental e psíquico, já que tem como tarefa a promoção e proteção do bem estar do individuo e da sua saúde mental e psíquica.

5.1 – Alguns Instrumentos Avaliativos


I -  História de Vida do Cliente


Dado a importância dos variados estímulos recebidos pelo individuo durante a sua vida, principalmente na infância,  tanto do seu ambiente ecológico, como também do seu contexto familiar, sociocultural, político, econômico e religioso, formadores, ou interferentes na saúde mental e psíquica do cliente, um dos excelentes meios de se avaliar essa situação, é através do levantamento da História de Vida do Cliente.

Pela história de vida se conhece o contexto existencial vivenciado pela pessoa no passado e no presente, e buscar com diligência junto ao próprio cliente, os caminhos para uma vida exitosa no futuro.



Roteiro de Entrevista

I - Identificação -
Nome:
Endereço:
Idade:                       Sexo:                     Naturalidade:                          
Escolaridade:
Queixa principal:
:

Histórico do problema:




Fator precipitante do problema:
Impacto do problema na existência:



II - Infância -
 Histórico do ambiente familiar e infância:



Quantos irmãos e qual a sua ordem de nascimento:




Ocupação dos pais:


Gravidez desejada?
Pré-natal?
Doença pré-natal?
Tipo de parto/
Amamentação: Tipo e  até quando?
Doença na infância?

III - Desenvolvimento:
Diálogo tônico corporal?
Rolar e arrastar?
Engatinhar?
Andar?
Falar?
Relacionamento com os pais e cuidadores?
Castigos?
Abusos?
Relacionamento com irmãos?
Pessoas importantes na infância?
Lembrança marcante da infância?

IV - Idade Escolar:
Com quem brincava na infância?
Gostava da escola?
Tinha amigos na escola?
Tinha um melhor amigo?
Como eram suas notas escolares?

V - Adolescência:
Continuou os estudos?
Como foi o seu desempenho estudantil?
Se parou de estudar, o que fez então?
Relacionamento com colegas?
Namoro? Paquera? Ficar?
Atração, por homens, mulheres, ou por ambos?
Algum problema de ordem sexual?
Alguma questâo de identidade de gênero?
Alguma questão que deseja esclarecimento?
Experiências com drogas:
 * Álcool?
 * Fumo?
 * Outras drogas?
Vocação:
 * Tem vocação especial para alguma atividade?

VI - Idade adulta:
 Atividade após estudos, ou abandono dos mesmos?
Trabalhos que já realizou?
Trabalho que mais gostava?
Relacionamento com chefes e colegas?
Moradia própria?
Dificuldade financeira?
Casamento?
União estàvel?
Como é, ou foi sua união?
Tem algum desconforto na vida afetiva?
Deseja algum esclarecimento sobre alguma coisa?
Filhos?
Relação com filhos?
Saúde dos familiares?
Perdas de familiares? de amigos ?
 Amigos íntimos, que se pode confiar?
Ocupação no tempo livre?
Perspectiva para o futuro?
Deseja algum esclarecimento?

VII - Vida Social -
Lazer preferido?
Afinidades por algum esporte?
Afinidades por arte?
Afinidades por atividades físicas comuns?
Satifeito com a classe social?
Amigos/as?

VIII - Vida espiritual -
Cultiva alguma prática de vida espiritual?
Filosofia de vida?
Costumes especiais?
Vida comunitária?
Bem estar social?
Saúde do planeta?
Encontros domésticos?

IX - Outros:








II  - Auto confrontação


A auto confrontação é o modo como eu relaciono, manifesto, interpreto, faço reflexões e vivencio as minhas situações individuais e pessoais, no ambiente em que eu vivo, tanto para comigo mesmo na minha vida mais íntima, quanto na minha vida familiar, comunitária, social, filosófica, ideológica, ou religiosa.
Uma análise da auto confrontação pode ajudar a detectar se um padrão de vivência existencial está dentro dos padrões aceitáveis de saúde mental, em determinado contexto cultural, verificando como está o seu foco afetivo, se há equilíbrio entre a autoestima e alo-estima.
O fisioterapeuta em saúde mental, poderá usar alguns instrumentos junto aos seus clientes, buscando conhecer melhor a situação da saúde mental de seus clientes. Não se trata de um  "diagnóstico clínico", pois isto é tarefa  dos profissionais especializados;  são apenas alguns meios  balizadores, para a partir deles melhor orientar a promoção e proteção da saúde mental dos clientes, bem como executar protocolos de cinesioprofilaxia das doenças mentais, ou fazer encaminhamentos para os profissionais especializados.

Método de Auto confrontação MAC – conforme Teoria de Hermas
                                                                                          
(Validação em Portugal por Mafalda Pereira,
João Salgado e Anita Santos, do ISMAI –
Instituto Superior de Maia – Portugal  2010)

Este é um recurso para avaliar a autovalorização do individuo, buscando identificar:
1  – orientação para si mesmo  – self (S);  e  2  – orientação para o outro – other (O).

Trata-se de um Instrumento Idiográfico – Para construção e reconstrução da identidade = self, relacionado com  valoração e tipos de afetos que o individuo esta vivenciando.

Inicialmente refletir com o individuo sobre  experiências significativas do seu passado, presente e futuro, aumentando o insight tanto do cliente quanto do profissional, adquirindo conhecimento acerca dos significados pessoais de sua vida.

Técnica - O individuo é convidado a realizar uma auto-investigação exaustiva em sua vida,  que depende da construção de valorizações a partir de três sub fases: 

 1 - formulação das valorações;
 2 - exploração dos afetos associados;
 3 – discussão.

 Deve-se refletir acerca do seu passado, presente e futuro, a partir de questões abertas. Converter a sua história de vida em breves narrativas, consistindo em valoração que  condensam o significado da sua experiência, sendo escrita em uma folha e passando-se para a sub  fase que segue: 

Fazer a cotação, em uma escala de 0 a 5 , dos termos afetivos contidos em uma lista  (poderá ser de 16, 24, 30).
Cada valoração é cotada  com a mesma lista de afetos,  que remetem para uma variedade de afetos distintos. Por fim solicita ao cliente que, conforme a lista, avalie o modo como se tem sentido nos últimos dias e como gostaria de se sentir. Obtém-se assim, um padrão de afeto geral e ideal, bem como o das várias valorações.

