segunda-feira, 19 de outubro de 2020

VOCAÇÃO SACERDOTAL EM PARADOXO

 

Abuna Philoseleos / Felismar Manoel

Mosteiro Compaixão Sagrada

Ancianato Monasterial
19/10/2020


Nos dias atuais tenho percebido um certo paradoxo nas vocações sacerdotais surgidas, sejam no grau presbiteral ou no grau episcopal, pois os candidatos a tais gráus de Ordem, se apresentam com bastante pressa para que se marque as cerimônias de ordenação, mas, por outro lado, oferecem uma sistemática resistencia a se investirem na formação adequada, seja do ponto de vista intelectual, filosófico, ou teológico; apresentam sentido esmerado na aquisição de indumentárias e vestes litúrgicas, quase sempre preferindo as mais pomposas.


Afirma um antigo adágio que “não é o hábito que faz o monge", mas aqui, nesse presente contexto, o que tem sido verificado é o contrário, pois existem clérigos suntuosos e ricamente vestidos, mas que não são capazes de sustentar quase nenhuma reflexão filosófico-teológica com bases fundamentadas na exegese e hermenêutica bíblica , quer em eclesiologia, teologia do culto, teologia pastoral, ou mesmo vida espiritual cristã; os principais doxas denominacionais são ignorados, comprometendo até mesmo os artigos de religião que fornecem bases às identidades de suas denominações.

É preciso fortalecer o foco e conscientizar os candidatos às Ordens Sacras, sobre a questão da responsabilidade de um pastor e sacerdote, que orienta e assiste às suas respectivas comunidades, nas quais existem pessoas com graus diversos de problemas, que buscam orientações com tais lideranças religiosas, mas que são possivelmente bem mais instruídas que os referidos clérigos reitores de suas comunidades religiosas; geralmente se tornam clérigos muito bem vestidos liturgicamente, mas quase vazios de intelectualidade e humanidade.

É preciso que todos se conscientizem, que os vocacionados devem passar por um período de testagem na sustentação dos seus ideais de busca pela experiência ministerial cristã, pois esse ministério exige responsabilidade para com a vida de outras poessoas; passado esse período probatório vocacional, passa-se para o estágio de formação propedêutica, quando se aprende e testa o ajustamento do caráter e temperamento para a vida espiritual religiosa e clerical, de acordo com o carisma de sua instituição; uma vez aprovado no estágio propedêutico, passa-se a formação formal humana, intelectual e acadêmica, com certas bases filosóficas, para uma razoável arte de pensar quaisquer questoes; segue-se também, uma razoável formação teológica, que fundamente a vivência de espiritualidade religiosa, litúrgica, comunidade e social. A partir desses pressupostos, justifica-se as ordenações sagradas, para as diaconisas, diaconos e presbíteros (padres, efemeritas e pastores, deixando claro que, a função episcopal, deve ser decidida pelas instituições eclesiásticas, por isto aconselhável que seja consagrado por dois ou três bispos, embora seja válida a ordenação conforme as rubricas feita por um só bispo, quando as circunstâncias assim o exigir.


Existem superiores de ordens ou congregações religiosas, ou mesmo campos missionários, que exigem suas administrações e governos por um presbítero consagrados na ordem episcopal, para assumirem de modo progressivo o pastoreio pleno de suas comunidades, quer como Superior Episcopal sobre pessoas e coisas de uma Ordem ou Congregação, como Abade Episcopal sobre pessoas e coisas entre os muros de uma instituição, ou como Arcipreste Episcopal sobre pessoas e coisas em um campo missionário.



Não creio ser conveniente continuarmos ordenando padres e sagrando na ordem episcopal, candidatos sem passar pela propedêutica apropriada, preceptoria comprovacional e estágios tutoriais atestatórios de espiritualidade efetiva e de um aceitável padrão de vida eclesial junto às comunidades.



Temos um enfrentamento dificil, mas o vejo como caminho para termos clérigos agiornados com nossas realidades e propostas próprias de nossas instituições.



Que Deus nos ajude.
Abuna Felismar Manoel.



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