Construindo
o “Si Mesmo” verdadeiro
(Trabalhando
o Self ideal)
Prof.
Dr. Felismar Manoel – Fisioterapeuta, Psicomotricista e
Psicanalista Clínico (*)
felismarmanoel@gmail.com
O
ser humano é um ser de abertura e de consciência e esta se elabora
em três dimensões, conforme as etapas do seu desenvolvimento ao
longo da existência, quando ele estrutura as três instâncias da
personalidade, na visão psicanalítica freudiana:
a)
Na instância do Id, responsável pela programação biológica, se
manifestando em pulsões na busca da sobrevivência e do prazer –
quando se elabora as estruturas do inconsciente, durante o
desenvolvimento infantil, da concepção até mais ou menos os seis
anos, em quatro fases distintas:
i
– Na fase matricial – mais ou menos a partir dos três meses de
gestação, quando o feto já organizou o seu sistema neural básico,
recolhendo elementos das relações afetivas da vida materna,
formando um repositório de dados memoriais que poderão facilitar
a manifestação de tendências identificatórias quando na fase
adulta;
ii
– Na fase oral – após o nascimento, durante a amamentação,
quando a criança recolhe e registra as experiências prazerosas
adquiridas através da zona da oralidade, que passa a ser para ela
uma zona erógena, aumentando o seu repositório de dados memoriais,
podendo esses dados reforçar padrões de comportamentos na fase
adulta;
iii
– Na fase anal – desencadeada principalmente nos episódios das
cólicas intestinais, que na verdade cessam trazendo alívio, quando
a mesma faz cocô e em consequência vai levá-la a receber o
prazeroso ritual de cuidados na limpeza (banhos, cremes, talcos,
fraldas limpas e o costumeiro ninar), constituindo esta área
corporal como zona erógena, enriquecendo o repositório de dados
memoriais que poderão reforçar padrões de comportamentos na fase
adulta;
iiii
– Na fase genital (chamada por alguns de fase fálica),
desencadeada principalmente pela maturação do controle neural do
esfincter miccional, controlado por mecanismos da parede da bexiga,
que no início, gera mal estar e desconforto pela bexiga cheia,
passando esse desconforto, naturalmente, pela “mijada” da
criança, que levará a mãe a se dedicar à limpeza do neném, com
seu ritual de cuidados prazerosos para a criança, levando a
constituir esta área corporal, também uma zona erógena,
aumentando seu repositório de dados memoriais, que poderão reforçar
padrões de comportamentos na fase adulta.
Observação
– Segue-se uma fase genital neutra, de “sexualidade latente”,
que dará lugar às vivências familiares e comunitárias, para
aquisição consciente dos valores predominantes no seu contexto
familiar e sócio cultural, que serão importantes para a formação
do superego na consciência consciente.
b)
Na instância do Superego – Consciência consciente – responsável
pela internalização dos valores culturais e sociais da criança
(sexualidade latente, em potencial) e pré adolescente em seu
confronto com a realidade (primeiras manifestações dinâmicas da
sexualidade própria), quando ele ou ela desenvolve a consciência
familiar e social, buscando identificar outros e outras afins,
elegendo ídolos a serem imitados, elaborando as estruturas dos
interditos, dos juízos, causadoras dos recalques, produtores dos
sintomas neuróticos.
c)
Na instância do Ego – Consciência consciente – quando o jovem
e adulto desenvolve a consciência do Ego Autônomo responsável pela
construção e afirmação da sua identidade singular pessoal,
cultural, social, mediante a sua visão de mundo e idiossincrasias
manifestas nas suas subjetividades.
Normalmente,
haverá também a elaboração da consciência do Self Ideal (o
verdadeiro Eu, o si mesmo autêntico), principalmente na fase mais
madura, ou no envelhecimento, através da adoção de modelos
elegíveis pela identificação e afinidades, que pela auto reflexão
produz as correções para aquilo que não deu certo na vida do
adulto jovem, através da simples afirmação de seu ego; aqui entra
geralmente padrões de modelos conhecidos através de diferentes
fontes, como culturas, filosofias, religiões, ideais, imitação de
ídolos, entre outros.
Algumas
pessoas conseguem sua auto transcendência e superação do Ego
Autônomo, pela auto reflexão e identificação com padrões
idealizados pelas religiões e filosofias, entrando na fase da
Consciência Teantrópica.
Tudo
isto pode ser trabalhado com a ajuda terapêutica, através do
exercício da vontade e da disciplina pessoal.
Referências
Bibliográficas
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Rodrigo. Esquema Corporal e Intencionalidade em Merleau Ponty.
Anais do IV Congresso de Fenomenologia da Região Centro-Oeste.
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2011
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Jorge,
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Kathleen,
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Leloup,
Jean-Yves. O Corpo e seus Símbolos – Uma Antropologia Essencial.
Petrópolis: Editora Vozes, 2010
Manoel,
Felismar. Apostila
de Psicomotricidade Institucional e Clinica. Blog do Professor
Felismar, 2015 – www.professorfelismar.blogspot.com
Mondim,
Batista. O Homem Quem É Ele. São Paulo: Editora Paulus, 2011
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(*)
Professor da Unigranrio; Doutor em Ciência da Religião-SETESA;
Mestre em Motricidade Humana-UCB; Bacharel em Fisioterapia-IBMR,
Bacharel em Teologia-SETESA; Bacharel em Filosofia-SETESA;
Especialista em Docência do Ensino Superior-IBMR; Formação em
Psicomotricidade Sistêmica-CEC; Formação em Psicanálise
Clinica-SFP.
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