Os afetos são classificados em quatro escalas:

Self = S     
Outro = O    
Positivo = P    
Negativo = N 
resultante das somas das equações.

Relação de termos afetivos:

Autovalorização = S : ->     autoestima,    força de vontade,  autoconfiança,   orgulho.

Contato e união com os outros = O : ->      Amor,    ternura,    intimidade,    carinho.

Diferença entre S e O :  Se  S>O  a autovalorização é mais forte que a experiência de contato com o outro e vice-versa.

Índice P = soma dos termos afetivos positivos: ->    alegria,   prazer,    felicidade,   calma interior.

Índice  N = soma dos termos afetivos negativos -> Preocupação,    infelicidade,   desânimo,    desapontamento.

Se   P > N  o padrão de afeto é positivo,  mas se N > P  o  padrão é negativo.

Uma semana após, discute-se o resultado com o cliente, focando fundamentalmente no seu sistema de valorações, promovendo a  autorreflexão,  a auto exploração e o autoconhecimento, podendo reorganizar o seu próprio sistema de valorações.


                                            - Escala de Valoração dos Afetos

Cotação
0
1
2
3
4
5

Valoração dosAfetos
Nada
Um
pouco
De alguma forma
Bastante
Muito
Muito mesmo







     
Auto-estima







 Força de Vontade







Auto-confiança






        
Orgulho






        
          Soma

 












           
Amor






         
Ternura






       
 Intimidade






         
 Carinho






  
           Soma














         
Alegria






        
 Prazer






      
Felicidade






   
Calma interior







             Soma














    
Preocupação






    
 Infelicidade






    
  Desânimo







Desapontamento







          Soma

















III  - Escalas de Cognição Sócio-Relacional

A  cognição Sócio Relacional pode ser avaliada pelas escalas de inteligência intrapessoal e inteligência interpessoal. Celso Antunes, um educador brasileiro, trabalha essas possibilidades para a identificação de inteligências múltiplas, consigo próprio e com os alunos, podendo por tanto, ser adaptados para os clientes e pacientes.


Ficha de Escala de Inteligência Intrapessoal

Nome:________________________________________Data ___/___/____

             Sou uma pessoa que:
Sempre
    
    5
Quase sempre
     4
Às vezes
     3
Raram   ente
    2
Nunca
   
   1
Tenho consciência das minhas emoções, mesmo as leves, assim que acontecem





Uso meus sentimentos para tomar decisões importantes do meu dia-a-dia





Quando fico com raiva, posso ter esplosão, mas não fico remoendo isso por muito tempo





Uma derrota minha, ou do meu time, me deixa aborrecido, mas não me perturba muito, sabendo que posso melhorar.





Quando alcanço meus objetivos, gosto de receber  elogios e cumprimentos, mas esses elogios não me sobem à cabeça.





Não fico mais ansioso pelo sucesso em uma prova, a ponto de prejudicar meu preparo.





Quase sempre eu me acho legal e creio que a maior parte das pessoas me acham simpático/a.





Acredito que meus amigos sabem me compreender e que me avaliam de acordo com o que eu acho que é meu verdadeiro valor.





Felicidade, afeição, orgulho e alegria são atitudes mais presentes em minha vida, quando comparados com desgosto, culpa, inveja, tristeza, e arrependimento.





Não acho difícil um futuro no qual eu possa amar muito uma pessoa e ser também correspondido.






                   Soma






                                                                   Adaptado de Celso Antunes



  Ficha de Escala de Inteligência Interpessoal

Nome:________________________________________Data ___/___/____

        Sou uma pessoa que:
Sempre
    
    5
Quase sempre
     4
   Às vezes
       3
Raram   ente
        2
 Nunca
     
     1
Posso perceber sozinho o que as pessoas pensam





Sou compreensivo com os momentos difíceis de  outra pessoa





Sou ótimo para lidar com os conflitos, levantando o astral em meus relacionamentos





Percebo os sentimentos de um grupo ou de relações entre pessoas





Acerto e dificilmente erro em perceber quando as pessoas me estimam





Fico aborrecido quando esqueço o aniversário e/ou datas importantes para outras pessoas





Consigo acalmar ou conter sentimentos aflitivos sem prejudicar as obrigações a cumprir





Não perco a paciência com as pessoas que gosto, e se acontecer, me recupero logo e me arrependo





Não gosto de solidão e sinto-me bem junto às pessoas amigas, mesmo que não estejam interessadas em meus assuntos





Quando sou agredido, ou magoado, prefiro achar que houve uma descarga de mau humor, mas que eu não tinha nada a ver com isso.






                   Soma






                                                  Adaptado de Celso Antunes



Interpretação das Somas de Pontuações das Escalas
de Inteligências  Intrapessoal e Interpessoal

As somas dos pontos  NÂO fornece um diagnóstico, apenas uma base através da qual se pode elaborar uma estratégia para conquistar o que se deseja e julgue como melhor.

Gabaritos:


A - Para os escores da Inteligência Intrapessoal:

1 - De 41 a 50 pontos ---> Sua inteligência intrapessoal é bastante alta; a mantenha sobre controle e aprimore alguns pontos negativos.
2 - De 31 a 40 pontos ---> Sua inteligência intrapessoal é bastante desenvolvida. Continue a viver bem consigo mesmo/a, mas modere sua presunção.
3 - De 21 a 30 pontos --->  Sua inteligência intrapessoal precisa melhorar.  Converse um pouco consigo mesmo, faça reflexões e ouça o que os outros dizem com sinceridade de você.
4 -  De 11 a 29 pontos  --->  Seu autoconhecimento e sua autoestima  precisam crescer. Liberte-se aos poucos de suas amarras.
5 -  De 10 a 19 pontos ou menos  --->  Você é uma pessoa muito amarrada, como ostra, fechada em si mesmo.  Goste mais de você, liberte sua autoestima e ganhe autoconfiança.

B - Para os escores da inteligência interpessoal:

1 - De 41 a 50 pontos  --->  Sua inteligência interpessoal é bastante alta. Não deve ter dificuldade para fazer amigos, mas deve conservá-los com carinho, pois eles são  importantes para você.
2 -  De 31 a 40 pontos  --->  Sua inteligência interpessoal é bastante desenvolvida, mas se aprender a observar melhor as pessoas pode ainda torná-la melhor.
3 -  De 21 a 30  --->  Sua inteligência interpessoal precisa melhorar. Converse consigo mesmo, reflita e ouça o que os outros dizem sinceramente de você. Treine os seus sentimentos de alteridade e empatia, observando com mais respeito as diferenças de outras pessoas. Algumas vezes, você poderá projetar em  outros o que não gosta em você.
4 -  De 11 a 29  --->  Seu grau de empatia e relacionamento não é muito bom. Procure ouvir mais e falar menos. Saiba gostar até  das particularidades que outras pessoas apresentam e que você critica.


