Prof. Dr. Felismar Manoel,
Fisioterapeuta com Mestrado
em Motricidade Humana,
formação em Psicomotricidade Sistêmica
e Psicanálise Clínica (1)
2ª Revisão – Julho de 2015
1.0
- Palavras Iniciais
A Resolução COFFITO 80, do Egrégio Conselho Federal de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional, traz ricos
fundamentos para nossa reflexão:
a) considera a fisioterapia como
ciência aplicada, que tem como objeto de estudos o movimento humano em todas as
suas formas de expressão e potencialidades, tanto nas alterações patológicas,
quanto nas suas repercussões psíquicas e orgânicas, tendo como objetivos
preservar, manter, desenvolver ou restaurar a integridade de
órgãos, sistemas ou funções;
b) preconiza o processo terapêutico em
fisioterapia lançando mão de
conhecimentos e recursos próprios, com os quais, e baseado nas condições
psíquicas, físicas e sociais, buscar a promoção, aperfeiçoamento ou adaptação
do individuo a uma melhor qualidade de vida, através da relação terapêutica.
Nesta apostila vamos refletir sobre a
prática da Fisioterapia na Saúde Mental.
Para discorrer sobre saúde mental é preciso entender um pouco sobre
"mente" e sobre o "aparelho psíquico", estando ciente que
para a formação da mente e do aparelho psíquico, é necessário a existência do cérebro orgânico.
1.1
- A Elaboração do Sistema Neural
O Cérebro Humano é o resultado de um
longo processo de elaboração do sistema neural dos animais durante a filogênese
dos vertebrados. Os animais que
pertencem ao filo dos vertebrados (ou cordados), como afirma Vitor da Fonseca
(2010), possuem um sistema neurológico complexo, formado ao longo da evolução
criativa, e este composto por três blocos básicos:
a) o arquicórtex com o seu sistema
reticular (mesencéfalo, tronco e bulbo), responsável pelas funções vitais
básicas;
b) o paleocórtex (o diencéfalo -
sistema límbico), responsável principalmente pela vida afetiva, social e
relacional;
c) e o neocórtex com seu sistema agregado conexionista, responsável pelas
funções mentais superiores.
O sistema neurológico é construído
anatomicamente, sendo portanto orgânico, físico, sabendo-se onde ele se
localiza no corpo dos humanos, já que aqui vamos estudar sobre a mente e o
aparelho psíquico humano, deixando de lado os outros animais.
1.2
- A Mente e o Aparelho Psíquico
A Mente e o Aparelho Psíquico não
encontram um lugar de suas respectivas localizações no cérebro, embora os dois
necessitem do cérebro para serem formados; portanto, o cérebro orgânico é o substrato
que oferece as bases para a existência da mente e do aparelho psíquico.
Segundo os pesquisadores Luria e
Vygostiky (1992 e 2007), a mente e o aparelho psíquico para serem formados
dependem do cérebro orgânico, sendo enormemente dependentes da história de vida
do indivíduo e de seus potenciais biológicos, estando portanto, recebendo as
modulações dos fatores socioculturais e ambientais também.
Podemos então apontar os quatro conjunto
de fatores que contribuem para a formação
da mente e do aparelho psíquico:
a) - Potenciais biológicos (principalmente genéticos e bioquímicos)`;
b) - fatores sociais e culturais;
c) - fatores ambientais;
d) - história de vida do indivíduo.
1.3
- O Conceito de Mente Encarnada
Sabe-se que estes quatro fatores acima
referidos interagem mutuamente durante o desenvolvimento da criança,
contribuindo para formar a mente e o aparelho psíquico do indivíduo; isto
ocorre em consequência de várias conexões entre os neurônios, sendo essas
conexões denominadas sinapses.
Admite-se que existam cerca de cem
bilhões de neurônios cerebrais, estruturados no cérebro orgânico; quando um
grupo de neurônios é envolvido na produção de qualquer comportamento humano,
esse conjunto forma uma unidade de padrão comportamental denominada de engrama,
ocorrendo alterações físicas no sítio cerebral onde esses neurônios estão localizados, por uma
melhora da irrigação sanguínea, ficando tal área cerebral mais dúctil, facilitando
a ocorrência das sinapses com maior rapidez,
nesse caso, sendo denominado esse
padrão comportamental de "mente encarnada". Assim, mente e psiquismo não se encontram em
um local determinado do cérebro
orgânico, mas é resultado dessa maravilhosa sinfonia que envolve
integralmente todo o cérebro, oferecendo condições para possibilitar os
diversos comportamentos dos indivíduos humanos.
2.0
– A Importância da Infância
Sabe-se que as fases do desenvolvimento
infantil são muito importantes para a formação da mente e do aparelho psíquico
dos indivíduos, envolvendo os fatores presentes desde a concepção, passando
pela infância, adolescência, vida adulta
maturidade e velhice. A principal função do sistema neural é adaptar o
individuo ao seu meio, através de trocas de informações entre estímulos
aferentes, processamento das informações e respostas eferentes para o corpo.
2.1
– A Saúde Materno-Infantil
A fisioterapia clínica atua na promoção
e proteção da saúde materno infantil, com a observância de cuidados pré natal e
o tratamento de intercorrências que possam surgir contra a saúde materno infantil, fazendo parte das preocupações para uma saúde
mental e psíquica exitosa. Durante essa fase,
a prática fisioterapêutica dispõe de protocolos de cinesioprofilaxia pré
natal e pós natal envolvendo a mãe, bem como protocolos de vigilância do
desenvolvimento integral da criança, com forte ênfase na fisioterapia
psicomotora (ou psicocinética), que se preocupa com a saúde integral, o bem
estar e qualidade de vida do indivíduo durante toda a vida.
2.2
- Temperamento, Personalidade e Caráter
A Fisioterapia na Saúde Mental não pode
ignorar os elementos de Psicologia Corporal,
sobre temperamento, personalidade e caráter, pois são atributos da
pessoa que interferem nas manifestações da saúde mental e tem correlações nas
terapias mediadas pelo corpo.
Tomo aqui um texto de VOLPI (2004),
onde ele afirma que “o
conceito de temperamento refere-se a um sistema constitucional
sustentado nas diferentes compleições
do organismo e
em sua estrutura
física”.
Essa tipologia representa uma abordagem
ao estudo da relação entre as características físicas e as psicológicas.
Temperamento é uma disposição inata e particular de cada pessoa, que reage
aos estímulos ambientais, como
maneira interna de ser e agir de uma
pessoa, dependente do seu perfil genético;
pode-se dizer que é o aspecto
somático da personalidade.
Temperamento aqui é entendido como o
biótipo do individuo, levando em consideração os três folhetos embrionários
predominantes na sua estrutura somática.
Sabe-se que na fase embrionária ocorre a organogênese,
ou seja, a formação do organismo do ser humano.
Durante a organogênese, ocorrem
divisões e especializações celulares. Os três processos embrionários dão origem
a órgãos e estruturas do corpo do embrião, além dos anexos embrionários. Nessa
perspectiva, é válido afirmar que:
a) O
ectoderme dá origem a epiderme e seus anexos, os pêlos, as unhas,e outros; as mucosas corporais
(oral,
anal e nasal),
o esmalte dos dentes, o sistema
nervoso (através do tubo neural),nos olhos (retina, cristalino
e a córnea), a hipófise,
entre outros;
b) O mesoderme,
por sua vez, é dividido em epímero, mesômero e hipômero. O epímero forma o esqueleto
axial, a derme (tecido conjuntivo) e o tecido
muscular. O mesômero, rins, gônadas e ureteres. Por fim, o hipômero, que origina os músculos lisos e cardíacos, além de três serosas: pleura (reveste
externamente o pulmão), o pericárdio
(revestimento cardíaco) e peritônio (abdomem).
c) Do endoderme
surgem os alvéolos pulmonares e as seguintes glândulas: fígado, tireóide,
paratireóide;
também é a básica formação do revestimento interno dos tratos digestório e respiratório.
Existem vários outros modelos de
classificação de biótipos, não sendo nosso interesse estuda-los aqui nesta
apostila.
O temperamento não é aprendido, nem
pode ser educado, podendo ser transmitido de pais para filhos, ser abrandado
pelo caráter, em um movimento do próprio individuo no desejo de se modificar, e
ainda nesses casos, podendo ser ajudado pelos terapeutas.
A psicanálise de S. Freud afirma que os processos do inconsciente influenciam
o comportamento das pessoas, podendo manifestar-se na sua personalidade. Segundo Ballone (2003), a personalidade é a
organização dinâmica dos traços no interior do eu, formados dos genes que
herdamos, das nossa vivências singulares, das nossas percepções do
mundo, tornando cada indivíduo único em sua maneira de ser e de desempenhar o
seu papel social.
Admite-se que três fatores básicos influem na formação da personalidade:
a) Fatores Hereditários - estão determinados
desde a concepção do bebê, como estatura, cor dos olhos, da pele, temperamento,
reflexos musculares e vários outros. É aquilo que o bebê recebe de herança
genética de seus pais;
b) Fatores Socioculturais - exercem uma grande influência dizendo
respeito à cultura, costumes familiares, grupos sociais, escola,
responsabilidade, moral, ética, e outros, principalmente durante o processo de
endoculturação, na internalização das noções de valores;
c) Fatores Ambientais – certos costumes
e práticas relacionadas com os
ambientes, vivenciadas pela criança, irão lhe dar suporte e contribuir para a
formação de seu caráter e manifestar na personalidade, principalmente através
das pessoas significativas para as crianças, durante o processo de socialização
primária.
2.3
- Diferenças entre Temperamento e Personalidade
Segundo Volpi (2002), baseado em
Strelau e Angleitner, apresenta cinco características diferenciais entre temperamento e personalidade:
I - O temperamento é determinação
biológica e a personalidade é um produto do ambiente social.
