Aprendizagem
Integrada em Saúde
Graduação, Extensão
e Pesquisa
AIS-GEP
Prof.
Felismar Manoel
Capivari,
DC - 1994
Este
trabalho foi apresentado em "Evento de Saúde Coletiva na
Unigranrio, em 2004", em programação para o Pró Saúde e
discutido em encontros de saúde coletiva da Região do Grande Rio no Estado do Rio de Janeiro.
1
- Trata-se de uma aprendizagem na área da saúde, integrando as
atividades de graduação, extensão e pesquisa e também os
profissionais e alunos das diferentes profissões de saúde.
2
- Foi proposto para ser uma disciplina para todos os cursos - Saúde
nas Comunidades -
desdobrada em todos os períodos dos cursos e com concentração em
cada fazer em saúde (médico, enfermagem, fisioterapia, psicologia,
farmácia, biologia, serviço social). A prática no Capivari acabou
por integrar também geografia, pedagogia e direito, pois nas
comunidades encontramos problemas de falta de conhecimento
topográfico do território, falta de educação popular, pessoas
sem registro civil, uniões conjugais sem o casamento civil, e
integramos também voluntários locais para ensinar aos alunos a
dinâmica dos "mutirões", importante na resolução de
problemas comunitários.
3
- Nas três ou quatro primeiras aulas do 1º período empoderar o
aluno em sala de aula sobre os seguintes temas:
*
Organismos internacionais relacionados com a saúde: OMS e OPAS;
*
Referenciais teóricos principais: Cartas Internacionais de Saúde,
Campo da Saúde Lalondiano;
*
Referenciais legais: Constituição Federal, Constituições
Estaduais e Leis Orgânicas da Saúde dos Municípios (parte da
divisão da Saúde) e Lei 8080 - SUS;
*
Políticas e Programas Nacionais de Saúde do Brasil.
A
seguir os alunos vão conhecer a realidade da comunidade - no 1º
período o foco é conhecer os aspectos territoriais e comunitários:
a)
- Topografia e relevo (importante no caso das enchentes);
b)
- clima geral e micro-climas doentios;
c)
- tipo de solos e vegetação;
d)
- escoamento de águas pluviais e dejetos;
e)
- tipos de ocupação dos terrenos (moradias, indústrias, comércios,
escolas, templos, clubes, etc);
Treinar
o aluno para o uso do "Diário de Campo", onde coletará as
informações com detalhes e observações do seu jeito, com esforço
de acurácia.
Ao
retornar a sala de aula os alunos terão oficinas de construção do
"Relatório Sistematizado de Vistoria", a partir das
observações dos diários de campo. Este relatório será um dos
instrumentos avaliativos dos alunos.
No
2º período, os alunos terão em suas primeiras aprendizagens
teóricas em sala de aula:
a)
- as fases principais do processo de educação em saúde
(sensibilização, informação, motivação, experimentação e
adoção do novo);
b)
- aprender a confeccionar as "Matrizes de Problemas" e as
"Planilhas com Estratégias de Soluções" , a partir do
Relatório Sistematizado - sendo conveniente elencar três
possibilidades:
I
- soluções que se resolvem com a própria população;
II
- soluções que necessitam de parcerias sociais;
III
- soluções que precisam do poder público).
A
partir daí retornarão ao encontro com a realidade que se quer
transformar (comunidades):
a)
- onde vão conhecer melhor os indivíduos, as famílias e a própria
comunidade como hethos
cultural
(cultura da convivência);
b)
- conhecer suas visões de mundo, seus valores, seus costumes, sua
moralidade e comportamento e estilos de vida (se possível participar
de algumas comemorações e festejos coletivos locais);
c)
- conhecer os seus problemas auto-percebidos, os seus desejos
prospectivos, etc.
Os
alunos irão confrontar estes fatores comunitários com os dados do
Relatório de Vistoria, fazendo reajustes, ou adendos, e concluindo
um "Diagnóstico Situacional),
Na
sequência discutir com as lideranças comunitárias locais (ou em
assembleia), as estratégias de soluções e fazer uma "Análise
Conjuntural", buscando o que se pode fazer em face dos prós e
contras.