IV - Escala de Avaliação do Ajustamento Social


Nome:________________________________________Data ___/___/____

Marque um “X” na coluna do valor médio, se o evento ocorreu com você.

Evento da Vida:
Valor Médio


Morte do cônjuge
100
Divórcio
73
Separação conjugal
65
Pena de prisão                                                       
63
Morte de familiar próximo
63
Doença ou lesão pessoal
53
Casamento
50
Demissão do emprego
47
Reconciliação conjugal
45
Aposentadoria
45
Mudança na saúde de um familiar
44
Gravidez
40
Dificuldades sexuais
39
Aumento da família
39
Reajuste nos negócios
39
Mudança na situação financeira
38
Morte de amigo íntimo
37
Mudança para linha de trabalho diferente
36
Mudança no número de discussões conjugais
35
Hipoteca ou empréstimo de mais de U$ 10000
31
Execução de hipoteca ou empréstimo
30
Mudança nas responsabilidades no trabalho
29
Filho ou filha saindo de casa
29
Problemas com parentes do cônjuge
29
Conquista pessoal notável
28
Cônjuge começa trabalhar, ou pára
26
Inicio ou conclusão da escola
26
Mudança nas condições de vida
25
Revisão de hábitos pessoais
24
Problemas com o patrão
23
Mudanças no horário, condições do trabalho
20
Mudança de residência
20
Mudança de escola
20
Mudança nos hábitos de recreação
19
Mudança nas atividades da Igreja
19
Mudança nas atividades sociais
18
Hipoteca ou empréstimo abaixo de U$ 10000
17
Mudança nos hábitos do sono
16
Mudança no número de reuniões familiares
15
Mudança nos hábitos alimentares
15
Férias
13
Época de Natal
12
Pequena violação da lei
11
                                                Soma: ____________________
 xxxxxxx



















Gabarito para Interpretação das pontuações:
 De  0  a   150
Ausência de possibilidade significativa de uma doença relacionada ao estresse
 De  150 a 199
Nível de crise de vida leve           -       35% de chance de doenças
 De  200 a 299
Nível de crise de vida moderado  -      50% de chance de doenças
 De  300 ou mais
Nível de crise de vida elevado      -      80% de chance de doenças

2.5 - Síntese Avaliativa

O fisioterapeuta envolvido  na promoção e proteção da saúde mental, bem como na cinesio profilaxia e no tratamento das doenças mentais, poderá usar estes cinco instrumentos avaliativos para orientar o seu fazer profissional em beneficio da saúde, bem estar e qualidade de vida dos seus clientes.

São os seguintes:

1 - Roteiro para a História de Vida do Cliente -  É pela história de vida que o fisioterapeuta conhecerá os contextos vivenciados pela pessoa, podendo relacionar passado e presente, podendo criteriosamente desenvolver uma reflexão com o cliente, visando o bem estar e qualidade de vida futuro para o cliente.

2 -  Escala de Afetos - A escala de afetos é um instrumento muito útil para se conhecer o nível de autoestima e autocuidado da pessoa, seu perfil diante da existência, se em atitude positiva ou negativa, permitindo trabalhar  as mudanças necessárias para um melhor nível de bem estar e qualidade de vida.

3 e 4 - Escalas de Cognição Sócio Relacional - Estão incluídos dois instrumentos, um para avaliar a inteligência intrapessoal e outro para avaliar a inteligência interpessoal. Estes dois instrumentos permitem conhecer as bases da vida de relação e abertura do cliente, em direção a si mesmo e em direção aos outros, no cenário pessoal, familiar, comunitário, social, do trabalho  e  da espiritualidade. É possível melhor orientar e assistir o cliente nas tomadas de posições e verdadeiro empoderamento, visando a saúde integral no cenário social onde vive.

5 - Escala de Avaliação do ajustamento Social - Este instrumento é muito útil, permitindo que o fisioterapeuta possa avaliar se a pessoa está em nível de vida estressante, com risco percentual de manifestar uma doença em órgãos alvo da corporeidade..

Estes cinco instrumentos são básicos para o fisioterapeuta orientar as condutas profissionais voltadas ao beneficio do cliente e também para orientar no encaminhamento para profissionais especializados em doenças mentais, quando detectar sinais de riscos ou comprometimentos, que exigem uma escuta especializada, além  da cinesio zoesia mental e psíquica, cinesio profilaxia e cinesioterapia das doenças mentais.


6.0 – Tratamentos Fisioterapêuticos


6.1 – Práticas Fisioterapêuticas no Controle do Estresse da Vida Diária

A vida nos dias atuais, de modo bem generalizado, é cheia de estressores que afetam grande parcela da população. Existem diversos meios  para se estabelecer um controle do estresse. São estratégias que visam  ajustar os padrões energéticos da pessoa aos conflitos que ela está enfrentando.
Quando tais estratégias não produzem o ajustamento energético que se requer, o corpo luta para estabelecer uma compensação na ativação fisiológica e psicológica que está sendo vivenciada, ficando vulnerável às doenças físicas, emocionais e psíquicas.

É importante tornar-se consciente do que está acontecendo, sendo um dos métodos utilizados para o enfrentamento do estresse, à conscientização,  o relaxamento e o apaziguamento interno.

Existem técnicas de relaxamento corporal e de meditação associadas à conscientização, que podem  ajudar muito no combate ao estresse, evitando  o desenvolvimento dos altos níveis de ansiedade, desencadeador de doenças e agressões a órgãos alvos.

I – Meditação Relaxante com Treinamento da Energia Vital (Qi Gong)

Em um ambiente calmo, com fundo musical suave, iluminação branda, podendo o cenário ser adequadamente aromatizado, com o cuidado de não provocar reações alérgicas aos clientes; o cliente deitado ou reclinado em um divã, enquanto o fisioterapeuta o dirige em uma vivência mental e práticas físicas, levando-o a realizar alguns exercícios respiratórios diafragmáticos profundos; em seguida, com voz branda e calma, comanda o cliente a conscientizar-se da sua postura corporal, juntamente com sua respiração, conduzindo-o mentalmente a levar a sua consciência às diferentes áreas do corpo, conservando-a aí por alguns segundos ou minutos.