II - Percebe-se temperamento desde
cedo, já na infância, enquanto a
personalidade se molda durante os períodos do desenvolvimento infantil.
III - Diferenças individuais de
temperamento como ansiedade,
extroversão-introversão, são observados também em animais, enquanto que personalidade é a prerrogativa
de seres humanos.
IV - Temperamento tem relação com estilo, enquanto personalidade contém
aspectos do comportamento.
V -
Diferente do temperamento, a personalidade tem função
integrativa do comportamento humano.
Pode-se definir personalidade como o
conjunto de elementos herdados durante
a gestação e de elementos adquiridos do meio
ambiente e dos aspectos socioculturais, durante o desenvolvimento,
formando o mundo interno psíquico de uma pessoa.
2.4
- O Caráter
Para W. Reich (1995), caráter é... o conjunto de reações e hábitos comportamentais, que adquiridos ao longo da
vida orientam o modo individual de cada
pessoa, sendo composto das sua atitudes frequentes, seu padrão de respostas
para as situações, incluindo as atitudes
e valores conscientes, o estilo de comportamento (timidez, agressividade e
outros) e as atitudes físicas (postura, hábitos de manutenção e movimentação do
corpo).
Desde a fecundação, as informações
genéticas do pai e da mãe passam ao bebê, constituindo o seu temperamento.
Durante a gestação, o bebê recebe os estímulos
do meio; percebe e participa das alterações sofridas pela mãe durante a
gestação, vai incorporando esses estímulos, organizando-os em seu mundo interno
e assim construindo sua personalidade. Os enfrentamentos que a criança tiver
durante o seu desenvolvimento, determinarão sua forma de agir e reagir na vida,
constituindo o seu caráter, como a expressão de seu mundo interno.
Segundo Volpi e Volpi (2002),
existe uma relação de reciprocidade
entre o desenvolvimento emocional, a formação do caráter e a Energia Vital (Orgonomia). O ser humano é a expressão de
uma energia chamada Energia Vital (Qi, Orgone, Prana), que se forma no individuo desde a concepção,
em pulsos constantes, somando-se a outras energias da nutrição, do cosmos e da
terra.
Nas etapas do desenvolvimento
emocional, se incorpora à memória celular do individuo, as experiências vivenciadas por ele em tal
fase, sendo que o somatório dessas etapas formarão o caráter, com suas atitudes
e formas de reagir às situações impostas pelo mundo
Os acontecimentos durante essas etapas,
principalmente da primeira infância -
sem condições de defesas, como estresses, privações e frustrações
desnecessárias - causam ao caráter
marcas e bloqueios, - fixando a energia na fase do desenvolvimento em que tal
evento traumático ocorreu.
3.0
– Desenvolvimento da Consciência
e das Emoções
Durante o desenvolvimento infantil estão ocorrendo, tanto o desenvolvimento emocional quanto a
formação da consciência, quer no nível
da consciência inconsciente, quer no
nível da consciência consciente.
Fundamentando-se na psicologia corporal
reichiana, são as seguintes as etapas do desenvolvimento emocional:
1ª Etapa Emocional –
Sustentação –
Da
fecundação e até o nascimento.
O útero é o primeiro ambiente da criança, deve ser acolhedor, alimentando e dando sustentação ao bebê, fisiológica, emocional e energeticamente. O feto reage a estímulos sensoriais sentindo o que sua mãe sente. Assim, estresse, angústia, sentimento negativo da mãe, uso de drogas, álcool, altera o processo e impede o desenvolvimento físico, energético e emocional normal.
2ª Etapa Emocional - Incorporação – Do
nascimento até à fase de desmame.
O bebê internaliza o mundo externo, o
leite materno, o seio da mãe, seus cuidados, seu carinho, seu olhar, seu cheiro
e sua pele. Deve-se nessa fase,
alimentar o bebê conforme suas
necessidades, principalmente através do choro, e não de acordo com o que a mãe
acha correto, não sendo conveniente impor limites nessa fase, para não prejudicar o desenvolvimento
energético e emocional normal do bebê.
Ao aproximar o final dessa etapa, aproximando o desmame, a criança começará a perceber que ela e a mãe não são uma só pessoa, inicia a exploração do ambiente externo e das outras pessoas que estão a sua volta de modo gradativo.
Ao aproximar o final dessa etapa, aproximando o desmame, a criança começará a perceber que ela e a mãe não são uma só pessoa, inicia a exploração do ambiente externo e das outras pessoas que estão a sua volta de modo gradativo.
3ª Etapa Emocional - Produção - Do desmame até o final do 3º ano de vida.
A energia da criança se volta para a produção e construção de pensamentos, brincadeiras, jogos e relações com o ambiente e as pessoas, surgindo as conquistas da autoconsciência e autonomia, surgindo foco de interesse a produção de fezes e urina. Não se deve fazer a educação do controle dos esfíncteres antes que a criança esteja preparada e sim por volta dos 18 meses de idade, iniciando com a colocação de limites e os “nãos”, mas de forma não punitiva ou frustrante, sem necessidade. Não inibir a liberdade e espontaneidade da criança. Os excessos de limitações e frustrações, ou feito de forma inadequada, poderão trazer danos ao caráter em formação. Nessa fase as crianças começam na imitação dos pais que lhes servirão de modelos.
4ª Etapa Emocional – Identificação -
Começa pelos 4 anos indo até os 5 ou 6 anos de idade.
Desenvolvimento de conquistas pessoais significantes para seu progresso: fuga da individualidade e do egocentrismo e compartilhamento e socialização;
desenvolvimento da capacidade de simbolização e classificação; aprende
disciplina e organização e tem inicio do
entendimento e incorporação do
“certo” e “errado”.
Desenvolvimento do autoconceito, distinção dos sexos identificando a qual pertence. Curiosidade sexual e masturbação, como manifestação natural, não devendo receber punição.
Desenvolvimento do autoconceito, distinção dos sexos identificando a qual pertence. Curiosidade sexual e masturbação, como manifestação natural, não devendo receber punição.
5ª Etapa Emocional –
Formação do caráter –
Iniciado aos 5 ou 6 anos, indo até a
puberdade. Inicia a escolarização. Pais e educadores nessa etapa, influenciam a
forma da criança lidar com o aprendizado, em diferentes situações e por toda a
sua vida, podendo ser de forma prazerosa, ou desprazerosa, dependendo do modelo
convivido. Capacidade para lidar com
diferentes problemas, em um ambiente estimulante que desperte o interesse,
facilita o desenvolvimento das habilidades. Noções de
responsabilidade para gerar independência; consciência de seu valor para si
mesmo e para os outros, desenvolve a autoestima; imagem
de si distorcida prejudica a formação do caráter. Completude do
desenvolvimento emocional e da estrutura do caráter da pessoa.
3.1 - As Fases do Desenvolvimento da
Consciência
O corpo é o continente onde o individuo
existe e se afirma enquanto ser e pessoa, estando impressa nele as suas marcas
existenciais e de singularidade. O corpo
próprio é a via de manifestação do ser humano no mundo, constituindo-se assim em
corporeidade. Existe uma relação entre o Corpo e os Estados de Consciência que orienta as diferentes "escutas"
da corporeidade humana.
A Antropologia Essencial de Jean-Yves
Leloup (O Corpo e Seus Símbolos, 2010), oferece uma escala do desenvolvimento
da consciência relacionada com as variações das faixas etárias.
Observa o autor que a consciência pode
ser comparada com uma escada, onde os degraus superiores se apoiam nos degraus
inferiores, exigindo que esses primeiros degraus sejam solidamente construídos,
para dar suporte e sustentação aos degraus
superiores. Assim também é a consciência, em que suas fases superiores
na vida adulta, irão depender da boa formação dos estágios inferiores da
infância, para que tenham uma saudável manifestação durante a vida em forma de
saúde mental e psíquica.
O desenvolvimento da consciência vai
desde a consciência intrauterina pré pessoal até a abertura à consciência transpessoal,
possibilitando as diversas ressonâncias
registradas no corpo como memórias corporais.
Assim:
I – Consciência Matricial - O primeiro
local de memória corporal é a intrauterina,
quando passivamente registramos as
vivências da mãe. Aqui se registra as memórias arcaicas formando a consciência
matricial.
II – Consciência Oral - Com o
nascimento (um evento traumático para a criança), o bebê entra em relação com
outro corpo, procurando a fusão e a unidade
que ele acaba de perder. Época da educação para a formação de vínculos
durante a vida toda. Surge a consciência oral. Tudo o que gira com nossa
oralidade deve ser observado.
III – Consciência Anal - Lentamente a
criança perde a identidade com o corpo da mãe e descobre seu corpo (chupa seu
dedo, seu pé, brinca com suas fezes).
Fase da consciência anal, voltada para a aprendizagem da limpeza e cuidados com
o nossa corporeidade.
IV – Consciência Genital - A seguir vem
a descoberta de nosso ser sexuado, quando surge a consciência genital, podendo
esta ser fonte de felicidade na vida
adulta, identificando-se e aceitando-se na sexualidade que se tem, ou fonte de
dificuldade não se identificando ou não
se aceitando na sexualidade que se é.
==è
INCONSCIENTE PSICANALÍTICO
Domínios do Id, das Pulsões Instintivas - Essas quatro etapas anteriores, na visão
freudiana, tem importância fundamental na formação do inconsciente
psicanalítico com as cargas energéticas do Id.
V – Consciência Familiar - Ao crescer,
mais ou menos a partir da idade escolar, surge a consciência familiar
assimilando os valores e símbolos da cultura dos pais e do meio, quando correspondemos à imagem que nossos pais fazem
de nós, da qual, às vezes é difícil sair.
