Bispo Felismar
Manoel
Primaz do
Catolicismo Salomonita
Muitas pessoas se
dizem adeptas ou seguidoras do catolicismo, mas ao conversar com elas, percebe-se
não terem clareza do que significa realmente o catolicismo, nem conhecerem sua
trajetória básica. Geralmente são pessoas piedosas, mas que ignoram o que seja
realmente, o próprio segmento cristão,
do qual se dizem seguidoras; salvo naturalmente
a algumas exceções.
A palavra “catolicismo”
deriva da língua grega “katholikos”, sendo um termo de uso na
filosofia, querendo significar “geral”, “universal”, para todos, em oposição à ideia de “particular”,
“exclusivo”, afirmando portanto, a ideia do que se aplica a todos as pessoas.
No caso, o termo “catolicismo”, quer dizer
um segmento da Igreja de Cristo, portanto, um sistema salvacional
cristão que oferece a salvação a todas as categorias de indivíduos humanos.
Logo, o catolicismo não pode ser um movimento excludente, deve ser inclusivo,
possibilitando a salvação cristã a todas as categorias de seres humanos.
Os fundamentos dos
ensinamentos cristãos se encontram nos evangelhos canônicos, conforme se
encontram nas quatro versões que compõem o Novo Testamento; as cartas dos
apóstolos que também fazem parte do Novo
Testamento, alimentam a Tradição Apostólica genuína, que deve ser seguida
quando não se opõe aos ensinamentos dos
Evangelhos; o mesmo se diga do chamado Magistério dos Bispos, Patriarcas e
Papas, só devem ser acatados quando não se opõem aos Evangelhos de Jesus Cristo
e à Tradição Apostólica genuína. Logo a Igreja Cristã em sua legitimidade
deverá ser sempre cristocêntrica; a única suditagem admitida como legítima na
Igreja, é a Jesus Cristo, a quem se deve confessar Filho de Deus, Único Senhor
e Salvador. O Único Chefe da Igreja é Jesus Cristo, sendo todos os demais
Clérigos de qualquer grau, apenas Comissários de Jesus Cristo para o desempenho
das funções eclesiais e o serviço da comunidade.
A organização da
Igreja Cristã se deu por iniciativa dos doze apóstolos e outros discípulos,
movidos pelo direcionamento do Espírito Santo de Deus no dia de Pentecostes,
derramados sobre eles no décimo dia após a Ascensão de Jesus Ressuscitado aos
céus. As Constituições organizativas da Igreja (seus Estatutos constitutivos)
foram orientadas pelo senso apostólico, sendo por isso a Igreja denominada
Cristã Apostólica. Como a natureza da salvação oferecida por Jesus Cristo é
católica, ampla, oferecida para todas as pessoas, a Igreja de Cristo foi
chamada Católica Apostólica nos primórdios de sua organização.
Nos primeiros
tempos propriamente apostólicos, os crentes fiéis se reuniam nas Sinagogas dos
judeus, sendo bem cedo expulsos das Sinagogas, passando a realizar seus cultos
nas casas dos irmãos, como na casa de Maria de
Cléofas, por exemplo. Suas
primeiras comunidades se deram em Jerusalém naturalmente, se expandindo para
outras regiões, pelas pregações dos apóstolos e demais discípulos de Cristo,
ainda existindo comunidades de origem organizacional nas pessoas dos apóstolos,
que mantém continuidade histórica até os nossos dias.
Nos primeiros
tempos pós apostólicos, cinco líderes das sedes principais, unidos em consenso
formavam uma Pentarquia Governativa na Igreja Católica Apostólica, gozando de
prestígio e respeito dos povos, sendo reconhecidos como Patriarca de Roma,
Patriarca de Constantinopla, Patriarca de Alexandria, Patriarca de Antioquia e
Patriarca de Jerusalém. Essas cinco lideranças, seguiam os direcionamentos das
Constituições Apostólicas e buscavam consenso para as questões gerais da Igreja
Cristã, através dos Concílios Ecumênicos, durando esta conduta até o século
III.