Poderá também optar por seguir a via dos órgãos internos, ou a via dos pontos energéticos ao longo da coluna vertebral, na parte posterior e na via média, na parte anterior, formando um arco, que começa no umbigo, desce para a genitália e daí para o sacro, subindo por toda a região posterior, alto da cabeça, face e desce novamente pela parte anterior até chegar ao umbigo novamente. (Existem quadros ilustrativos, com os desenhos dos pontos energéticos, que se pode ter nos cenários terapêuticos, para facilitar as visualizações).

Pode-se manter essa rota funcionando por algum tempo, de 20 a 50 minutos. Trata-se de um treinamento da energia vital (o Qi dos Taoístas), com efeito relaxante, de conscientização corporal e revigoramento físico, emocional e psíquico (MANOEL, 2012).

II – Relaxamento Corporal por Contrações Musculares Isométricas.

Algumas pessoas não se adaptam à forma de relaxamento por meditação conscientizadora, estática, e se adequam mais  às técnicas de contrações isométricas de grupos das cadeias musculares, por serem mais dinâmicas.

É preciso ter cautela no uso desta técnica, no caso de clientes com hipertensão arterial descompensada, ou portadores de insuficiência cardíaca congestiva.

O cliente deitado em decúbito dorsal, em ambiente tranquilo e confiável. Fazer algumas incursões respiratórias profundas, em padrão diafragmático.
O fisioterapeuta comanda  o cliente a fazer  a contração de cadeias musculares dos  segmentos corporais, mantendo contraídos por alguns segundos, e então relaxa, também por alguns segundos.  Essas contrações musculares devem ser isométricas, ou seja, sem mudar a amplitude do arco de movimento articular.

As contrações devem ser em diferentes partes do corpo, de modo alternado e calmo.   Assim:

·         Membro superior direito e membro inferior esquerdo -à alternar
·         Membro superior esquerdo com membro inferior direito -à
-à de 3 a 5 vezes

·         Os dois membros inferiores -à alternar
   *   Os dois membros superiores -à
-à de 3 a 5 vezes

·         Os quatro membros ao mesmo tempo -à
-à  de 3 a 5 vezes

Repetir estas manobras de três a cinco vezes e no final fazer alongamentos das principais cadeias musculares funcionais da pessoa.


III -  Atividades Cinesioterapêuticas nas Neuroses em Geral


Entre os distúrbios funcionais do sistema nervoso, se encontram algumas afecções que não são consequências de nenhuma alteração anatômica ou estrutural orgânica. Isto significa dizer que, estrutural e anatomicamente tudo está normal, mas que, as funções mentais e psíquicas se encontram alteradas.

Estudos de Pavlov seguindo uma vertente, e de Freud seguindo outra linha, reconheceram como neurose, certos desvios crônicos da atividade do sistema nervoso superior, quando relacionados com a normalidade.

Pavlov considerava  que tais desvios ou frustações funcionais podem surgir como respostas a uma sobrecarga tensional dos processos nervosos principais – a excitação ou inibição e sua mobilidade (POPOV,1988). Freud considerou que as neuroses são devidas a uma sobrecarga de energia libidinal que foi recalcada, no inconsciente, por interdição do princípio do prazer, através do superego, e que se manifesta na consciência como  sintomas neuróticos (NASIO, 1999).

Em geral as neuroses surgem no terreno da vida afetiva, a partir dos conflitos sociais e de emoções negativas, que conduzem às frustações das atividades nervosas e psíquicas, de cuja caracterização dependerá. É mais fácil surgir em pessoas com um sistema nervoso excitável e lábil, ocasionando frequentemente a diminuição da capacidade de trabalho.

Fundamentação Clínica e Fisiológica das Neuroses

Com frequência, nas neuroses, há uma acentuada tensão muscular com alteração da pulsação e da respiração.
Quando tem lugar a frustração do sistema nervoso superior, se debilita ou se altera a coordenação funcional estrita de todos os sistemas orgânicos.  Isto resulta na redução da atividade motora, piorando o estado do doente.

A hipocinesia influi negativamente no estado funcional de todo o organismo, surgindo distúrbios estáveis nos sistemas cardiovascular e respiratório, favorecendo um posterior desenvolvimento progressivo da enfermidade.

Isto justifica o emprego da cinesioterapia, para influir de forma geral, sobre o organismo do enfermo.

Os exercícios cinesioterapêuticos influem favoravelmente no aparelho psíquico dos humanos, fortalecendo suas qualidades volitivas e da esfera emocional, sendo um meio de influenciar os mecanismos reguladores alterados, contribuindo assim, para a normalização das inter-relações entre os diferentes sistemas orgânicos.

A execução sistemática da cinesioterapia melhora a aferenciação proprioceptiva, contribui para normalizar a atividade cortical e as inter-relações moto-viscerais, assim como, equilibrar a correlação entre os dois sistemas de sinais, todos contribuindo para eliminar os principais sintomas da afecção.

As emoções positivas que surgem nas sessões de cinesioterapia aumentam o tônus do sistema nervoso, desviam a atenção do enfermo dos seus sofrimentos, contribuindo para melhorar a atividade dos órgãos internos.

Existem diferentes tipos de neuroses:


Neurastenia

A neurastenia consiste  em um estado de esgotamento dos processos nervosos. O  seu surgimento pode ser favorecido pela fadiga, recuperação incompleta do organismo por tempo demorado e  não observância do regime correto de trabalho e descanso; também a falta do sono, o abuso de álcool, as enfermidades crônicas (como tuberculose,  infecções purulentas, traumas psíquicos, etc)

Sintomas     Alta excitabilidade, rápida fadiga, incapacidade de conter-se, distúrbios do sono, dores de cabeça, vertigens, emocionalidade desmedida, “sensação do coração”  e alta suscetibilidade aos fatores externos.