VI – Consciência Social - Na sequência, geralmente na fase da pré-adolescência, surge
a consciência social, o topo da escada na visão freudiana, pois se houver um desenvolvimento sem medo, poderá
gerar uma boa adaptação à vida sexual e/ou do trabalho, estando bem integrado a
sociedade. Pode-se considerar que a consciência social é o reino do eu, do ego
bem adaptado. Acontece que, se tal
sociedade for uma sociedade "doente" em sua forma de ser e agir, faz
com que a pessoa nela formada seja psiquicamente não saudável, incorporando as
más influências dessa sociedade.
==è
SUPEREGO PSICANALÌTICO – Domínio dos Valores, dos Juízos - Essas duas
etapas anteriores formam o Superego na visão psicanalítica, responsável pelos
interditos morais aos impulsos do Id, baseado nos valores da socioculturalidade
de nossa família, de nosso ambiente, interditos esses que formarão os recalques
geradores dos sintomas neuróticos.
VII –CONSCIÊNCIA DO EGO AUTÔNOMO - Nem sempre a consciência social
do ego bem adaptado é sinal de saúde, pois se a sociedade estiver
"doente", essa adaptação também será doentia, surgindo a necessidade
interior de libertar-se dessa imagem social, conquistando uma consciência do
ego autônomo, importante na consolidação da singularidade e identidade da
pessoa, tanto a identidade de gênero, quanto a identidade sociocultural e
religiosa.
VIII – CONSCIÊNCIA DO SELF - Nas
vivências da consciência autônoma, através das crises e pressões da existência
do indivíduo, ele poderá perceber que, mesmo a afirmação do ego autônomo sendo
boa, não é ela o objetivo principal da sua vida, descobrindo a consciência do self,
a consciência da Verdade, a consciência da Vida, que anima a sua vida
pessoal, o seu "si mesmo" autêntico, harmonizando-se com a sua
verdade, geralmente através de medos, de recusas, ou com a ajuda dos
terapeutas, ou ainda dos ministros das religiões.
==è SELF VERDADEIRO – Domínio da
Consciência Consciente - Na visão
freudiana, o ego verdadeiro deverá ser formado libertando-se das pressões
intrigantes do Id e do Superego, para dar lugar a um Eu equilibrado manifestado
no self verdadeiro.
IX – CONSCIÊNCIA TEANTRÓPICA – Domínios
da Consciência Além do Medo e do Desejo - Há ainda a possibilidade de surgir
outra etapa (ou até outras etapas) de difícil definição. Trata-se da
consciência theantrópica (de Theos = Deus e Antropos = ser
humano), sendo uma consciência além do
medo e do desejo, pois em algum lugar dentro de cada um de nós, sempre haverá
esse estado de não-medo, não-cobiça, própria da auto transcendência; mas haverá também a pulsão sexual, o medo da doença, o medo da
decomposição. Em nós, todas essas
consciências estão sempre presentes enquanto memórias corporais.
==è NOTA - Estas memórias
conscienciais têm alguma relação como
zonas alvos de nossa corporeidade, podendo
produzir manifestações impropriamente ditas psicossomáticas (a rigor não
existe a dualidade corpo-soma, já que o ser humano é integral), pois elas
compõem a nossa memória corporal ontogenética.
4.0
- A Pessoa Humana
Nós, os profissionais de saúde e os
nossos clientes, somos Pessoas Humanas. Ser pessoa humana é possuir um status político e jurídico de cidadão, com
deveres e direitos reconhecidos pela legislação do país.
Assim, mesmo um concepto embrionário ou
um feto, é uma pessoa em potencial, tendo os seus direitos reconhecidos,
existindo documentos oficiais que tipificam esses direitos.
Intervir nesses ciclos vitais, ou na
vida dessas pessoas potenciais, exigem cautelas legais sob as esferas dos Juízes
de Direitos, com medidas protetoras. De igual modo, também as pessoas que não
têm o uso da razão, ou por tenra idade, ou por condições de ausência de
racionalidade, em consequência de alterações mentais e psíquicas, dependem
dessas instâncias legais e jurídicas protetoras. Também os ébrios, em
consequências de uso de álcool, ou outras drogas, durante os seus surtos de
embriaguez, precisam de mecanismos de proteção por parte daqueles que estão
sóbrios.
4.1
- Como se Define Uma Pessoa
De um modo geral, existem as pessoas
físicas naturais (os seres humanos) e as
pessoas jurídicas (as associações, as empresas, as firmas, e outros). Aqui
estamos tratando das pessoas físicas naturais, nós e nossos clientes.
A Antropologia Filosófica, na voz de Batista
Mondim (1997), caracteriza a pessoa como
quem é capaz de cultivar certos atributos, como a autoconsciência, a autonomia,
a comunicabilidade, a afetividade, e
auto transcendência; pode-se acrescentar ainda os atributos de autoestima,
autoconfiança, autocuidado e alteridade, pois todos são fundamentais para uma boa saúde mental.
5.0
– Como Avaliar o Perfil do Cliente/Paciente
A fisioterapia na saúde mental, não
visa fornecer um diagnóstico de doenças mentais e psíquicas do cliente ou paciente; sua avaliação objetiva
apenas identificar seu perfil, ou marco
de qualidade de vida do ponto de vista mental e psíquico, já que tem
como tarefa a promoção e proteção do bem estar do individuo e da sua saúde
mental e psíquica.
5.1
– Alguns Instrumentos Avaliativos
I
- História de Vida do Cliente
Dado a importância dos variados
estímulos recebidos pelo individuo durante a sua vida, principalmente na
infância, tanto do seu ambiente
ecológico, como também do seu contexto familiar, sociocultural, político,
econômico e religioso, formadores, ou interferentes na saúde mental e psíquica
do cliente, um dos excelentes meios de se avaliar essa situação, é através do
levantamento da História de Vida do Cliente.
Pela história de vida se conhece o
contexto existencial vivenciado pela pessoa no passado e no presente, e buscar
com diligência junto ao próprio cliente, os caminhos para uma vida exitosa no
futuro.
Roteiro
de Entrevista
I - Identificação -
Nome:
Endereço:
|
Idade: Sexo: Naturalidade:
|
Escolaridade:
|
Queixa principal:
:
|
Histórico do problema:
|
Fator precipitante do problema:
|
Impacto do problema na existência:
|
II - Infância -
Histórico do ambiente familiar e infância:
|
Quantos irmãos e qual a sua ordem de
nascimento:
|
Ocupação dos pais:
|
Gravidez desejada?
Pré-natal?
Doença pré-natal?
Tipo de parto/
Amamentação: Tipo e até quando?
Doença na infância?
|
III - Desenvolvimento:
Diálogo tônico corporal?
Rolar e arrastar?
Engatinhar?
Andar?
Falar?
Relacionamento com os pais e
cuidadores?
Castigos?
Abusos?
Relacionamento com irmãos?
Pessoas importantes na infância?
Lembrança marcante da infância?
|
IV - Idade Escolar:
Com quem brincava na infância?
Gostava da escola?
Tinha amigos na escola?
Tinha um melhor amigo?
Como eram suas notas escolares?
|
V - Adolescência:
Continuou os estudos?
Como foi o seu desempenho estudantil?
Se parou de estudar, o que fez então?
Relacionamento com colegas?
Namoro? Paquera? Ficar?
Atração, por homens, mulheres, ou por
ambos?
Algum problema de ordem sexual?
Alguma questâo de identidade de
gênero?
Alguma questão que deseja
esclarecimento?
Experiências com drogas:
* Álcool?
* Fumo?
* Outras drogas?
Vocação:
* Tem vocação especial para alguma
atividade?
|
VI - Idade adulta:
Atividade após estudos, ou abandono dos
mesmos?
Trabalhos que já realizou?
Trabalho que mais gostava?
Relacionamento com chefes e colegas?
Moradia própria?
Dificuldade financeira?
Casamento?
União estàvel?
Como é, ou foi sua união?
Tem algum desconforto na vida
afetiva?
Deseja algum esclarecimento sobre
alguma coisa?
Filhos?
Relação com filhos?
Saúde dos familiares?
Perdas de familiares? de amigos ?
Amigos íntimos, que se pode confiar?
Ocupação no tempo livre?
Perspectiva para o futuro?
Deseja algum esclarecimento?
|
VII - Vida Social -
Lazer preferido?
Afinidades por algum esporte?
Afinidades por arte?
Afinidades por atividades físicas
comuns?
Satifeito com a classe social?
Amigos/as?
|
VIII - Vida espiritual -
Cultiva alguma prática de vida
espiritual?
Filosofia de vida?
Costumes especiais?
Vida comunitária?
Bem estar social?
Saúde do planeta?
Encontros domésticos?
|
IX - Outros:
|
II
- Auto confrontação
A auto confrontação é o modo como eu
relaciono, manifesto, interpreto, faço reflexões e vivencio as minhas situações
individuais e pessoais, no ambiente em que eu vivo, tanto para comigo mesmo na
minha vida mais íntima, quanto na minha vida familiar, comunitária, social,
filosófica, ideológica, ou religiosa.
Uma análise da auto confrontação pode
ajudar a detectar se um padrão de vivência existencial está dentro dos padrões
aceitáveis de saúde mental, em determinado contexto cultural, verificando como
está o seu foco afetivo, se há equilíbrio entre a autoestima e alo-estima.
O fisioterapeuta em saúde mental,
poderá usar alguns instrumentos junto aos seus clientes, buscando conhecer
melhor a situação da saúde mental de seus clientes. Não se trata de um "diagnóstico clínico", pois isto é
tarefa dos profissionais especializados; são apenas alguns meios balizadores, para a partir deles melhor
orientar a promoção e proteção da saúde mental dos clientes, bem como executar
protocolos de cinesioprofilaxia das doenças mentais, ou fazer encaminhamentos
para os profissionais especializados.