Aplicar
questionários junto à população, para registrar como percebem a
realidade local.
No
3º período, nas aulas iniciais, em sala:
a)
- empoderar o aluno na construção de um "Projeto de
Intervenção em Saúde" (fornecer uma sinopse de sua
elaboração);
b)
- dar consciência dos níveis de atenção e níveis de
intervenções de cada profissional. Assim:
I
- na atenção primária - intervenção profissional: promoção da
saúde, proteção da saúde e prevenção específica de disfunções
e doenças;
II
- na atenção secundária - intervenção profissional: diagnóstico
precoce, tratamento precoce e prevenção de agravos e sequelas;
III
- na atenção terciária - intervenção profissional: recuperação
funcional (posto que reabilitação é um processo
multiprofissional) e assistência custodial;
c)
- focar os principais temas aceitos internacionalmente como
produtores de saúde e calibiótica:
I
- Educação formal acessível;
II
- saneamento básico existente e mantido (refere-se a abastecimento
de água, drenagem de águas e esgotos, com bitolagens progressivas
das tubulações, calçamento, asfaltamento, etc);
III
- habitação adequada à dignidade da pessoa humana;
IV
- renda suficiente para a sustentabilidade da vida;
V
- trabalho dignificante;
VI
- alimentação adequada;
VII
- meio ambiente equilibrado (é bom que haja conscientização dos
fatores antrópicos comprometedores do equilíbrio ambiental, que
podem ser evitados);
VIII
- bens e serviços essenciais acessíveis;
IX
- espaços de convivência sociocultural disponíveis;
X
- espaços para atividade física e lazer disponíveis;
XI
- segurança civil;
XII
- transporte para o ir e vir;
XIII
- livre expressão filosófico-religiosa e ideológica, entre
outros.
Cada
área profissional cuidará do seu foco profissional (dentro de um
fazer integrado, cada profissão tem o seu eixo de intervenção:
focar nas doenças, cuidar da saúde bucal, cuidar da saúde cinética
funcional, cuidar da saúde mental e assim por diante). Assim, este
fazer desenvolverá a intervenção sob múltiplos olhares, sendo
bastante difícil a trans-profissionalidade, mas viável até a
inter-profissionalidade, quando é apresentada como "imperativo".
Em nosso projeto conseguimos iniciar a experiência da
"inter-consulta", mas o projeto foi interrompido,
(por motivos de força maior).
A
seguir voltar à comunidade para envolver-se nas tarefas de
transformar a realidade que compete ao seu foco profissional, de modo
integrado e colaborativo com os outros profissionais
No
4º e 5º períodos se dará continuidade ao desenvolvimento do
projeto de intervenção na saúde da comunidade, com frequentes
encontros de empoderamento dos membros da comunidade, e oficinas para
os alunos discutirem as demandas encontradas e receberem supervisão
dos profissionais mais experientes.
Serão
aplicados questionários junto à população, como instrumento de
controle do impacto do trabalho na comunidade, permitindo confrontar
com os registros dos primeiros questionários.
Os
resultados obtidos a partir dos dados dos questionários e as
observações técnicas, permitem fazer apresentações acadêmicas e
publicar trabalhos científicos (podendo ser um dos instrumentos
avaliativos dos alunos), inclusive desenvolver projetos de pesquisas
sobre o contexto local, pari
passu com
o andamento da assistência à comunidade.
No
6º, 7º e 8º períodos os alunos se envolvem nos estágios
obrigatórios, conforme os dispositivos legais, podendo em certos
casos dar continuidade às ações de saúde na comunidade, o que se
consegue usando o Instrumento da OMS/OPAS: Reabilitação Baseada na
Comunidade-RBC (este permite inclusive buscar parcerias de empresas
dentro dos interesses de Responsabilidade Social)
Prof.
Felismar Manoel
Capivari
- setembro de 2013