quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Aprendizagem Integrada em Saúde

Aprendizagem Integrada em Saúde
Graduação, Extensão e Pesquisa
AIS-GEP
Prof. Felismar Manoel
Capivari, DC - 1994


Este trabalho foi apresentado em "Evento de Saúde Coletiva na Unigranrio, em 2004", em programação para o Pró Saúde e discutido em encontros de saúde coletiva da Região do Grande Rio no Estado do Rio de Janeiro.



1 - Trata-se de uma aprendizagem na área da saúde, integrando as atividades de graduação, extensão e pesquisa e também os profissionais e alunos das diferentes profissões de saúde.

2 - Foi proposto para ser uma disciplina para todos os cursos - Saúde nas Comunidades - desdobrada em todos os períodos dos cursos e com concentração em cada fazer em saúde (médico, enfermagem, fisioterapia, psicologia, farmácia, biologia, serviço social). A prática no Capivari acabou por integrar também geografia, pedagogia e direito, pois nas comunidades encontramos problemas de falta de conhecimento topográfico do território, falta de educação popular, pessoas sem registro civil, uniões conjugais sem o casamento civil, e integramos também voluntários locais para ensinar aos alunos a dinâmica dos "mutirões", importante na resolução de problemas comunitários.

3 - Nas três ou quatro primeiras aulas do 1º período empoderar o aluno em sala de aula sobre os seguintes temas:
* Organismos internacionais relacionados com a saúde: OMS e OPAS;
* Referenciais teóricos principais: Cartas Internacionais de Saúde, Campo da Saúde Lalondiano;
* Referenciais legais: Constituição Federal, Constituições Estaduais e Leis Orgânicas da Saúde dos Municípios (parte da divisão da Saúde) e Lei 8080 - SUS;
* Políticas e Programas Nacionais de Saúde do Brasil.

A seguir os alunos vão conhecer a realidade da comunidade - no 1º período o foco é conhecer os aspectos territoriais e comunitários:

a) - Topografia e relevo (importante no caso das enchentes);
b) - clima geral e micro-climas doentios;
c) - tipo de solos e vegetação;
d) - escoamento de águas pluviais e dejetos;
e) - tipos de ocupação dos terrenos (moradias, indústrias, comércios, escolas, templos, clubes, etc);

Treinar o aluno para o uso do "Diário de Campo", onde coletará as informações com detalhes e observações do seu jeito, com esforço de acurácia.
Ao retornar a sala de aula os alunos terão oficinas de construção do "Relatório Sistematizado de Vistoria", a partir das observações dos diários de campo. Este relatório será um dos instrumentos avaliativos dos alunos.

No 2º período, os alunos terão em suas primeiras aprendizagens teóricas em sala de aula:
a) - as fases principais do processo de educação em saúde (sensibilização, informação, motivação, experimentação e adoção do novo);
b) - aprender a confeccionar as "Matrizes de Problemas" e as "Planilhas com Estratégias de Soluções" , a partir do Relatório Sistematizado - sendo conveniente elencar três possibilidades:
I - soluções que se resolvem com a própria população;
II - soluções que necessitam de parcerias sociais;
III - soluções que precisam do poder público).

A partir daí retornarão ao encontro com a realidade que se quer transformar (comunidades):
a) - onde vão conhecer melhor os indivíduos, as famílias e a própria comunidade como hethos cultural (cultura da convivência);
b) - conhecer suas visões de mundo, seus valores, seus costumes, sua moralidade e comportamento e estilos de vida (se possível participar de algumas comemorações e festejos coletivos locais);
c) - conhecer os seus problemas auto-percebidos, os seus desejos prospectivos, etc.

Os alunos irão confrontar estes fatores comunitários com os dados do Relatório de Vistoria, fazendo reajustes, ou adendos, e concluindo um "Diagnóstico Situacional),

Na sequência discutir com as lideranças comunitárias locais (ou em assembleia), as estratégias de soluções e fazer uma "Análise Conjuntural", buscando o que se pode fazer em face dos prós e contras.
Aplicar questionários junto à população, para registrar como percebem a realidade local.