Método de Auto confrontação MAC –
conforme Teoria de Hermas
(Validação em Portugal por Mafalda
Pereira,
João Salgado e Anita Santos, do ISMAI –
Instituto Superior de Maia –
Portugal 2010)
Este é um recurso para avaliar a autovalorização
do individuo, buscando identificar:
1 – orientação para si mesmo – self (S);
e 2 – orientação para o outro – other (O).
Trata-se de um Instrumento Idiográfico
– Para construção e reconstrução da identidade = self, relacionado com valoração e tipos de afetos que o individuo
esta vivenciando.
Inicialmente refletir com o individuo sobre experiências significativas do seu passado,
presente e futuro, aumentando o insight tanto do cliente quanto do
profissional, adquirindo conhecimento acerca dos significados pessoais de sua
vida.
Técnica - O individuo é convidado a
realizar uma auto-investigação exaustiva em sua vida, que depende da construção de valorizações a
partir de três sub fases:
1 - formulação das valorações;
2 - exploração dos afetos associados;
3 – discussão.
Deve-se refletir acerca do seu passado,
presente e futuro, a partir de questões abertas. Converter a sua história de
vida em breves narrativas, consistindo em valoração que condensam o significado da sua experiência,
sendo escrita em uma folha e passando-se para a sub fase que segue:
Fazer a cotação, em uma escala de 0 a 5
, dos termos afetivos contidos em uma lista
(poderá ser de 16, 24, 30).
Cada valoração é cotada com a mesma lista de afetos, que remetem para uma variedade de afetos
distintos. Por fim solicita ao cliente que, conforme a lista, avalie o modo
como se tem sentido nos últimos dias e como gostaria de se sentir. Obtém-se
assim, um padrão de afeto geral e ideal, bem como o das várias valorações.
Os afetos são classificados em quatro
escalas:
Self = S
Outro = O
Positivo = P
Negativo = N
resultante das somas das equações.
Relação de termos afetivos:
Autovalorização = S : -> autoestima, força de vontade, autoconfiança, orgulho.
Contato e união com os outros = O :
-> Amor, ternura,
intimidade, carinho.
Diferença entre S e O : Se
S>O a autovalorização é mais
forte que a experiência de contato com o outro e vice-versa.
Índice P = soma dos termos afetivos
positivos: -> alegria, prazer,
felicidade, calma interior.
Índice
N = soma dos termos afetivos negativos -> Preocupação, infelicidade, desânimo,
desapontamento.
Se
P > N o padrão de afeto é
positivo, mas se N > P o
padrão é negativo.
Uma semana após, discute-se o resultado
com o cliente, focando fundamentalmente no seu sistema de valorações,
promovendo a autorreflexão, a auto exploração e o autoconhecimento,
podendo reorganizar o seu próprio sistema de valorações.
- Escala de Valoração dos Afetos
Cotação
|
0
|
1
|
2
|
3
|
4
|
5
|
Valoração
dosAfetos
|
Nada
|
Um
pouco
|
De
alguma forma
|
Bastante
|
Muito
|
Muito
mesmo
|
|
|
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|
Auto-estima
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|
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|
|
Força de Vontade
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Auto-confiança
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|
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Orgulho
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|
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Soma
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|
|
|
Amor
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Ternura
|
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|
|
|
|
Intimidade
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|
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|
|
|
|
Carinho
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|
|
|
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|
|
Soma
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Alegria
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|
|
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Prazer
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|
|
|
|
|
|
Felicidade
|
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|
|
|
|
|
Calma interior
|
|
|
|
|
|
|
Soma
|
|
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|
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|
|
|
|
|
|
|
Preocupação
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Infelicidade
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|
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|
|
|
Desânimo
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|
|
|
|
|
|
Desapontamento
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|
|
|
|
|
|
Soma
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
III
- Escalas de Cognição Sócio-Relacional
A
cognição Sócio Relacional pode ser avaliada pelas escalas de
inteligência intrapessoal e inteligência interpessoal. Celso Antunes, um
educador brasileiro, trabalha essas possibilidades para a identificação de
inteligências múltiplas, consigo próprio e com os alunos, podendo por tanto,
ser adaptados para os clientes e pacientes.
Ficha de Escala de Inteligência Intrapessoal
Nome:________________________________________Data
___/___/____
Sou uma pessoa que:
|
Sempre
5
|
Quase
sempre
4
|
Às
vezes
3
|
Raram ente
2
|
Nunca
1
|
Tenho
consciência das minhas emoções, mesmo as leves, assim que acontecem
|
|
|
|
|
|
Uso meus
sentimentos para tomar decisões importantes do meu dia-a-dia
|
|
|
|
|
|
Quando fico com
raiva, posso ter esplosão, mas não fico remoendo isso por muito tempo
|
|
|
|
|
|
Uma derrota
minha, ou do meu time, me deixa aborrecido, mas não me perturba muito,
sabendo que posso melhorar.
|
|
|
|
|
|
Quando alcanço
meus objetivos, gosto de receber
elogios e cumprimentos, mas esses elogios não me sobem à cabeça.
|
|
|
|
|
|
Não fico mais
ansioso pelo sucesso em uma prova, a ponto de prejudicar meu preparo.
|
|
|
|
|
|
Quase sempre eu
me acho legal e creio que a maior parte das pessoas me acham simpático/a.
|
|
|
|
|
|
Acredito que
meus amigos sabem me compreender e que me avaliam de acordo com o que eu acho
que é meu verdadeiro valor.
|
|
|
|
|
|
Felicidade,
afeição, orgulho e alegria são atitudes mais presentes em minha vida, quando
comparados com desgosto, culpa, inveja, tristeza, e arrependimento.
|
|
|
|
|
|
Não acho difícil
um futuro no qual eu possa amar muito uma pessoa e ser também correspondido.
|
|
|
|
|
|
Soma
|
|
|
|
|
|
Adaptado de
Celso Antunes
Ficha de Escala de Inteligência Interpessoal
Nome:________________________________________Data
___/___/____
Sou uma pessoa que:
|
Sempre
5
|
Quase
sempre
4
|
Às vezes
3
|
Raram ente
2
|
Nunca
1
|
Posso perceber
sozinho o que as pessoas pensam
|
|
|
|
|
|
Sou compreensivo
com os momentos difíceis de outra
pessoa
|
|
|
|
|
|
Sou ótimo para
lidar com os conflitos, levantando o astral em meus relacionamentos
|
|
|
|
|
|
Percebo os
sentimentos de um grupo ou de relações entre pessoas
|
|
|
|
|
|
Acerto e
dificilmente erro em perceber quando as pessoas me estimam
|
|
|
|
|
|
Fico aborrecido
quando esqueço o aniversário e/ou datas importantes para outras pessoas
|
|
|
|
|
|
Consigo acalmar ou
conter sentimentos aflitivos sem prejudicar as obrigações a cumprir
|
|
|
|
|
|
Não perco a
paciência com as pessoas que gosto, e se acontecer, me recupero logo e me
arrependo
|
|
|
|
|
|
Não gosto de
solidão e sinto-me bem junto às pessoas amigas, mesmo que não estejam
interessadas em meus assuntos
|
|
|
|
|
|
Quando sou
agredido, ou magoado, prefiro achar que houve uma descarga de mau humor, mas
que eu não tinha nada a ver com isso.
|
|
|
|
|
|
Soma
|
|
|
|
|
|
Adaptado de Celso Antunes
Interpretação
das Somas de Pontuações das Escalas
de
Inteligências Intrapessoal e Interpessoal
As somas dos pontos NÂO fornece um diagnóstico, apenas uma base
através da qual se pode elaborar uma estratégia para conquistar o que se deseja
e julgue como melhor.
Gabaritos:
A - Para os escores da Inteligência
Intrapessoal:
1 - De 41 a 50 pontos ---> Sua
inteligência intrapessoal é bastante alta; a mantenha sobre controle e aprimore
alguns pontos negativos.
2 - De 31 a 40 pontos ---> Sua inteligência
intrapessoal é bastante desenvolvida. Continue a viver bem consigo mesmo/a, mas
modere sua presunção.
3 - De 21 a 30 pontos ---> Sua inteligência intrapessoal precisa melhorar. Converse um pouco consigo mesmo, faça
reflexões e ouça o que os outros dizem com sinceridade de você.
4 -
De 11 a 29 pontos ---> Seu autoconhecimento e sua autoestima precisam crescer. Liberte-se aos poucos de
suas amarras.
5 -
De 10 a 19 pontos ou menos
---> Você é uma pessoa muito
amarrada, como ostra, fechada em si mesmo.
Goste mais de você, liberte sua autoestima e ganhe autoconfiança.
B - Para os escores da inteligência
interpessoal:
1 - De 41 a 50 pontos --->
Sua inteligência interpessoal é bastante alta. Não deve ter dificuldade
para fazer amigos, mas deve conservá-los com carinho, pois eles são importantes para você.
2 -
De 31 a 40 pontos ---> Sua inteligência interpessoal é bastante
desenvolvida, mas se aprender a observar melhor as pessoas pode ainda torná-la
melhor.
3 -
De 21 a 30 ---> Sua inteligência interpessoal precisa
melhorar. Converse consigo mesmo, reflita e ouça o que os outros dizem
sinceramente de você. Treine os seus sentimentos de alteridade e empatia,
observando com mais respeito as diferenças de outras pessoas. Algumas vezes,
você poderá projetar em outros o que não
gosta em você.
4 -
De 11 a 29 ---> Seu grau de empatia e relacionamento não é
muito bom. Procure ouvir mais e falar menos. Saiba gostar até das particularidades que outras pessoas
apresentam e que você critica.
IV
- Escala de Avaliação do Ajustamento Social
Nome:________________________________________Data
___/___/____
Marque um “X” na coluna do valor médio,
se o evento ocorreu com você.