No desenvolvimento da neurastenia, se distingue duas etapas:

a)    Primeira etapa -´Predomínio dos processos de excitabilidade e inibição debilitada. Sudorese intensa, taquicardia, pressão arterial alta, elevação dos reflexos tendinosos, instabilidade na posição de Romberg, tremores de pálpebras e dos dedos com os braços  estendidos, dermografismo vermelho estável e acrocianose.

b)   Segunda etapa – “Fraqueza de irritação”, segundo Pavlov – Agravamento da enfermidade. A labilidade do processo de excitação e debilidade do processo de inibição se tornam patológicos, aumentando o grau de fadiga, com perda da capacidade de trabalho.

Prognóstico favorável, pois a neurastenia pode curar-se, entretanto, é preciso eliminar as causas que dão origem ao sofrimento.

Particularidades da Neurastenia

Os enfermos com neurastenia se caracterizam por elevada excitabilidade e por uma excessiva  “consumição”,  em razão da  debilidade de inibição ativa e da desordem do processo de excitação. Se ferem com facilidade e entram em estados depressivos.

A cinesioterapia tem ação regulatória sobre os diferentes processos do organismo. Deve ser combinado com o regime diário:  medicação, recursos físicos e o incremento gradual de carga muscular na cinesioterapia, melhorando as funções circulatórias e respiratórias, restabelecendo os reflexos e a atividade do sistema cardiovascular.

A ginástica terapêutica tem como objetivo treinar e intensificar os processos de inibição ativa e a recuperação e ordenamento do processo de excitação.

Para evitar a fadiga,  as sessões terapêuticas devem ser realizadas pela manhã, logo após a ginástica matutina.  Deve-se dosar os exercícios, começando por valores menores e tempo curto, e ir aumentando gradualmente.

Os enfermos debilitados devem começar na posição deitado, ou sentado, após a massagem  de 10 minutos e com a execução de exercícios respiratórios em torno de 10 minutos.
Os doentes devem ser preparados psiquicamente, para ter  certo controle sobre as queixas, em consequência das diferentes sensações  desagradáveis dos órgãos internos.  O fisioterapeuta deverá regular a carga muscular, de modo que o enfermo não se fixe nas palpitações, nem na dispneia, evitando que se canse, associando gradualmente a carga ao enfermo, despertando o seu interesse pelas sessões fisioterapêuticas,  variando para isto,  os tipos de movimentos, com pausas e exercícios respiratórios.

Para os enfermos excitáveis, recomenda-se as contrações e relaxamentos musculares, alternando os exercícios respiratórios e a massagem de braços e pernas.  Os movimentos para as extremidades superiores e inferiores devem ser executados em tempo médio e com pequena amplitude. Seguem movimentos pendulares para as extremidades, os que geram tensão e de superação de resistência  -  jogos de bola,   corridas com obstáculos, tudo alternado com relaxamento e respiração.

Nas sessões de ginástica terapêutica é conveniente que tenha um ambiente musical apropriado para  excitar ou acalmar, conforme o aconselhado. As sessões devem durar de 15 a 20 minutos ao princípio, com aumento gradual para 30 a 40 minutos ao final.

Histeria

Na histeria ocorre alto grau de emocionalidade, se manifestando frequentemente em forma de distúrbios da atividade motora e da sensibilidade – (Para Pavlov é um  “alvoroço das áreas sob corticais”.
A histeria na visão pavloviana resulta da frustação da atividade do sistema nervoso superior (área cortical) em pessoas com insuficiente coordenação dos sistemas de sinais, além de surgir com maior frequência nas pessoas, cuja atividade do primeiro sistema de sinais e das áreas sub corticais, predominam sobre o segundo sistema de sinais.

Sintomas   -   Elevada sugestionabilidade e “ideias” de  diferentes doenças.  Há três grupos:

a)    Ataques histéricos  -  Convulsões desordenadas com adoção de posturas extravagantes (arco histérico), sem perda da consciência.

b)   Paralisias e paresias motoras e sensoriais – Devido a um forte sentimento de medo, influência negativa do meio externo e outros, podendo afetar diferentes partes do corpo,  diferenciando duas paralisias orgânicas pelo caráter invariável dos reflexos tendinosos, do tônus muscular e da eletro excitabilidade muscular.

c)    Estados de semi torpor e psicóticos, devido  às mesmas causas dos distúrbios motores e sensoriais, manifestando em forma de inibições, turvação de consciência e reações inadequadas.

Os homens com histeria se manifestam de modo “amaneirados” na conduta, com frequentes acessos de diferentes dores e palpitações depois de vivências desagradáveis. Também através das funções vegetativas, se detectam taquicardia, peristalze intensa ou retardada do intestino, dispneia, tosse e outros sintomas.

Particularidades da Histeria

As tarefas da cinesioterapia na histeria busca diminuir a instabilidade emocional do enfermo e aumentar a intensidade da atividade volitiva e do segundo sistema de sinais.  Exercícios com tempo lento e execução exata.  Os comandos ocorrem de forma lenta e suave, em tom de diálogo, acontecendo as sessões terapêuticas sem a presença de pessoas estranhas. Formar grupos em torno de dez clientes.

No processo de associação dos enfermos, as sessões de exercícios devem ter seu tempo de execução diminuído gradualmente; o incremento da intensidade da atividade volitiva se consegue pela execução dos exercícios de força, em aparelhos, a tempo lento e com carga sobre os grandes grupos musculares. Na parte final das sessões terapêuticas deve-se diminuir o tônus emocional, com alternância de exercícios e descanso na posição deitado, ou sentado,  durante vários minutos (músculos relaxados, cabeça baixa e olhos fechados).


IV – Atividades Cinesioterapêuticas nas Psicastenias

A psicastenia é uma debilidade das áreas sub corticais e do primeiro sistema de sinais e com predomínio do segundo sistema de sinais.  Há uma debilidade geral do sistema nervoso, diminuição das emoções, afetando a atividade motora, fazendo-a difícil. Os psicastênicos são poucos comunicativos, excessivamente racionalizadores; quando precisam  de  atuar  ficam com  dúvidas e desconfianças se está correto ou errado nas suas decisões;  frequentemente manifestam ideias obsessivas que condicionam suas condutas.

Suas desconfianças e dificuldades para atuar crescem, manifestando em sensações desagradáveis  -  dores, fraqueza muscular, até paralisias passageiras de qualquer grupamento muscular, com gagueira, espasmo da escrita, alteração nas micções, nas evacuações, entre outras. Tem medos obsessivos, (fobias)  -  medo de atravessar ruas, de alturas, de contágios, se tornam hipocondríacos.