No 3º período, nas aulas iniciais, em sala:

a) - empoderar o aluno na construção de um "Projeto de Intervenção em Saúde" (fornecer uma sinopse de sua elaboração);
b) - dar consciência dos níveis de atenção e níveis de intervenções de cada profissional. Assim:
I - na atenção primária - intervenção profissional: promoção da saúde, proteção da saúde e prevenção específica de disfunções e doenças;
II - na atenção secundária - intervenção profissional: diagnóstico precoce, tratamento precoce e prevenção de agravos e sequelas;
III - na atenção terciária - intervenção profissional: recuperação funcional (posto que reabilitação é um processo multiprofissional) e assistência custodial;
c) - focar os principais temas aceitos internacionalmente como produtores de saúde e calibiótica:
I - Educação formal acessível;
II - saneamento básico existente e mantido (refere-se a abastecimento de água, drenagem de águas e esgotos, com bitolagens progressivas das tubulações, calçamento, asfaltamento, etc);
III - habitação adequada à dignidade da pessoa humana;
IV - renda suficiente para a sustentabilidade da vida;
V - trabalho dignificante;
VI - alimentação adequada;
VII - meio ambiente equilibrado (é bom que haja conscientização dos fatores antrópicos comprometedores do equilíbrio ambiental, que podem ser evitados);
VIII - bens e serviços essenciais acessíveis;
IX - espaços de convivência sociocultural disponíveis;
X - espaços para atividade física e lazer disponíveis;
XI - segurança civil;
XII - transporte para o ir e vir;
XIII - livre expressão filosófico-religiosa e ideológica, entre outros.

Cada área profissional cuidará do seu foco profissional (dentro de um fazer integrado, cada profissão tem o seu eixo de intervenção: focar nas doenças, cuidar da saúde bucal, cuidar da saúde cinética funcional, cuidar da saúde mental e assim por diante). Assim, este fazer desenvolverá a intervenção sob múltiplos olhares, sendo bastante difícil a trans-profissionalidade, mas viável até a inter-profissionalidade, quando é apresentada como "imperativo". Em nosso projeto conseguimos iniciar a experiência da "inter-consulta", mas o projeto foi interrompido, (por motivos de força maior).

A seguir voltar à comunidade para envolver-se nas tarefas de transformar a realidade que compete ao seu foco profissional, de modo integrado e colaborativo com os outros profissionais

No 4º e 5º períodos se dará continuidade ao desenvolvimento do projeto de intervenção na saúde da comunidade, com frequentes encontros de empoderamento dos membros da comunidade, e oficinas para os alunos discutirem as demandas encontradas e receberem supervisão dos profissionais mais experientes.

Serão aplicados questionários junto à população, como instrumento de controle do impacto do trabalho na comunidade, permitindo confrontar com os registros dos primeiros questionários.

Os resultados obtidos a partir dos dados dos questionários e as observações técnicas, permitem fazer apresentações acadêmicas e publicar trabalhos científicos (podendo ser um dos instrumentos avaliativos dos alunos), inclusive desenvolver projetos de pesquisas sobre o contexto local, pari passu com o andamento da assistência à comunidade.

No 6º, 7º e 8º períodos os alunos se envolvem nos estágios obrigatórios, conforme os dispositivos legais, podendo em certos casos dar continuidade às ações de saúde na comunidade, o que se consegue usando o Instrumento da OMS/OPAS: Reabilitação Baseada na Comunidade-RBC (este permite inclusive buscar parcerias de empresas dentro dos interesses de Responsabilidade Social)


Prof. Felismar Manoel
Capivari - setembro de 2013


domingo, 15 de setembro de 2013

Implantação de Projetos Comunitários


Educação para a Vida

Prof. Dr. Felismar Manoel (1)



Tem havido pedidos de alunos, para que eu publique as políticas, métodos e técnicas que o Catolicismo Evangélico Salomonita usa, para implantação dos programas pastorais de "promoção humana e educação para a vida" junto às diferentes comunidades sociais, onde atuam nossas missões, capelas e paróquias. Esta publicação atende a essas solicitações.

1 - Atenção Básica às Comunidades do Povo de Deus.