Evento da Vida:
|
Valor Médio
|
|||||||||||||||
|
|
|||||||||||||||
Morte do cônjuge
|
100
|
|||||||||||||||
Divórcio
|
73
|
|||||||||||||||
Separação
conjugal
|
65
|
|||||||||||||||
Pena de
prisão
|
63
|
|||||||||||||||
Morte de
familiar próximo
|
63
|
|||||||||||||||
Doença ou lesão
pessoal
|
53
|
|||||||||||||||
Casamento
|
50
|
|||||||||||||||
Demissão do
emprego
|
47
|
|||||||||||||||
Reconciliação
conjugal
|
45
|
|||||||||||||||
Aposentadoria
|
45
|
|||||||||||||||
Mudança na saúde
de um familiar
|
44
|
|||||||||||||||
Gravidez
|
40
|
|||||||||||||||
Dificuldades
sexuais
|
39
|
|||||||||||||||
Aumento da
família
|
39
|
|||||||||||||||
Reajuste nos
negócios
|
39
|
|||||||||||||||
Mudança na
situação financeira
|
38
|
|||||||||||||||
Morte de amigo
íntimo
|
37
|
|||||||||||||||
Mudança para
linha de trabalho diferente
|
36
|
|||||||||||||||
Mudança no
número de discussões conjugais
|
35
|
|||||||||||||||
Hipoteca ou
empréstimo de mais de U$ 10000
|
31
|
|||||||||||||||
Execução de
hipoteca ou empréstimo
|
30
|
|||||||||||||||
Mudança nas
responsabilidades no trabalho
|
29
|
|||||||||||||||
Filho ou filha
saindo de casa
|
29
|
|||||||||||||||
Problemas com
parentes do cônjuge
|
29
|
|||||||||||||||
Conquista
pessoal notável
|
28
|
|||||||||||||||
Cônjuge começa
trabalhar, ou pára
|
26
|
|||||||||||||||
Inicio ou
conclusão da escola
|
26
|
|||||||||||||||
Mudança nas
condições de vida
|
25
|
|||||||||||||||
Revisão de
hábitos pessoais
|
24
|
|||||||||||||||
Problemas com o
patrão
|
23
|
|||||||||||||||
Mudanças no
horário, condições do trabalho
|
20
|
|||||||||||||||
Mudança de
residência
|
20
|
|||||||||||||||
Mudança de
escola
|
20
|
|||||||||||||||
Mudança nos
hábitos de recreação
|
19
|
|||||||||||||||
Mudança nas
atividades da Igreja
|
19
|
|||||||||||||||
Mudança nas
atividades sociais
|
18
|
|||||||||||||||
Hipoteca ou
empréstimo abaixo de U$ 10000
|
17
|
|||||||||||||||
Mudança nos
hábitos do sono
|
16
|
|||||||||||||||
Mudança no
número de reuniões familiares
|
15
|
|||||||||||||||
Mudança nos
hábitos alimentares
|
15
|
|||||||||||||||
Férias
|
13
|
|||||||||||||||
Época de Natal
|
12
|
|||||||||||||||
Pequena violação
da lei
|
11
|
|||||||||||||||
Soma: ____________________
|
xxxxxxx
|
|||||||||||||||
Gabarito para Interpretação das
pontuações:
De
0 a 150
|
Ausência de
possibilidade significativa de uma doença relacionada ao estresse
|
De
150 a 199
|
Nível de crise
de vida leve - 35% de chance de doenças
|
De
200 a 299
|
Nível de crise
de vida moderado - 50% de chance de doenças
|
De
300 ou mais
|
Nível de crise
de vida elevado - 80% de chance de doenças
|
2.5 - Síntese Avaliativa
O fisioterapeuta envolvido na promoção e proteção da saúde mental, bem como
na cinesio profilaxia e no tratamento das doenças mentais, poderá usar estes
cinco instrumentos avaliativos para orientar o seu fazer profissional em
beneficio da saúde, bem estar e qualidade de vida dos seus clientes.
São os seguintes:
1 - Roteiro para a História de Vida do
Cliente - É pela história de vida que o
fisioterapeuta conhecerá os contextos vivenciados pela pessoa, podendo
relacionar passado e presente, podendo criteriosamente desenvolver uma reflexão
com o cliente, visando o bem estar e qualidade de vida futuro para o cliente.
2 -
Escala de Afetos - A escala de afetos é um instrumento muito útil para
se conhecer o nível de autoestima e autocuidado da pessoa, seu perfil diante da
existência, se em atitude positiva ou negativa, permitindo trabalhar as mudanças necessárias para um melhor nível
de bem estar e qualidade de vida.
3 e 4 - Escalas de Cognição Sócio Relacional
- Estão incluídos dois instrumentos, um para avaliar a inteligência intrapessoal
e outro para avaliar a inteligência interpessoal. Estes dois instrumentos
permitem conhecer as bases da vida de relação e abertura do cliente, em direção
a si mesmo e em direção aos outros, no cenário pessoal, familiar, comunitário,
social, do trabalho e da espiritualidade. É possível melhor
orientar e assistir o cliente nas tomadas de posições e verdadeiro
empoderamento, visando a saúde integral no cenário social onde vive.
5 - Escala de Avaliação do ajustamento
Social - Este instrumento é muito útil, permitindo que o fisioterapeuta possa
avaliar se a pessoa está em nível de vida estressante, com risco percentual de
manifestar uma doença em órgãos alvo da corporeidade..
Estes cinco instrumentos são básicos
para o fisioterapeuta orientar as condutas profissionais voltadas ao beneficio
do cliente e também para orientar no encaminhamento para profissionais
especializados em doenças mentais, quando detectar sinais de riscos ou
comprometimentos, que exigem uma escuta especializada, além da cinesio zoesia mental e psíquica, cinesio profilaxia
e cinesioterapia das doenças mentais.
6.0
– Tratamentos Fisioterapêuticos
6.1
– Práticas Fisioterapêuticas no Controle do Estresse da Vida Diária
A vida nos dias atuais, de modo bem
generalizado, é cheia de estressores que afetam grande parcela da população.
Existem diversos meios para se
estabelecer um controle do estresse. São estratégias que visam ajustar os padrões energéticos da pessoa aos
conflitos que ela está enfrentando.
Quando tais estratégias não produzem o
ajustamento energético que se requer, o corpo luta para estabelecer uma
compensação na ativação fisiológica e psicológica que está sendo vivenciada,
ficando vulnerável às doenças físicas, emocionais e psíquicas.
É importante tornar-se consciente do
que está acontecendo, sendo um dos métodos utilizados para o enfrentamento do
estresse, à conscientização, o
relaxamento e o apaziguamento interno.
Existem técnicas de relaxamento
corporal e de meditação associadas à conscientização, que podem ajudar muito no combate ao estresse,
evitando o desenvolvimento dos altos
níveis de ansiedade, desencadeador de doenças e agressões a órgãos alvos.
I
– Meditação Relaxante com Treinamento da Energia Vital (Qi Gong)
Em um ambiente calmo, com fundo musical
suave, iluminação branda, podendo o cenário ser adequadamente aromatizado, com
o cuidado de não provocar reações alérgicas aos clientes; o cliente deitado ou
reclinado em um divã, enquanto o fisioterapeuta o dirige em uma vivência mental
e práticas físicas, levando-o a realizar alguns exercícios respiratórios
diafragmáticos profundos; em seguida, com voz branda e calma, comanda o cliente
a conscientizar-se da sua postura corporal, juntamente com sua respiração,
conduzindo-o mentalmente a levar a sua consciência às diferentes áreas do
corpo, conservando-a aí por alguns segundos ou minutos.
Poderá também optar por seguir a via
dos órgãos internos, ou a via dos pontos energéticos ao longo da coluna
vertebral, na parte posterior e na via média, na parte anterior, formando um
arco, que começa no umbigo, desce para a genitália e daí para o sacro, subindo
por toda a região posterior, alto da cabeça, face e desce novamente pela parte anterior
até chegar ao umbigo novamente. (Existem quadros ilustrativos, com os desenhos
dos pontos energéticos, que se pode ter nos cenários terapêuticos, para
facilitar as visualizações).
Pode-se manter essa rota funcionando
por algum tempo, de 20 a 50 minutos. Trata-se de um treinamento da energia
vital (o Qi dos Taoístas), com efeito relaxante, de conscientização corporal e
revigoramento físico, emocional e psíquico (MANOEL, 2012).
II
– Relaxamento Corporal por Contrações Musculares Isométricas.
Algumas pessoas não se adaptam à forma
de relaxamento por meditação conscientizadora, estática, e se adequam mais às técnicas de contrações isométricas de
grupos das cadeias musculares, por serem mais dinâmicas.
É preciso ter cautela no uso desta
técnica, no caso de clientes com hipertensão arterial descompensada, ou
portadores de insuficiência cardíaca congestiva.
O cliente deitado em decúbito dorsal,
em ambiente tranquilo e confiável. Fazer algumas incursões respiratórias
profundas, em padrão diafragmático.
O fisioterapeuta comanda o cliente a fazer a contração de cadeias musculares dos segmentos corporais, mantendo contraídos por
alguns segundos, e então relaxa, também por alguns segundos. Essas contrações musculares devem ser
isométricas, ou seja, sem mudar a amplitude do arco de movimento articular.
As contrações devem ser em diferentes
partes do corpo, de modo alternado e calmo.
Assim:
·
Membro superior direito e membro
inferior esquerdo -à
alternar
·
Membro superior esquerdo com membro
inferior direito -à
-à
de 3 a 5 vezes
·
Os dois membros inferiores -à
alternar
* Os dois membros superiores -à
-à
de 3 a 5 vezes
·
Os quatro membros ao mesmo tempo -à
-à de 3 a 5 vezes
Repetir estas manobras de três a cinco
vezes e no final fazer alongamentos das principais cadeias musculares
funcionais da pessoa.
