quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Fisioterapia na Comunidade

(Saúde Coletiva)
Prof. Dr. Felismar Manoel (1)



A Fisioterapia na comunidade trabalha de modo integrado com a equipe de saúde, interprofissionalmente, a SAÚDE FUNCIONAL, e dentro desta, é seu foco específico a SAÚDE CINÉTICA FUNCIONAL.

As Unidades Básicas de Saúde - UBS, tem como foco central as Estratégias de Saúde da Família - ESF, para conhecer a realidade onde vivem as populações, e poder identificar para intervir nos diversos fatores que interferem no processo saúde-doença na própria comunidade.

As ações de Vigilâncias na Saúde Cinética Funcional, e principalmente na Vigilância do Desenvolvimento Infantil (aspectos psico-neuro-mio-cinéticos), depende do olhar do fisioterapeuta no cenário onde a população está, onde ela vive e passa a maior parte do tempo, para identificar os múltiplos fatores que contribuem para o desenvolvimento, bem como os que constituem agravos ao desempenho da normalidade cinética funcional.

Existem etapas críticas do desenvolvimento infantil, que requerem um ambiente rico em fontes de estímulos para a criança; O fisioterapeuta é empoderado a nível de conhecimentos teóricos e práticos para oferecer assistência à Saúde Cinética Funcional, desde a fase materno-infantil até à fase do envelhecimento; por outro lado, é o fisioterapeuta o profissional que assume a responsabilidade social pela assistência terapêutica à saúde cinética funcional, dentro do esquema de organização de saúde do SUS.

O fisioterapeuta assiste na plenitude de sua senhoridade científica, a saúde cinética funcional, desde a porta de entrada, conhecendo a realidade de vida da pessoa, da família e da comunidade, além de fazer parte das equipes dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família - NASF 1 e 2 e nas terapias de apoio aos distúrbios de saúde mental no NASF 3 integrados aos CAPS e CAPSI, neste sentido é extremamente importante que o fisioterapeuta tenha também formação específica.

O fundamental nas UBS é a Atenção Primária, oferecendo resolutividade também na Atenção Secundária e Terciária, quando possível a nível local, e quando não for possível, através do sistema de Referência e Contra-Referência.

Todas as abordagens clínicas da fisioterapia são necessárias nos cenários de saúde comunitária, mas principalmente as disciplinas de Fisioterapia na Comunidade, Fisioterapia Psicomotora Clínica e Fisioterapia na Saúde Mental, oferecem embasamento para a assistência às populações de modo geral.


Atenção à Saúde da População


Existem diversos níveis de atenção e de intervenção à saúde, conforme abaixo:

Níveis
Atenção à Saúde Cinética Funcional
Intervenção Fisioterapêutica
A. Primária
* Ações que promovem a saúde
* Ações que protegem a saúde
* Ações que previnem disfunções cinéticas especificamente
A. Secundária
* Fazer o diagnóstico precocemente
* Fazer o tratamento precocemente
* Fazer a prevenção de agravos e sequelas cinéticas funcionais
A. Terciária
* Fazer recuperação cinética funcional
* Dar assistência custodial para as disfunções cinéticas crônicas e progressivas


Diagnóstico Fisioterapêutico e Código Internacional de Funcionalidades e Saúde - CIF


De modo semelhante ao Código Internacional de Doenças - CID, usado na classificação das diferentes doenças, existe também o Código Internacional de Funcionalidades - CIF para classificar as diferentes e diversificadas funcionalidades do ser humano. Os profissionais de saúde necessitam adquirir domínio no uso deste instrumento internacional classificatório, especialmente o fisioterapeuta, uma vez que o diagnóstico fisioterapêutico é um diagnóstico cinético funcional. Normalmente a classificação do CIF se ajusta com a classificação do CID, posto que as entidades nosológicas são produtoras de disfunções cinéticas conhecidas e próprias. Assim:

1 - O diagnóstico cinético funcional do fisioterapeuta para seguir a lógica do CIF, deve começar pela identificação correta da disfunção existente;
2 - deve ser identificada a(s) unidade(s) agonista(s) que sofreu(eram) dano à função, o segmento ou segmentos do corpo que são alvos da disfunção;
3 - identificar a doença, ou dano, que gerou a disfunção (posição útil para o diagnóstico diferencial);
4 - identificar a função social, ou atividade que deixou de ser efetuada pela pessoa portadora da disfunção.

O diagnóstico fisioterapêutico deve contemplar estes quatro itens para ser elaborados, requerendo treinamento do profissional para adquirir esse domínio. Na sequência do treinamento o fisioterapeuta irá defrontar com detalhamentos dos graus de disfunção, possibilitando o uso da CIF como instrumento de controle estatístico para acurácia clínica na eficácia do tratamento, possibilitando também o enriquecimento das publicações científicas.


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*(1) - Professor Mestre Adjunto I da UNIGRANRIO; Doutor em Filosofia da Religião - SETESA/Não Capes; Mestre em Ciências da Motricidade Humana - UCB/Capes; Formação em Psicanálise Clínica - SFPC; Formação em Psicomotricidade Sistêmica - CEC; Formador-Didata em Terapia Psicomotora Analítico Clínica - TEPAC do CEBRASC; Especialista em Docência Superior - IBMR; Bacharel em Fisioterapia - IBMR; Bacharel em Filosofia - SETESA; Bacharel em Teologia - SETESA; Bispo Primaz do Catolicismo Evangélico Salomonita - ICAI-TS.


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