Abuna Philoseleos / Felismar Manoel
Mosteiro Compaixão Sagrada
Ancianato
Monasterial
19/10/2020
Nos dias atuais tenho percebido um certo paradoxo nas vocações sacerdotais surgidas, sejam no grau presbiteral ou no grau episcopal, pois os candidatos a tais gráus de Ordem, se apresentam com bastante pressa para que se marque as cerimônias de ordenação, mas, por outro lado, oferecem uma sistemática resistencia a se investirem na formação adequada, seja do ponto de vista intelectual, filosófico, ou teológico; apresentam sentido esmerado na aquisição de indumentárias e vestes litúrgicas, quase sempre preferindo as mais pomposas.
Afirma
um antigo adágio que “não é o hábito que faz o monge", mas
aqui, nesse presente contexto, o que tem sido verificado é o
contrário, pois existem clérigos suntuosos e ricamente vestidos,
mas que não são capazes de sustentar quase nenhuma reflexão
filosófico-teológica com bases fundamentadas na exegese e
hermenêutica bíblica , quer em eclesiologia, teologia do culto,
teologia pastoral, ou mesmo vida espiritual cristã; os principais
doxas denominacionais são ignorados, comprometendo até mesmo os
artigos de religião que fornecem bases às identidades de suas
denominações.
É preciso fortalecer o foco e
conscientizar os candidatos às Ordens Sacras, sobre a questão da
responsabilidade de um pastor e sacerdote, que orienta e assiste às
suas respectivas comunidades, nas quais existem pessoas com graus
diversos de problemas, que buscam orientações com tais lideranças
religiosas, mas que são possivelmente bem mais instruídas que os
referidos clérigos reitores de suas comunidades religiosas;
geralmente se tornam clérigos muito bem vestidos liturgicamente, mas
quase vazios de intelectualidade e humanidade.
É preciso
que todos se conscientizem, que os vocacionados devem passar por um
período de testagem na sustentação dos seus ideais de busca pela
experiência ministerial cristã, pois esse ministério exige
responsabilidade para com a vida de outras poessoas; passado esse
período probatório vocacional, passa-se para o estágio de formação
propedêutica, quando se aprende e testa o ajustamento do caráter e
temperamento para a vida espiritual religiosa e clerical, de acordo
com o carisma de sua instituição; uma vez aprovado no estágio
propedêutico, passa-se a formação formal humana, intelectual e
acadêmica, com certas bases filosóficas, para uma razoável arte
de pensar quaisquer questoes; segue-se também, uma razoável
formação teológica, que fundamente a vivência de espiritualidade
religiosa, litúrgica, comunidade e social. A partir desses
pressupostos, justifica-se as ordenações sagradas, para as
diaconisas, diaconos e presbíteros (padres, efemeritas e pastores,
deixando claro que, a função episcopal, deve ser decidida pelas
instituições eclesiásticas, por isto aconselhável que seja
consagrado por dois ou três bispos, embora seja válida a ordenação
conforme as rubricas feita por um só bispo, quando as circunstâncias
assim o exigir.
Existem superiores de ordens ou congregações religiosas, ou mesmo campos missionários, que exigem suas administrações e governos por um presbítero consagrados na ordem episcopal, para assumirem de modo progressivo o pastoreio pleno de suas comunidades, quer como Superior Episcopal sobre pessoas e coisas de uma Ordem ou Congregação, como Abade Episcopal sobre pessoas e coisas entre os muros de uma instituição, ou como Arcipreste Episcopal sobre pessoas e coisas em um campo missionário.
Não
creio ser conveniente continuarmos ordenando padres e sagrando na
ordem episcopal, candidatos sem passar pela propedêutica apropriada,
preceptoria comprovacional e estágios tutoriais atestatórios de
espiritualidade efetiva e de um aceitável padrão de vida eclesial
junto às comunidades.
Temos
um enfrentamento dificil, mas o vejo como caminho para termos
clérigos agiornados com nossas realidades e propostas próprias de
nossas instituições.
Que
Deus nos ajude.
Abuna Felismar Manoel.
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