Particularidades da  Psicastenia

Os doentes de psicastenia são apreensivos, lentos, concentrados em si próprios, inibidos e depressivos. Para torná-los ativos, deve-se empregar exercícios por eles já conhecidos, de execução emocionalmente agradável, de execução rápida, de modo automático, sem fixação da atenção na correção da sua execução; corrige-se os erros dos exercícios através de um próprio doente, quem demonstrará como é o exercício correto;  não se recomenda fazer observações individuais com os que não executaram corretamente os exercícios. O tom do fisioterapeuta deverá ser sempre vivo e bondoso. Deve reagir atentamente face as emoções positivas dos doentes, animando-os e ajudando a comunicação entre eles.
Para os psicastênicos se faz conveniente os métodos de jogos, incluindo também alguns exercícios desportivos e de competências  -à  Desviar os pensamentos obsessivos dos doentes e interessá-los pelos exercícios.

Usar músicas alegres e de tempo que se possa acelerar, do lento ao moderado, para rápido.  Recomenda-se executar de 60 a 120 e até 130 movimentos por minuto, com grande amplitude do arco de movimento.

Para superar os sentimentos de timidez e insuficiência dos doentes, introduzir o vencimento de obstáculos, exercícios de equilíbrio, de força e de resistência, executados por duplas.

Os grupos de ginástica terapêutica se compõem de 12 a 15 pessoas, incluindo entre eles alguns doentes que assimilaram bem os exercícios, suas formas de execução e que tenham plasticidade, levando em consideração que a psicastenia traz  incoordenação de movimentos, pouca habilidade, etc. Ao final dos exercícios, diminuir o tônus  emocional dos enfermos, devendo no final, os clientes estarem bem humorados.

Duração das Sessões

As sessões devem durar   de 5 a 7 e até de 20 a 30 minutos. Para os clientes mais debilitados, aplica-se sessões mais demoradas, com vários exercícios diferentes. Como os psicastênicos tém, às vezes, medos, fobias, e outros do gênero, deve-se fazer com eles um preparo psíquico, com foco especial na superação da sensação de medo sem fundamento, isto antes da execução dos exercícios.

Quando surgir medo de altura, adota-se a marcha sobre tronco, aumentando gradualmente a altura e os saltos dessas elevações.
Quando surgir medo de dores cardíacas e de morrer de infarto do miocárdio (sem estar com tal afecção) adota-se que os doentes só presenciem as sessões e com o tempo serão atraídos para fazer os exercícios.

Tipos de Exercícios

Ao início -  marcha lenta em círculos, exercícios simples para as pernas e o tronco; depois marcha com um suporte longitudinal de um banco ginástico e exercícios simples com bastões.

Posteriormente – movimentos com os braços, lançamentos de bolas, exercícios com pesos, saltos, saltos de altura e de distância.
O medo e a tensão física é menos frequente, podendo ainda apresentar-se em quem sofreu operação na cavidade abdominal.

Se houver medo prolongado demais, passe a utilizar a terapia com exercícios físicos.

Começo – exercícios respiratórios estáticos e a seguir dinâmicos.
Na sequência – movimentos para os braços, de 5 a 7 minutos;
Uma semana após – exercícios para os músculos do tronco e das pernas, sentado e deitado e também movimentos com bastões.
Na sequência – exercícios no  banco ginástico, lançamentos de bolas, etc.

O fisioterapeuta deve sempre estar em contato com o médico da equipe, trabalhando em conjunto.

Os psicastênicos devem praticar exercícios em casa, jogar voleibol, montar em bicicletas,  caminhar bastante.

Particularidades dos Convalescentes

Quem sofreu distúrbios  neurológicos funcionais, ou que sofreu de neurastenia crônica, apresentam algumas características particulares. Ao executar suas sessões fisioterapêuticas, é necessário que se tenha em conta a característica do trabalho e as condições domésticas dos clientes. Quando o trabalho é fatigante, as sessões se estruturam da maneira de descanso, empregando fundamentalmente exercícios já aprendidos anteriormente.
Metade da sessão consta de exercícios com bola. Ao finalizar a sessão os doentes devem se sentir orgulhosos do que conseguiram fazer.

Os clientes que têm um trabalho rápido, são convidados a fazer exercícios desconhecidos, com sobrecarga (bolas terapêuticas – de pesos diferentes) e que requeiram coordenação complexa dos movimentos. As sessões podem ser individual ou em grupos.

Quando surgir cansaço em alguém enfermo, se recomenda sessão individual que possibilite um contato mais estreito com ele, assim como, detectar sua reação individual e selecionar os exercícios físicos adequados. Devem ter sessões independentes, logo após explicar os exercícios.

Supõe-se um controle periódico e correções pertinentes na execução dos exercícios.

Recomenda-se aos doentes com neurastenia crônica, a prática dos pique niques, turismo, visitas a museus, com certa regularidade.


Metodologia Cinesio terapêutica


A escolha  dos meios cinesio terapêuticos para as sessões, individuais ou em grupos, dependerá das manifestações clínicas da enfermidade e do estado somático e neuro-psíquico do cliente;  a carga de trabalho muscular deverá ser otimizada para cada grupo de enfermos, ou para cada cliente, quando individual.

De inicio  -  Empregar exercícios simples, executados a tempo lento, sem tensão e com a participação de pequenos grupos musculares.
Esses exercícios normalizam a atividade dos sistemas cardiovascular e respiratório e ordenam os movimentos do enfermo.
As repetições oscilam de 4 – 6 até 8 -10 vezes, com frequentes pausas para descanso.
Se utilizam também os exercícios respiratórios  -  estáticos e dinâmicos  -  os quais devem contribuir não só para a recuperação da respiração correta, mas também para a normalização dos processos corticais.


Ao adaptar-se  -  Quando o enfermo se adapta  à carga de trabalho muscular, esta irá aumentar de acordo com a complexidade dos exercícios, podendo introduzir os movimentos de tensão dosificada, com sobrecarga, com complexidade de coordenação, que requeiram concentração da atenção (lançamento de bolas em direções variadas, sob comando de voz).

As sessões de cinesioterapia são organizadas por um esquema geral aprovado previamente  -  estruturado em três partes e com duração de até 30 minutos, empregando as seguintes formas de exercícios:

a)    Individual;
b)   Em grupos;
c)    Tarefas para casa.