III
- Atividades Cinesioterapêuticas nas
Neuroses em Geral
Entre os distúrbios funcionais do
sistema nervoso, se encontram algumas afecções que não são consequências de
nenhuma alteração anatômica ou estrutural orgânica. Isto significa dizer que,
estrutural e anatomicamente tudo está normal, mas que, as funções mentais e
psíquicas se encontram alteradas.
Estudos de Pavlov seguindo uma
vertente, e de Freud seguindo outra linha, reconheceram como neurose, certos
desvios crônicos da atividade do sistema nervoso superior, quando relacionados
com a normalidade.
Pavlov considerava que tais desvios ou frustações funcionais
podem surgir como respostas a uma sobrecarga tensional dos processos nervosos
principais – a excitação ou inibição e sua mobilidade (POPOV,1988). Freud
considerou que as neuroses são devidas a uma sobrecarga de energia libidinal
que foi recalcada, no inconsciente, por interdição do princípio do prazer,
através do superego, e que se manifesta na consciência como sintomas neuróticos (NASIO, 1999).
Em geral as neuroses surgem no terreno
da vida afetiva, a partir dos conflitos sociais e de emoções negativas, que
conduzem às frustações das atividades nervosas e psíquicas, de cuja caracterização
dependerá. É mais fácil surgir em pessoas com um sistema nervoso excitável e
lábil, ocasionando frequentemente a diminuição da capacidade de trabalho.
Fundamentação
Clínica e Fisiológica das Neuroses
Com frequência, nas neuroses, há uma
acentuada tensão muscular com alteração da pulsação e da respiração.
Quando tem lugar a frustração do
sistema nervoso superior, se debilita ou se altera a coordenação funcional
estrita de todos os sistemas orgânicos.
Isto resulta na redução da atividade motora, piorando o estado do
doente.
A hipocinesia influi negativamente no
estado funcional de todo o organismo, surgindo distúrbios estáveis nos sistemas
cardiovascular e respiratório, favorecendo um posterior desenvolvimento
progressivo da enfermidade.
Isto justifica o emprego da
cinesioterapia, para influir de forma geral, sobre o organismo do enfermo.
Os exercícios cinesioterapêuticos
influem favoravelmente no aparelho psíquico dos humanos, fortalecendo suas
qualidades volitivas e da esfera emocional, sendo um meio de influenciar os
mecanismos reguladores alterados, contribuindo assim, para a normalização das
inter-relações entre os diferentes sistemas orgânicos.
A execução sistemática da
cinesioterapia melhora a aferenciação proprioceptiva, contribui para normalizar
a atividade cortical e as inter-relações moto-viscerais, assim como, equilibrar
a correlação entre os dois sistemas de sinais, todos contribuindo para eliminar
os principais sintomas da afecção.
As emoções positivas que surgem nas
sessões de cinesioterapia aumentam o tônus do sistema nervoso, desviam a
atenção do enfermo dos seus sofrimentos, contribuindo para melhorar a atividade
dos órgãos internos.
Existem
diferentes tipos de neuroses:
Neurastenia
A neurastenia consiste em um estado de esgotamento dos processos
nervosos. O seu surgimento pode ser
favorecido pela fadiga, recuperação incompleta do organismo por tempo demorado
e não observância do regime correto de
trabalho e descanso; também a falta do sono, o abuso de álcool, as enfermidades
crônicas (como tuberculose, infecções
purulentas, traumas psíquicos, etc)
Sintomas –
Alta excitabilidade, rápida fadiga, incapacidade de conter-se,
distúrbios do sono, dores de cabeça, vertigens, emocionalidade desmedida,
“sensação do coração” e alta suscetibilidade
aos fatores externos.
No
desenvolvimento da neurastenia, se distingue duas etapas:
a)
Primeira etapa -´Predomínio dos
processos de excitabilidade e inibição debilitada. Sudorese intensa,
taquicardia, pressão arterial alta, elevação dos reflexos tendinosos,
instabilidade na posição de Romberg, tremores de pálpebras e dos dedos com os
braços estendidos, dermografismo
vermelho estável e acrocianose.
b)
Segunda etapa – “Fraqueza de
irritação”, segundo Pavlov – Agravamento da enfermidade. A labilidade do
processo de excitação e debilidade do processo de inibição se tornam
patológicos, aumentando o grau de fadiga, com perda da capacidade de trabalho.
Prognóstico favorável, pois a
neurastenia pode curar-se, entretanto, é preciso eliminar as causas que dão
origem ao sofrimento.
Particularidades
da Neurastenia
Os enfermos com neurastenia se
caracterizam por elevada excitabilidade e por uma excessiva “consumição”,
em razão da debilidade de
inibição ativa e da desordem do processo de excitação. Se ferem com facilidade
e entram em estados depressivos.
A cinesioterapia tem ação regulatória
sobre os diferentes processos do organismo. Deve ser combinado com o regime
diário: medicação, recursos físicos e o
incremento gradual de carga muscular na cinesioterapia, melhorando as funções
circulatórias e respiratórias, restabelecendo os reflexos e a atividade do
sistema cardiovascular.
A ginástica terapêutica tem como
objetivo treinar e intensificar os processos de inibição ativa e a recuperação
e ordenamento do processo de excitação.
Para evitar a fadiga, as sessões terapêuticas devem ser realizadas
pela manhã, logo após a ginástica matutina.
Deve-se dosar os exercícios, começando por valores menores e tempo
curto, e ir aumentando gradualmente.
Os enfermos debilitados devem começar
na posição deitado, ou sentado, após a massagem
de 10 minutos e com a execução de exercícios respiratórios em torno de
10 minutos.
Os doentes devem ser preparados
psiquicamente, para ter certo controle
sobre as queixas, em consequência das diferentes sensações desagradáveis dos órgãos internos. O fisioterapeuta deverá regular a carga
muscular, de modo que o enfermo não se fixe nas palpitações, nem na dispneia,
evitando que se canse, associando gradualmente a carga ao enfermo, despertando
o seu interesse pelas sessões fisioterapêuticas, variando para isto, os tipos de movimentos, com pausas e
exercícios respiratórios.
Para os enfermos excitáveis,
recomenda-se as contrações e relaxamentos musculares, alternando os exercícios
respiratórios e a massagem de braços e pernas.
Os movimentos para as extremidades superiores e inferiores devem ser
executados em tempo médio e com pequena amplitude. Seguem movimentos pendulares
para as extremidades, os que geram tensão e de superação de resistência -
jogos de bola, corridas com
obstáculos, tudo alternado com relaxamento e respiração.
Nas sessões de ginástica terapêutica é
conveniente que tenha um ambiente musical apropriado para excitar ou acalmar, conforme o aconselhado.
As sessões devem durar de 15 a 20 minutos ao princípio, com aumento gradual
para 30 a 40 minutos ao final.
Histeria
Na histeria ocorre alto grau de
emocionalidade, se manifestando frequentemente em forma de distúrbios da
atividade motora e da sensibilidade – (Para Pavlov é um “alvoroço das áreas sob corticais”.
A histeria na visão pavloviana resulta
da frustação da atividade do sistema nervoso superior (área cortical) em
pessoas com insuficiente coordenação dos sistemas de sinais, além de surgir com
maior frequência nas pessoas, cuja atividade do primeiro sistema de sinais e
das áreas sub corticais, predominam sobre o segundo sistema de sinais.
Sintomas -
Elevada sugestionabilidade e “ideias” de
diferentes doenças. Há três
grupos:
a)
Ataques histéricos - Convulsões
desordenadas com adoção de posturas extravagantes (arco histérico), sem perda
da consciência.
b)
Paralisias e paresias motoras e
sensoriais – Devido a um forte sentimento de medo, influência negativa do meio
externo e outros, podendo afetar diferentes partes do corpo, diferenciando duas paralisias orgânicas pelo
caráter invariável dos reflexos tendinosos, do tônus muscular e da eletro excitabilidade
muscular.
c)
Estados de semi torpor e psicóticos,
devido às mesmas causas dos distúrbios
motores e sensoriais, manifestando em forma de inibições, turvação de
consciência e reações inadequadas.
Os homens com histeria se manifestam de
modo “amaneirados” na conduta, com frequentes acessos de diferentes dores e
palpitações depois de vivências desagradáveis. Também através das funções
vegetativas, se detectam taquicardia, peristalze intensa ou retardada do
intestino, dispneia, tosse e outros sintomas.
Particularidades
da Histeria
As tarefas da cinesioterapia na
histeria busca diminuir a instabilidade emocional do enfermo e aumentar a
intensidade da atividade volitiva e do segundo sistema de sinais. Exercícios com tempo lento e execução
exata. Os comandos ocorrem de forma
lenta e suave, em tom de diálogo, acontecendo as sessões terapêuticas sem a
presença de pessoas estranhas. Formar grupos em torno de dez clientes.
No processo de associação dos enfermos,
as sessões de exercícios devem ter seu tempo de execução diminuído
gradualmente; o incremento da intensidade da atividade volitiva se consegue
pela execução dos exercícios de força, em aparelhos, a tempo lento e com carga
sobre os grandes grupos musculares. Na parte final das sessões terapêuticas
deve-se diminuir o tônus emocional, com alternância de exercícios e descanso na
posição deitado, ou sentado, durante
vários minutos (músculos relaxados, cabeça baixa e olhos fechados).
IV
– Atividades Cinesioterapêuticas nas Psicastenias
A psicastenia é uma debilidade das
áreas sub corticais e do primeiro sistema de sinais e com predomínio do segundo
sistema de sinais. Há uma debilidade
geral do sistema nervoso, diminuição das emoções, afetando a atividade motora,
fazendo-a difícil. Os psicastênicos são poucos comunicativos, excessivamente
racionalizadores; quando precisam de atuar ficam
com dúvidas e desconfianças se está
correto ou errado nas suas decisões;
frequentemente manifestam ideias obsessivas que condicionam suas
condutas.