Na atenção básica às comunidades promovida pela ICAI-TS, o alvo principal é a promoção humana inspirada no Evangelho Libertário de Jesus Cristo, que alforria o Ser Humano, não só subjetivamente do pecado, na sua vida pessoal, mas também na vida social, familiar e dos grupos que partilham experiências na sua caminhada no planeta terra. Por isso há uma preocupação em educar para a vida.
Vida aqui é tomada nos seus dois sentidos eruditos: o bios (biologia) enquanto “processos vitais orgânicos, e também o zoês (zoesia), enquanto vida objetiva existente em Deus, o Vivente Universal, vida subjetiva dos humanos, partilhada pela comunhão com o Vivente Universal e plenificada pela vivência das ordenanças evangélicas, viés revelado por Jesus Cristo.
Neste contexto, vida é sinônimo de saúde e deve ser vista enquanto processos, cujas fases podem ser operacionalizadas pelo ser humano de modo consciente, como sujeito do processo e como ator no cenário onde vive e compartilha experiências.
O modo principal de operar essas mudanças na vida do ser humano é através da Educação para a Vida. Por isso temos em todas as comunidades os Centros de Instrução pró Vida – CIVIDA. Aqui a educação é percebida enquanto processo, através de fases.

Assim a educação deve acontecer mínimamente seguindo as fases seguintes:
SENSIBILIZAÇÃO <===> INFORMAÇÃO;
INFORMAÇÃO <===> MOTIVAÇÃO;
MOTIVAÇÃO <===> EXPERIMENTAÇÃO;
EXPERIMENTAÇÃO <===> ADOÇÃO DO NOVO.

Na realidade, só terá acontecido a educação, quando houver a adoção do comportamento novo.
Só haverá a construção do sujeito, quando houver a sua conscientização e a assunção do seu papel no processo, quando então o sujeito se tornará ator no cenário da sua comunidade, agente capaz de transformar a realidade na construção de um mundo melhor.

I - Caminhos a Seguir:

1 – Vistoriar a região da comunidade para se conhecer a realidade local (quando houver tempo e recursos, aconselha-se usar o método etnográfico participativo). Normalmente utiliza-se o “diário de campo” (um caderno) para anotar tudo que for significativo, ou relevante, quando se "passeia" pela comunidade, anotando tudo de significativo que percebe, tanto os de aspectos positivos, quanto os de aspectos negativos;

2 – A partir dos diários de campo, se reúnem e elaboram um Relatório de Vistoria Sistematizado - RVS, (sistematizar é por ordem sistemática nos dados registrados) para fornecer subsídios à identificação dos problemas;

3 – Análise do RVS, identificação dos problemas e construção de uma MATRIZ DE PROBLEMAS - MdP. (Deve-se analisar os dados do RVS, identificando os problemas que podem ser resolvidos e anotando-os em separado em uma folha de papel, que constitui a Matriz dos Problemas)
4 – A partir da MdP elabora-se um DIAGNÓSTICO SITUACIONAL- DS. (A partir dessa MdP é que vai se pensar, raciocinar e encontrar o Diagnóstico da Situação Local).

5 - Segue-se uma análise conjuntural participativa para escolha de prioridades. (É sempre conveniente a participação dos membros das comunidades, que possam fornecer subsídios dos pontos complicadores existentes nas comunidades, principalmente daqueles que representam os CONTRA-VALORES e que podem oferecer riscos para os agentes de pastorais e para os membros das comunidades que se envolvem). (A análise da conjuntura é extremamente importante, e nela deve participar as pessoas amadurecidas, lúcidas e responsáveis das próprias comunidades, além de técnicos, pois ela visa evitar complicações, interdições, conflitos; quando existem atividades marginais, caciquismo ideológico, político, ou até mesmo religioso, tém-se que ter cuidados nas comunidades. Na análise conjuntural deve-se atentar também para esses aspectos).

6 – Com base na análise conjuntural constrói-se a MATRIZ DE ESTRATÉGIAS DE AÇÃO - MEA. (A matriz de estratégias de ação MEA, é a relação das ações possíveis para resolver os problemas existentes, anotadas em folha de papel, que será uma peça importante do trabalho comunitário).

7 – A partir das MEA elabora-se os Projetos de Intervenções para implementação das ações transformadoras das realidades passíveis de mudanças. É a partir da Matriz de Estratégias de Ação, que o grupo de Agentes Pastorais irão construir os Projetos de Intervenção para solucionar os problemas. (Poderá surgir a necessidade de pesquisas também, tanto no sentido fenomenológico (avaliar o que é percebido pelas pessoas), quanto no cartesiano (coletar dados quantitativos), visando esclarecer pontos obscuros antes de iniciar as intervenções).