No começo da terapia, as sessões individuais são mais convenientes, permitindo estabelecer o contato com o enfermo,  permitindo conhecer sua reação individual de acordo com a carga muscular e selecionar os exercícios adequados, no que contribui para conhecer individualmente cada enfermo, antes de passar às sessões em grupos, antes de incrementar sua atividade e desenvolvimento do sentimento de grupalidade.

Em ambiente de calma, o fisioterapeuta propõe aos enfermos tarefas concretas, selecionando exercícios de fácil execução e de aceitação positiva,  tendo a responsabilidade de estimular  a confiança dos doentes quanto à suas possibilidades e de aprovar a correta execução dos exercícios.

É conveniente sustentar conversações com eles para estimular sua correta atitude com relação à cinesioterapia.
A substituição do foco de atenção do enfermo no sentido de solucionar as tarefas concretas propostas, contribui para a normalização da dinâmica dos processos nervosos e a manifestação do desejo de se movimentar.

Após esse modo de condução, o enfermo dirigirá sua atenção para sua participação nas atividades laborais e para a elaboração de uma valoração correta de seu estado.

Além da realização dos exercícios terapêuticos, aos portadores de neuroses, se recomenda diversas terapias, como banhos de ar (terpno terapias), hidroterapias, massagens, … É importante estabelecer uma regulação do regime de vida, como  horário de dormir e horário de vida ativa; horário de exercícios físicos e horários de descanso passivo ao ar livre, os passeios, bem como  realizar a terapia medicamentosa, quando for o caso.

Do arsenal fisioterapêutico se usa ainda a eletroterapia,  banhos com essências, banhos de pétalas, duchas circulares,  reticulares e roupagens húmidas.

Estes tratamentos devem ser articulados com a ginástica matutina, a eletroterapia, descanso de 20 a 30 minutos e a seguir a ginástica terapêutica.

Após as refeições, se recomenda o “turismo” pelas proximidades e os passeios. A massagem se aplica no final da ginástica terapêutica.


V - Adaptação Psicossocial pós Trauma

Qualquer Trauma  sofrido traz graves consequências para a vítima, mas também para seus familiares, principalmente o trauma  com perda de funções e a manifestação das doenças graves envolvidas por crenças tabus.

O estresse psíquico intenso, um prognóstico incerto, um tratamento prolongado, as interferências nas atividades da vida diária, geralmente produzem grande impacto sobre a recuperação cinética funcional da pessoa e reabilitação da sua autonomia e vida social significativa. Estes fatores estão sempre presentes nas pessoas com enfermidades crônicas, incapacitantes, revestidas de tabus ou estígmas e nas doenças de evolução progressiva que conduzem à falência da vida.

A adaptação psicossocial à incapacidade e à enfermidade crônica, é um processo evolutivo, contínuo e dinâmico em busca de um estado ou função ideal do cliente em seu próprio ambiente. Quando ela é bem sucedida, pode ser caracterizada como segue:
1)    Sensação de domínio pessoal;
2)    Participação em conquistas sociais, recreativas ou vocacionais;
3)     Negociação bem sucedida no ambiente;
4)    Consciência realista sobre pontos positivos, deficits e capacidades funcionais;
5)    O ajustamento é a fase final e inclui a luta para alcançar metas na vida, sentir-se autoconfiante e com autoestima positiva, ter atitude positiva em relação à incapacidade de alguém formar conexões emocionais com outras pessoas e assumir um papel na sociedade.

Luto, Sofrimento e Dor – são produzidos por esses eventos danosos.
O luto é um estado psíquico de angústia que resulta de perda significativa: perda de uma função,  rompimento de relacionamento, perda de familiar, perda de desempenho de papéis.
Geram sentimentos de impotência e inutilidade, com vários sintomas: nó na garganta, fraqueza muscular,  vazio no estômago,  ansiedade  “dolorosa”, falta de ar, sufocamento, esgotamento físico, esquecimento, baixa concentração, dissociação,  insônia, perda do apetite, compulsão, desorganização, abstinência social, culpa, indecisão, fala excessiva, hostilidade.  Os casos graves e prolongados geralmente comprometem o sistema imunológico. – o luto pode durar de seis meses a dois ou mais anos –

Especialistas descrevem o processo do luto em dez estágios. Como segue:
1)    Sentimento congelado;
2)    Liberação emocional;
      3)  Solidão;
      4)  Sintomas físicos;
      5)  Culpa;
      6)  Pânico;
7)    Hostilidade;
8)    Memória seletiva;
9)    Luta por um outro padrão de vida;
10)  Sensação de que a vida está boa.
Estes estágios podem ocorrer de modo simultâneo.


Fases Principais da Adaptação Psicossocial

Choque -  No nível fisiológico, com reações emocionais retardadas. Experiência devastadora, incapacidade de falar, de mover, dormência psíquica,  dificuldades cognitivas, desorganização, despersonalização;

Ansiedade – Reação deflagada por pânico, atividade compulsiva, confusão, frequência cardíaca elevada, dificuldade de respiração e inundação cognitiva. O sistema nervoso simpático com “alarme” repetido, estresse crônico podendo alterar as transmissões sinápticas e provocar depressão e disfunções dos sistemas corporais.

Negação – Mecanismo de defesa para aliviar a ansiedade. Fase específica no inicio do processo de adaptação, protegendo a pessoa. Especialistas identificam sete tipos de negação:
1)    Negação de informação ameaçadora;
2)    Negação de vulnerabilidade;
3)    Negação de urgência
4)    Negação de afeto;
5)    Negação de relevância de afeto;
6)    Negação de relevância pessoal;
7)    Negação de todas as informações.

Depressão – Ocorre à medida que a negação diminui, permitindo maior consciência sobre a perda.

Raiva Internalizada – Como uma reação de ansiedade, à percepção errônea, ameaça de abandono, sentimento de inutilidade, medo de perder o controle. Suas características incluem hostilidade, ressentimento, ódio.

Hostilidade – É a raiva direcionada à outra pessoa, objetos no ambiente, retaliação contra as limitações funcionais. Manifestam comportamentos agressivos – passivos que obstruem a reabilitação.

Reconhecimento – Primeiro sinal de que o cliente aceitou, ou reconheceu a permanência da condição de suas implicações futuras.