Suas desconfianças e dificuldades para
atuar crescem, manifestando em sensações desagradáveis -
dores, fraqueza muscular, até paralisias passageiras de qualquer
grupamento muscular, com gagueira, espasmo da escrita, alteração nas micções,
nas evacuações, entre outras. Tem medos obsessivos, (fobias) - medo
de atravessar ruas, de alturas, de contágios, se tornam hipocondríacos.
Particularidades
da Psicastenia
Os doentes de psicastenia são
apreensivos, lentos, concentrados em si próprios, inibidos e depressivos. Para
torná-los ativos, deve-se empregar exercícios por eles já conhecidos, de
execução emocionalmente agradável, de execução rápida, de modo automático, sem
fixação da atenção na correção da sua execução; corrige-se os erros dos
exercícios através de um próprio doente, quem demonstrará como é o exercício
correto; não se recomenda fazer
observações individuais com os que não executaram corretamente os exercícios. O
tom do fisioterapeuta deverá ser sempre vivo e bondoso. Deve reagir atentamente
face as emoções positivas dos doentes, animando-os e ajudando a comunicação
entre eles.
Para os psicastênicos se faz
conveniente os métodos de jogos, incluindo também alguns exercícios desportivos
e de competências -à Desviar os pensamentos obsessivos dos doentes
e interessá-los pelos exercícios.
Usar músicas alegres e de tempo que se
possa acelerar, do lento ao moderado, para rápido. Recomenda-se executar de 60 a 120 e até 130
movimentos por minuto, com grande amplitude do arco de movimento.
Para superar os sentimentos de timidez
e insuficiência dos doentes, introduzir o vencimento de obstáculos, exercícios
de equilíbrio, de força e de resistência, executados por duplas.
Os grupos de ginástica terapêutica se
compõem de 12 a 15 pessoas, incluindo entre eles alguns doentes que assimilaram
bem os exercícios, suas formas de execução e que tenham plasticidade, levando
em consideração que a psicastenia traz
incoordenação de movimentos, pouca habilidade, etc. Ao final dos
exercícios, diminuir o tônus emocional
dos enfermos, devendo no final, os clientes estarem bem humorados.
Duração
das Sessões
As sessões devem durar de 5 a 7 e até de 20 a 30 minutos. Para os
clientes mais debilitados, aplica-se sessões mais demoradas, com vários
exercícios diferentes. Como os psicastênicos tém, às vezes, medos, fobias, e
outros do gênero, deve-se fazer com eles um preparo psíquico, com foco especial
na superação da sensação de medo sem fundamento, isto antes da execução dos
exercícios.
Quando surgir medo de altura, adota-se
a marcha sobre tronco, aumentando gradualmente a altura e os saltos dessas
elevações.
Quando surgir medo de dores cardíacas e
de morrer de infarto do miocárdio (sem estar com tal afecção) adota-se que os
doentes só presenciem as sessões e com o tempo serão atraídos para fazer os
exercícios.
Tipos
de Exercícios
Ao início - marcha lenta em círculos, exercícios simples
para as pernas e o tronco; depois marcha com um suporte longitudinal de um
banco ginástico e exercícios simples com bastões.
Posteriormente – movimentos com os
braços, lançamentos de bolas, exercícios com pesos, saltos, saltos de altura e
de distância.
O medo e a tensão física é menos
frequente, podendo ainda apresentar-se em quem sofreu operação na cavidade
abdominal.
Se houver medo prolongado demais, passe
a utilizar a terapia com exercícios físicos.
Começo – exercícios respiratórios
estáticos e a seguir dinâmicos.
Na sequência – movimentos para os
braços, de 5 a 7 minutos;
Uma semana após – exercícios para os
músculos do tronco e das pernas, sentado e deitado e também movimentos com
bastões.
Na sequência – exercícios no banco ginástico, lançamentos de bolas, etc.
O fisioterapeuta deve sempre estar em
contato com o médico da equipe, trabalhando em conjunto.
Os psicastênicos devem praticar
exercícios em casa, jogar voleibol, montar em bicicletas, caminhar bastante.
Particularidades
dos Convalescentes
Quem sofreu distúrbios neurológicos funcionais, ou que sofreu de
neurastenia crônica, apresentam algumas características particulares. Ao
executar suas sessões fisioterapêuticas, é necessário que se tenha em conta a
característica do trabalho e as condições domésticas dos clientes. Quando o
trabalho é fatigante, as sessões se estruturam da maneira de descanso,
empregando fundamentalmente exercícios já aprendidos anteriormente.
Metade da sessão consta de exercícios
com bola. Ao finalizar a sessão os doentes devem se sentir orgulhosos do que
conseguiram fazer.
Os clientes que têm um trabalho rápido,
são convidados a fazer exercícios desconhecidos, com sobrecarga (bolas
terapêuticas – de pesos diferentes) e que requeiram coordenação complexa dos
movimentos. As sessões podem ser individual ou em grupos.
Quando surgir cansaço em alguém
enfermo, se recomenda sessão individual que possibilite um contato mais
estreito com ele, assim como, detectar sua reação individual e selecionar os
exercícios físicos adequados. Devem ter sessões independentes, logo após
explicar os exercícios.
Supõe-se um controle periódico e
correções pertinentes na execução dos exercícios.
Recomenda-se aos doentes com neurastenia
crônica, a prática dos pique niques, turismo, visitas a museus, com certa
regularidade.
Metodologia
Cinesio terapêutica
A escolha dos meios cinesio terapêuticos para as
sessões, individuais ou em grupos, dependerá das manifestações clínicas da
enfermidade e do estado somático e neuro-psíquico do cliente; a carga de trabalho muscular deverá ser
otimizada para cada grupo de enfermos, ou para cada cliente, quando individual.
De inicio -
Empregar exercícios simples, executados a tempo lento, sem tensão e com
a participação de pequenos grupos musculares.
Esses exercícios normalizam a atividade
dos sistemas cardiovascular e respiratório e ordenam os movimentos do enfermo.
As repetições oscilam de 4 – 6 até 8
-10 vezes, com frequentes pausas para descanso.
Se utilizam também os exercícios
respiratórios - estáticos e dinâmicos - os
quais devem contribuir não só para a recuperação da respiração correta, mas
também para a normalização dos processos corticais.
Ao adaptar-se -
Quando o enfermo se adapta à
carga de trabalho muscular, esta irá aumentar de acordo com a complexidade dos
exercícios, podendo introduzir os movimentos de tensão dosificada, com
sobrecarga, com complexidade de coordenação, que requeiram concentração da
atenção (lançamento de bolas em direções variadas, sob comando de voz).
As sessões de cinesioterapia são
organizadas por um esquema geral aprovado previamente -
estruturado em três partes e com duração de até 30 minutos, empregando
as seguintes formas de exercícios:
a)
Individual;
b)
Em grupos;
c)
Tarefas para casa.
No começo da terapia, as sessões individuais
são mais convenientes, permitindo estabelecer o contato com o enfermo, permitindo conhecer sua reação individual de
acordo com a carga muscular e selecionar os exercícios adequados, no que
contribui para conhecer individualmente cada enfermo, antes de passar às
sessões em grupos, antes de incrementar sua atividade e desenvolvimento do
sentimento de grupalidade.
Em ambiente de calma, o fisioterapeuta
propõe aos enfermos tarefas concretas, selecionando exercícios de fácil
execução e de aceitação positiva, tendo
a responsabilidade de estimular a
confiança dos doentes quanto à suas possibilidades e de aprovar a correta
execução dos exercícios.
É conveniente sustentar conversações
com eles para estimular sua correta atitude com relação à cinesioterapia.
A substituição do foco de atenção do
enfermo no sentido de solucionar as tarefas concretas propostas, contribui para
a normalização da dinâmica dos processos nervosos e a manifestação do desejo de
se movimentar.
Após esse modo de condução, o enfermo dirigirá
sua atenção para sua participação nas atividades laborais e para a elaboração
de uma valoração correta de seu estado.
Além da realização dos exercícios
terapêuticos, aos portadores de neuroses, se recomenda diversas terapias, como
banhos de ar (terpno terapias), hidroterapias, massagens, … É importante
estabelecer uma regulação do regime de vida, como horário de dormir e horário de vida ativa;
horário de exercícios físicos e horários de descanso passivo ao ar livre, os
passeios, bem como realizar a terapia
medicamentosa, quando for o caso.
Do arsenal fisioterapêutico se usa
ainda a eletroterapia, banhos com
essências, banhos de pétalas, duchas circulares, reticulares e roupagens húmidas.
Estes tratamentos devem ser articulados
com a ginástica matutina, a eletroterapia, descanso de 20 a 30 minutos e a
seguir a ginástica terapêutica.
Após as refeições, se recomenda o
“turismo” pelas proximidades e os passeios. A massagem se aplica no final da
ginástica terapêutica.
V
- Adaptação Psicossocial pós Trauma
Qualquer Trauma sofrido traz graves consequências para a
vítima, mas também para seus familiares, principalmente o trauma com perda de funções e a manifestação das
doenças graves envolvidas por crenças tabus.
O estresse psíquico intenso, um prognóstico
incerto, um tratamento prolongado, as interferências nas atividades da vida
diária, geralmente produzem grande impacto sobre a recuperação cinética funcional
da pessoa e reabilitação da sua autonomia e vida social significativa. Estes
fatores estão sempre presentes nas pessoas com enfermidades crônicas,
incapacitantes, revestidas de tabus ou estígmas e nas doenças de evolução
progressiva que conduzem à falência da vida.
A adaptação psicossocial à incapacidade
e à enfermidade crônica, é um processo evolutivo, contínuo e dinâmico em busca
de um estado ou função ideal do cliente em seu próprio ambiente. Quando ela é
bem sucedida, pode ser caracterizada como segue:
1)
Sensação de domínio pessoal;
2)
Participação em conquistas sociais,
recreativas ou vocacionais;
3)
Negociação bem sucedida no ambiente;
4)
Consciência realista sobre pontos
positivos, deficits e capacidades funcionais;
5)
O ajustamento é a fase final e inclui a
luta para alcançar metas na vida, sentir-se autoconfiante e com autoestima
positiva, ter atitude positiva em relação à incapacidade de alguém formar
conexões emocionais com outras pessoas e assumir um papel na sociedade.