8 – Na Implementação das ações deve-se fazer o acompanhamento, através de avaliação do controle do processo em andamento e avaliar também o impacto das ações interventoras na comunidade. (Aqui deve-se ter cuidado em adotar um mecanismo para fazer o controle do processe de intervenção - Relatórios de Vistoria Técnica, Memoranda, Questionários, etc. Também deve fazer o controle do impacto das intervenções junto à Comunidade, aplicando Questionários Comunitários antes de iniciar e após a implantação dos projetos).

II - Alguns Fatores Existentes, já conhecidos de Saúde e Qualidade de Vida nas Comunidades (recomendados por Instituições Internacionais e Públicas), que servem de focos de nossas observações:

1) - Educação formal acessível; 2) - saneamento básico existente e mantido (refere-se a drenagem de águas e esgotos com bitolagens progressivas das tubulações, calçamento, asfaltamento, etc); 3) - habitação adequada à dignidade da pessoa humana; 4) - renda suficiente para a sustentabilidade da vida; 5) - trabalho dignificante; 6) - alimentação adequada; 7) - meio ambiente equilibrado (É bom que haja conscientização dos fatores antrópicos comprometedores do equilíbrio ambiental, que podem ser evitados); 8) - bens e serviços essenciais acessíveis; 9) - espaços de convivência sociocultural disponíveis; 10) - espaços para atividade física e lazer disponíveis; 11) - segurança civil; 12) - transporte para o ir e vir; 13) - livre expressão filosófico-religiosa e ideológica, entre outros.

III - Bases para Implantação das Linhas Pastorais. O ser humano é uma entidade complexa, devendo ser respeitada essa complexidade, quando do nossos projetos de intervenções:

1 – Qualquer linha de intervenção deve considerar o ser humano em sua totalidade, em sua integralidade. É muito difícil uma abordagem verdadeiramente holística, no sentido grego do termo, mas é possível desejar aproximar o mais que for possível desta totalidade, para o que adotamos o termo pró holística;

2 – Ao implementar as ações busque envolvimento sinérgico de outras forças vivas da comunidade ou do Município;

3 – É necessário o envolvimento e a participação da comunidade, por isso é recomendado adotar os encontros de discussões com seus membros para o necessário empoderamento, visando torná-los sujeitos do processo de transformação da realidade local, verdadeiros atores daquele cenário onde vivem – pode-se aproveitar as datas comemorativas, os eventos sociais, etc;

4 – Outro ponto importante é a participação social, através de parcerias, de preferência, da região onde as ações se desenvolvem;

5 – Na distribuição dos benefícios das ações têm-se que ser equitativos, não podendo privilegiar apenas os que são simpatizantes ou adeptos do seu credo religioso, filosófico, ou político;

6 – Para a implementação das ações é conveniente, diria mesmo essencial, que haja múltiplos envolvimentos estratégicos, para que tais ações se consolidem, não como modismo, mas como ação transformadora da realidade;

7 – Para que não seja modismo, é necessário que as ações implementadas sejam sustentadas ao longo do tempo, para que possam envolver as bases do imaginário das pessoas da comunidade, desde as crianças, adolescentes e adultos.

IV - Roteiro para os Projetos ou Programas de Intervenção nas Comunidades:

É interessante notar que qualquer projeto ou programa de intervenção, tem necessariamente que envolver o processo educacional, embora permeie outros eixos de pertinência.
Falamos tanto da educação formal, quanto da educação informal. Para isso adotamos um Roteiro para a Montagem dos Projetos ou Programas de Intervenções.
Este Projeto ou Programa de Intervenção é perpassado por diferentes Eixos de Pertinências, conforme as áreas da realidade que se quer transformar:

1 – Área de Intervenção - (focar os problemas que se quer resolver, aclarando os diferentes eixos de pertinência que serão considerados: saúde, trabalho, educação, moradia, segurança, transporte, etc);
2 – Beneficiários ou Público Alvo que se quer atingir, considerando cada eixo de pertinência;
3 – Objetivos Gerais – Poderá ser aclarado por eixos de pertinência, ou genericamente.
Objetivos Específicos – O ideal é que os objetivos Específicos sejam aclarados por cada eixo de pertinência;
4 – Justificativas – (referir-se à importância das intervenções, ações, ou projetos, com relação aos problemas identificados em cada eixo de pertinência);
5 – Programação das atividades – (apresentar a programação das atividades a serem implantadas, por eixos de pertinência, preferentemente mediante cronograma das ações, mesmo que tenha flexibilidade para adaptações e mudanças);
6 – Descrição das Metodologias de Ações – (os métodos de ação devem ser apresentados por cada eixo de pertinência);
7 – Órgãos participantes – (aqui são aclarados os parceiros que estão comprometidos ou envolvidos em nossa empreitada pastoral, podendo ser por eixos de pertinência);
8 – Programação Orçamentária – (a programação orçamentária deve ser efetuada minuciosamente, mesmo que com recursos da própria ICAI-TS, pois o orçamento facilita o controle dos custos, a prestação de contas e favorece a análise de parceiros sociais. Para nós na ICAI-TS, quase sempre montamos os nossos projetos com a boa vontade de servir, COM A CARA E A CORAGEM, como se diz popularmente);
9 – Administração do Projeto ou Programa de Intervenção – (indicar quem gerenciará a execução e desenvolvimento do projeto ou programa, por eixos de pertinência);
10 – Metodologias de Acompanhamento dos Projetos e Programas – (é necessário avaliar a execução das diferentes etapas das execuções de projetos e programas, por isso se define a metodologia para avaliar o controle do processo de desenvolvimento, bem como para avaliar o impacto que a implantação dos projetos ou programas produzem nas comunidades, isto poderá ser feito por cada eixo de pertinência).

Observação – Aqui, quando se fala em Programas, está se referindo ao aspecto de empreitada pastoral guarda-chuva, que abriga diferentes projetos e ações, geralmente de longa duração.
Quando se fala em projetos, são empreitadas mais focais, tanto de pesquisas prévias, quanto de intervenção direta para transformação de alguma realidade local, com menor tempo de duração e geralmente abrigados em um programa maior.

Referenciais Norteadores :

Cartas Internacionais de Saúde e Modelos para Implantação de programas e Projetos Comunitários seguindo as influências da Fundação Getúlio Vargas..

Felismar Manoel – Implantação de Linhas Pastorais transformadoras da realidade para a construção de um mundo melhor – Capivari (Vila Coqueirinho), Duque de Caxias, abril de 1994.

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(1) - Professor Mestre Adjunto I da UNIGRANRIO; Doutor em Filosofia da Religião - SETESA/Não Capes; Mestre em Ciências da Motricidade Humana - UCB/Capes; Formação em Psicanálise Clínica - SFPC; Formação em Psicomotricidade Sistêmica - CEC; Formador-Didata em Terapia Psicomotora Analítico Clínica - TEPAC do CEBRASC; Especialista em Docência Superior - IBMR; Bacharel em Fisioterapia - IBMR; Bacharel em Filosofia - SETESA; Bacharel em Teologia - SETESA; Bispo Primaz do Catolicismo Evangélico Salomonita - ICAI-TS.



quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Fisioterapia na Comunidade

(Saúde Coletiva)
Prof. Dr. Felismar Manoel (1)



A Fisioterapia na comunidade trabalha de modo integrado com a equipe de saúde, interprofissionalmente, a SAÚDE FUNCIONAL, e dentro desta, é seu foco específico a SAÚDE CINÉTICA FUNCIONAL.

As Unidades Básicas de Saúde - UBS, tem como foco central as Estratégias de Saúde da Família - ESF, para conhecer a realidade onde vivem as populações, e poder identificar para intervir nos diversos fatores que interferem no processo saúde-doença na própria comunidade.

As ações de Vigilâncias na Saúde Cinética Funcional, e principalmente na Vigilância do Desenvolvimento Infantil (aspectos psico-neuro-mio-cinéticos), depende do olhar do fisioterapeuta no cenário onde a população está, onde ela vive e passa a maior parte do tempo, para identificar os múltiplos fatores que contribuem para o desenvolvimento, bem como os que constituem agravos ao desempenho da normalidade cinética funcional.