Ajuste – Fase final da reabilitação, com novas formas de interação bem sucedida com outras pessoas e com o ambiente. Especialistas reconhecem dez fases que ocorrem no ajustamento. Como segue:
1)    Pode pular fases ou regredir;
2)    A adaptação pode ser influenciada por outros eventos;
3)    Pode não haver ajuste e fixar-se em uma fase anterior;
4)    A adaptação é dinâmica e muda gradualmente de experiências do transtorno para a assimilação;
5)    Se inicia por alterações nas funções e aparências corporais, alterando o conceito de si e de sua imagem corporal;
6)    O tempo de cada fase é variável e influenciado por apoio social, recursos financeirtos e humanos, crises passadas, idade, gravidade, natureza da incapacidade e personalidade;
7)    Maturidade e crescimento psíquico;
8)    Reequilíbrio psíquico;
9)    Inconstância e singularidade humana;
10) Pode-se vivenciar mais de uma fase ao mesmo tempo.


VI - A Relação Fisioterapêutica em uma perspectiva Cognitivo-Comportamental

De um modo geral, os clientes ou pacientes, consideram o fisioterapeuta como “o sujeito suposto saber”. A relação entre o fisioterapeuta e seu cliente assume uma função terapêutica, tornando-se uma relação facilitadora ou indutora do tratamento. Entre o fisioterapeuta e seu cliente se estabelece um vínculo terapêutico, que em fisioterapia é identificado como o “vínculo dos três dês” (Depósito – o problema; Depositante – o cliente; Depositário – o fisioterapeuta).
Esse vínculo faz com que a “díade relacional” tenha uma evolução, indo desde a “díade observacional”, passando pela “díade de atividade conjunta” e indo até a “díade primária”, constituindo esta a fase ideal, pois nela o cliente considera as orientações terapêuticas, mesmo na ausência corporal do fisioterapeuta, ou estando distante dele.

Os clientes que vivenciam as síndromes pós trauma, bem como os que padecem de disfunções mentais, geralmente lidam com a ansiedade.
Os fisioterapeutas precisam ajudar os clientes a controlar a ansiedade para continuar o tratamento. O fisioterapeuta poderá usar a estruturação cognitiva ou reformar os pensamentos e crenças do cliente em relação ao evento temido.
Após os clientes expressarem seus sentimentos, o fisioterapeuta pode ajudá-los a seguir o tratamento e transformar suas emoções em atividades cinesio terapêuticas.

Clientes muito ansiosos podem ser beneficiados com o tratamento fisioterapêutico em um ambiente familiar, calmo e confortável. Pode ser útil reorientar os clientes para a sala de fisioterapia e sobre as espectativas do tratamento em cada sessão, para que eles tenham uma “sensação” de controle maior.  O fisioterapeuta começa envolvendo os clientes em uma atividade terapêutica desenvolvida com facilidade, e então,  aumenta a complexidade da tarefa assim que o cliente adquirir confiança.

Enfoque Cognitivo-Comportamental

A reestruturação cognitiva pode ajudar a diminuir a ansiedade alterando os padrões de pensamentos que não se adaptam e modificar os comportamentos que não são saudáveis. Como muitos clientes não tem consciência da própria ansiedade, uma etapa inicial da terapia cognitiva comportamental é ajudá-los a reconhecê-la, determinando quais são os seus primeiros sinais de estresse.

Muitos respondem ao estresse com vômitos, dificuldades de respirar, mas existem sinais mais leves de estresse, como roer unhas, tremer as pernas, e outros, devendo  o fisioterapeuta inquirir sobre esses sinais menos graves.

O fisioterapeutas deve fazer um levantamento de quantas vezes por dia o cliente sente o estresse e registrar em diário e ajudar o cliente a encontrar padrões em suas ansiedades… mais ansiedade de manhã?... à noite?... quando vai à terapia?... quando recebe as visitas?  Quanto mais padrões de ansiedade conseguir identificar, melhor poderá  prever a ansiedade e se preparar antes que ela aconteça.
Especialistas afirmam que a terapia cognitiva comportamental pode ser  eficaz para controlar o estresse.

Quando o fisioterapeuta tem ciência que seu cliente tem uma história de ataque de pânico, poderá valer-se da técnica seguinte:

 Assim que o cliente descrever os primeiros sinais de desconforto durante o ataque, ajude a respirar de forma longa, profunda e lenta. Usar um saco de papel pardo sobre a boca dele enquanto respira para desacelerar a velocidade de inalação. É bom identificar que um ataque de pânico está ocorrendo e que o cliente continuará bem se continuar a se concentrar em respirar lenta e profundamente. O ataque de pânico poderá  se agravar em minutos e passar com a mesma rapidez.

Os clientes e seus familiares devem ser instruídos para entender que os ataques de pânico envolvem uma reação fisiológica, durando às vezes alguns minutos e podem acontecer sem nenhuma intervenção. Os que têm ataques de pânico graves e contínuos, devem ser encaminhados ao psiquiatra, para uma possível adoção de terapia medicamentosa (PRECIN, 2010).

7.0 – Palavras Finais

Esta apostila deve ser lida e refletida pelos alunos, estudantes, estudiosos e fisioterapeutas que forem se dedicar aos aspectos do bem estar e qualidade de vida, tendo em vista a promoção, proteção e recuperação da saúde mental e psíquica do seu cliente /paciente.

Como essa modalidade de intervenção fisioterapêutica é pouco utilizada em nosso meio profissional, em razão das abordagens fisioterapêuticas serem predominantemente organicistas, recomendo que os que forem se dedicar  a esse trabalho proposto, que se reúnam com seus pares, para discutirem os resultados obtidos, se possível nos dando um retorno, para que possamos melhorar nossas abordagens.
Prof. Dr. Felismar Manoel
2ª Revisão - julho de 2015

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(1) Fisioterapeuta - IBMR; Mestre em Motricidade Humana - UCB/Capes; Professor Mestre Adjunto I da UNIGRANRIO; Doutor em Filosofia da Religião - SETESA/Não Capes; Formação em Psicanálise Clínica - SFPC; Formação em Psicomotricidade Sistêmica - CEC; Formador-Didata em Terapia Psicomotora Analítico-Clínica - TEPAC do CEBRASC; Especialista em Educação - IBMR; Bacharel em Filosofia - SETESA; Bacharel em Teologia - SETESA; Bispo Primaz do Catolicismo Apostólico Salomonita (1902-2010).

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