Luto, Sofrimento e Dor – são produzidos
por esses eventos danosos.
O luto é um estado psíquico de angústia
que resulta de perda significativa: perda de uma função, rompimento de relacionamento, perda de
familiar, perda de desempenho de papéis.
Geram sentimentos de impotência e
inutilidade, com vários sintomas: nó na garganta, fraqueza muscular, vazio no estômago, ansiedade
“dolorosa”, falta de ar, sufocamento, esgotamento físico, esquecimento,
baixa concentração, dissociação,
insônia, perda do apetite, compulsão, desorganização, abstinência
social, culpa, indecisão, fala excessiva, hostilidade. Os casos graves e prolongados geralmente
comprometem o sistema imunológico. – o luto pode durar de seis meses a dois ou
mais anos –
Especialistas descrevem o processo do
luto em dez estágios. Como segue:
1)
Sentimento congelado;
2)
Liberação emocional;
3) Solidão;
4) Sintomas físicos;
5) Culpa;
6) Pânico;
7)
Hostilidade;
8)
Memória seletiva;
9)
Luta por um outro padrão de vida;
10) Sensação de que a vida está boa.
Estes estágios podem ocorrer de modo simultâneo.
Fases
Principais da Adaptação Psicossocial
Choque - No nível fisiológico, com reações emocionais
retardadas. Experiência devastadora, incapacidade de falar, de mover, dormência
psíquica, dificuldades cognitivas,
desorganização, despersonalização;
Ansiedade – Reação deflagada por
pânico, atividade compulsiva, confusão, frequência cardíaca elevada,
dificuldade de respiração e inundação cognitiva. O sistema nervoso simpático
com “alarme” repetido, estresse crônico podendo alterar as transmissões
sinápticas e provocar depressão e disfunções dos sistemas corporais.
Negação – Mecanismo de defesa para
aliviar a ansiedade. Fase específica no inicio do processo de adaptação,
protegendo a pessoa. Especialistas identificam sete tipos de negação:
1)
Negação de informação ameaçadora;
2)
Negação de vulnerabilidade;
3)
Negação de urgência
4)
Negação de afeto;
5)
Negação de relevância de afeto;
6)
Negação de relevância pessoal;
7)
Negação de todas as informações.
Depressão – Ocorre à medida que a
negação diminui, permitindo maior consciência sobre a perda.
Raiva Internalizada – Como uma reação de
ansiedade, à percepção errônea, ameaça de abandono, sentimento de inutilidade,
medo de perder o controle. Suas características incluem hostilidade,
ressentimento, ódio.
Hostilidade – É a raiva direcionada à
outra pessoa, objetos no ambiente, retaliação contra as limitações funcionais.
Manifestam comportamentos agressivos – passivos que obstruem a reabilitação.
Reconhecimento – Primeiro sinal de que
o cliente aceitou, ou reconheceu a permanência da condição de suas implicações
futuras.
Ajuste – Fase final da reabilitação,
com novas formas de interação bem sucedida com outras pessoas e com o ambiente.
Especialistas reconhecem dez fases que ocorrem no ajustamento. Como segue:
1)
Pode pular fases ou regredir;
2)
A adaptação pode ser influenciada por
outros eventos;
3)
Pode não haver ajuste e fixar-se em uma
fase anterior;
4)
A adaptação é dinâmica e muda
gradualmente de experiências do transtorno para a assimilação;
5)
Se inicia por alterações nas funções e
aparências corporais, alterando o conceito de si e de sua imagem corporal;
6)
O tempo de cada fase é variável e
influenciado por apoio social, recursos financeirtos e humanos, crises
passadas, idade, gravidade, natureza da incapacidade e personalidade;
7)
Maturidade e crescimento psíquico;
8)
Reequilíbrio psíquico;
9)
Inconstância e singularidade humana;
10) Pode-se
vivenciar mais de uma fase ao mesmo tempo.
VI
- A Relação Fisioterapêutica em uma perspectiva Cognitivo-Comportamental
De um modo geral, os clientes ou
pacientes, consideram o fisioterapeuta como “o sujeito suposto saber”. A
relação entre o fisioterapeuta e seu cliente assume uma função terapêutica,
tornando-se uma relação facilitadora ou indutora do tratamento. Entre o
fisioterapeuta e seu cliente se estabelece um vínculo terapêutico, que em
fisioterapia é identificado como o “vínculo dos três dês” (Depósito – o
problema; Depositante – o cliente; Depositário – o fisioterapeuta).
Esse vínculo faz com que a “díade
relacional” tenha uma evolução, indo desde a “díade observacional”, passando
pela “díade de atividade conjunta” e indo até a “díade primária”, constituindo
esta a fase ideal, pois nela o cliente considera as orientações terapêuticas,
mesmo na ausência corporal do fisioterapeuta, ou estando distante dele.
Os clientes que vivenciam as síndromes
pós trauma, bem como os que padecem de disfunções mentais, geralmente lidam com
a ansiedade.
Os fisioterapeutas precisam ajudar os
clientes a controlar a ansiedade para continuar o tratamento. O fisioterapeuta
poderá usar a estruturação cognitiva ou reformar os pensamentos e crenças do
cliente em relação ao evento temido.
Após os clientes expressarem seus
sentimentos, o fisioterapeuta pode ajudá-los a seguir o tratamento e
transformar suas emoções em atividades cinesio terapêuticas.
Clientes muito ansiosos podem ser
beneficiados com o tratamento fisioterapêutico em um ambiente familiar, calmo e
confortável. Pode ser útil reorientar os clientes para a sala de fisioterapia e
sobre as espectativas do tratamento em cada sessão, para que eles tenham uma
“sensação” de controle maior. O
fisioterapeuta começa envolvendo os clientes em uma atividade terapêutica
desenvolvida com facilidade, e então,
aumenta a complexidade da tarefa assim que o cliente adquirir confiança.
Enfoque
Cognitivo-Comportamental
A reestruturação cognitiva pode ajudar
a diminuir a ansiedade alterando os padrões de pensamentos que não se adaptam e
modificar os comportamentos que não são saudáveis. Como muitos clientes não tem
consciência da própria ansiedade, uma etapa inicial da terapia cognitiva
comportamental é ajudá-los a reconhecê-la, determinando quais são os seus
primeiros sinais de estresse.
Muitos respondem ao estresse com
vômitos, dificuldades de respirar, mas existem sinais mais leves de estresse,
como roer unhas, tremer as pernas, e outros, devendo o fisioterapeuta inquirir sobre esses sinais
menos graves.
O fisioterapeutas deve fazer um
levantamento de quantas vezes por dia o cliente sente o estresse e registrar em
diário e ajudar o cliente a encontrar padrões em suas ansiedades… mais
ansiedade de manhã?... à noite?... quando vai à terapia?... quando recebe as
visitas? Quanto mais padrões de
ansiedade conseguir identificar, melhor poderá
prever a ansiedade e se preparar antes que ela aconteça.
Especialistas afirmam que a terapia
cognitiva comportamental pode ser eficaz
para controlar o estresse.
Quando o fisioterapeuta tem ciência que
seu cliente tem uma história de ataque de pânico, poderá valer-se da técnica
seguinte:
Assim que o cliente descrever os primeiros
sinais de desconforto durante o ataque, ajude a respirar de forma longa,
profunda e lenta. Usar um saco de papel pardo sobre a boca dele enquanto
respira para desacelerar a velocidade de inalação. É bom identificar que um
ataque de pânico está ocorrendo e que o cliente continuará bem se continuar a
se concentrar em respirar lenta e profundamente. O ataque de pânico poderá se agravar em minutos e passar com a mesma
rapidez.
Os clientes e seus familiares devem ser
instruídos para entender que os ataques de pânico envolvem uma reação fisiológica,
durando às vezes alguns minutos e podem acontecer sem nenhuma intervenção. Os
que têm ataques de pânico graves e contínuos, devem ser encaminhados ao
psiquiatra, para uma possível adoção de terapia medicamentosa (PRECIN, 2010).
7.0
– Palavras Finais
Esta apostila deve ser lida e refletida
pelos alunos, estudantes, estudiosos e fisioterapeutas que forem se dedicar aos
aspectos do bem estar e qualidade de vida, tendo em vista a promoção, proteção
e recuperação da saúde mental e psíquica do seu cliente /paciente.
Como essa modalidade de intervenção
fisioterapêutica é pouco utilizada em nosso meio profissional, em razão das
abordagens fisioterapêuticas serem predominantemente organicistas, recomendo
que os que forem se dedicar a esse
trabalho proposto, que se reúnam com seus pares, para discutirem os resultados
obtidos, se possível nos dando um retorno, para que possamos melhorar nossas
abordagens.
Prof.
Dr. Felismar Manoel
2ª
Revisão - julho de 2015
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Disponível em: www.centroreichiano.com.br/artigos.htm.
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(1) Fisioterapeuta - IBMR; Mestre em
Motricidade Humana - UCB/Capes; Professor Mestre Adjunto I da UNIGRANRIO;
Doutor em Filosofia da Religião - SETESA/Não Capes; Formação em Psicanálise
Clínica - SFPC; Formação em Psicomotricidade Sistêmica - CEC; Formador-Didata
em Terapia Psicomotora Analítico-Clínica - TEPAC do CEBRASC; Especialista em
Educação - IBMR; Bacharel em Filosofia - SETESA; Bacharel em Teologia - SETESA;
Bispo Primaz do Catolicismo Apostólico Salomonita (1902-2010).
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