Existem etapas críticas do desenvolvimento infantil, que requerem um ambiente rico em fontes de estímulos para a criança; O fisioterapeuta é empoderado a nível de conhecimentos teóricos e práticos para oferecer assistência à Saúde Cinética Funcional, desde a fase materno-infantil até à fase do envelhecimento; por outro lado, é o fisioterapeuta o profissional que assume a responsabilidade social pela assistência terapêutica à saúde cinética funcional, dentro do esquema de organização de saúde do SUS.

O fisioterapeuta assiste na plenitude de sua senhoridade científica, a saúde cinética funcional, desde a porta de entrada, conhecendo a realidade de vida da pessoa, da família e da comunidade, além de fazer parte das equipes dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família - NASF 1 e 2 e nas terapias de apoio aos distúrbios de saúde mental no NASF 3 integrados aos CAPS e CAPSI, neste sentido é extremamente importante que o fisioterapeuta tenha também formação específica.

O fundamental nas UBS é a Atenção Primária, oferecendo resolutividade também na Atenção Secundária e Terciária, quando possível a nível local, e quando não for possível, através do sistema de Referência e Contra-Referência.

Todas as abordagens clínicas da fisioterapia são necessárias nos cenários de saúde comunitária, mas principalmente as disciplinas de Fisioterapia na Comunidade, Fisioterapia Psicomotora Clínica e Fisioterapia na Saúde Mental, oferecem embasamento para a assistência às populações de modo geral.


Atenção à Saúde da População


Existem diversos níveis de atenção e de intervenção à saúde, conforme abaixo:

Níveis
Atenção à Saúde Cinética Funcional
Intervenção Fisioterapêutica
A. Primária
* Ações que promovem a saúde
* Ações que protegem a saúde
* Ações que previnem disfunções cinéticas especificamente
A. Secundária
* Fazer o diagnóstico precocemente
* Fazer o tratamento precocemente
* Fazer a prevenção de agravos e sequelas cinéticas funcionais
A. Terciária
* Fazer recuperação cinética funcional
* Dar assistência custodial para as disfunções cinéticas crônicas e progressivas


Diagnóstico Fisioterapêutico e Código Internacional de Funcionalidades e Saúde - CIF


De modo semelhante ao Código Internacional de Doenças - CID, usado na classificação das diferentes doenças, existe também o Código Internacional de Funcionalidades - CIF para classificar as diferentes e diversificadas funcionalidades do ser humano. Os profissionais de saúde necessitam adquirir domínio no uso deste instrumento internacional classificatório, especialmente o fisioterapeuta, uma vez que o diagnóstico fisioterapêutico é um diagnóstico cinético funcional. Normalmente a classificação do CIF se ajusta com a classificação do CID, posto que as entidades nosológicas são produtoras de disfunções cinéticas conhecidas e próprias. Assim:

1 - O diagnóstico cinético funcional do fisioterapeuta para seguir a lógica do CIF, deve começar pela identificação correta da disfunção existente;
2 - deve ser identificada a(s) unidade(s) agonista(s) que sofreu(eram) dano à função, o segmento ou segmentos do corpo que são alvos da disfunção;
3 - identificar a doença, ou dano, que gerou a disfunção (posição útil para o diagnóstico diferencial);
4 - identificar a função social, ou atividade que deixou de ser efetuada pela pessoa portadora da disfunção.

O diagnóstico fisioterapêutico deve contemplar estes quatro itens para ser elaborados, requerendo treinamento do profissional para adquirir esse domínio. Na sequência do treinamento o fisioterapeuta irá defrontar com detalhamentos dos graus de disfunção, possibilitando o uso da CIF como instrumento de controle estatístico para acurácia clínica na eficácia do tratamento, possibilitando também o enriquecimento das publicações científicas.


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*(1) - Professor Mestre Adjunto I da UNIGRANRIO; Doutor em Filosofia da Religião - SETESA/Não Capes; Mestre em Ciências da Motricidade Humana - UCB/Capes; Formação em Psicanálise Clínica - SFPC; Formação em Psicomotricidade Sistêmica - CEC; Formador-Didata em Terapia Psicomotora Analítico Clínica - TEPAC do CEBRASC; Especialista em Docência Superior - IBMR; Bacharel em Fisioterapia - IBMR; Bacharel em Filosofia - SETESA; Bacharel em Teologia - SETESA; Bispo Primaz do Catolicismo Evangélico Salomonita - ICAI-TS.