A partir do século
IV, mais ou menos, o Patriarca de Roma sobressaiu-se sobre os outros quatro
Patriarcas, se impondo com pretensões de hegemonia monárquica sobre todos, e, a
partir daí, caminhou na substituição dos princípios das Constituições
Apostólicas, em favor dos princípios da Constituição Imperial de Roma,
subvertendo o conceito definidor de
Igreja, considerando-a como “sociedade
perfeita” , com isto equiparando-se a Sede do Patriarcado de Roma como um
Império Monárquico, com hegemonia sobre todas as Igrejas do mundo, situação bem
diversa do trabalho do apóstolo Pedro, tido como titular da Sede de Roma. Para
consolidar essa noção de Igreja-Estado,
primeiro com os Estados Pontifícios e depois com o Estado do Vaticano,
caminhou-se para a construção de
“ideologias”, “magistérios”, “dogmas”, e estratégias afins,
consolidadoras da hegemonia. Nada demais se tal Estado Pontifício não tivesse a
pretensão de ser a própria Igreja
Cristã. Assim, a Igreja de Roma se
desenvolveu com forte perfil de política de hegemonia no Ocidente, lançando
mãos de instrumentos contra-cristãos, como
as Cruzadas, a “Santa Inquisição”, o “Ultra Montanismo”, o “Sillabus”, entre outros, decaindo muito o
seu nível de práticas das virtudes cristãs, gerando no seio das comunidades,
grande desejo de reformas na Igreja, sendo essa uma das intenções de Francisco
de Assis com sua Fraternidade dos Irmãos
Menores.
Esse desejo de que
a Igreja Cristã do Ocidente retornasse às suas bases evangélicas
cristã-apostólicas e neo-testamentárias, levou ao surgimento de vários
reformadores dentro da própria Igreja, consolidando-se de fato, a partir da
Reforma Luterana. Assim, o catolicismo
ocidental, continua sendo um sistema
salvacional cristão, que oferece salvação para todas as categorias de
seres humanos, existindo em várias partes do mundo diversas denominações
católicas componentes da Igreja Cristã. Seguem alguns deles:
O Catolicismo
Ortodoxo (o mais antigo, atualmente uma Tetrarquia Apostólica consensual), o
Catolicismo Romano (com pretensões de hegemonia a partir do IV século), o
Catolicismo Reformado (após a Reforma Luterana), o Catolicismo Evangélico
(várias comunidades no mundo), o Catolicismo Anglicano (várias comunidades em
comunhão), o Catolicismo Melquita, o Catolicismo Maronita, o Vétero-Catolicismo
Holandês, o Catolicismo Salomonita (Catolicismo Livre, Ordem de Santo André,
Catolicismo Independente e Catolicismo Apostólico Salomonita), o Catolicismo
Brasileiro (a partir do Bispo de Maura), o Catolicismo Luzitano, o Catolicismo
Galicano, o Catolicismo Liberal, o Catolicismo Carismático e outros Movimentos
Católicos dos tempos atuais.
O conceito
proclamado de Igreja, no consenso cristão-apostólico é ser, --- uma “comunidade do povo de Deus que se reúne
em nome de Jesus Cristo e que busca o
consenso para adorar a Deus, para orar, para ministrar a palavra de
Deus, para participar dos sacramentos e para implantar o reino de Deus na terra,
sempre em união os crentes fiéis, os
pastores e outros ministros” --- .
Portanto, a Igreja não é uma “sociedade perfeita” e sim uma “comunidade de
crentes-fiéis a Jesus Cristo, como Filho de Deus”.
Assim, espero e
desejo que, quem for simpatizante, adepto, ou praticante de qualquer uma dessas tradições católicas,
se instruam para conhecer as verdades históricas que envolvem qualquer tradição católica. Devemos refletir
sobre os erros que nossas tradições históricas já cometeram no passado, pedir
perdão pelos pecados que cometemos, enquanto enquanto indivíduos e enquanto instituições,
fazer reparações quando possíveis e propósitos de acerto na nossa caminhada
daqui para frente, nos orientando pelos ensinamentos seguros do Evangelho de
Jesus Cristo, aliás, único livro que contém historicamente o que Jesus Cristo
ensinou, sendo por isso, o parâmetro para se certificar se uma doutrina e
prática é de fato cristã. Que Deus nos abençoe a todos.
Dom Felismar Manoel
Bispo Primaz do
Catolicismo Salomonita
Comemoração da
Transfiguração do Senhor
Dia das Vestes
Litúrgicas
Em 06/08/2015
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